sábado, setembro 04, 2010

Ivo Perelman Quartet em São Paulo dias 9, 10 e 11 de Setembro


Bem, desta vez eu não fazer nenhum post, apenas vou republicar o que o Fabricio Vieira escreveu em seu blog Free Form, Free Jazz:

Ignorar um quarteto excepcional: um crime (inafiançável) contra os ouvidos e a alma

Não parece que está para acontecer um dos maiores eventos jazzísticos, em um bom tempo, por essas bandas. Na próxima semana, teremos a rara e inédita oportunidade de presenciarmos, no mesmo palco, alguns dos maiores nomes da música contemporânea: Ivo Perelman, Matthew Shipp, Joe Morris e Gerald Cleaver.
Esse quarteto, recém-reunido, faz sua estreia mundial em SP: nem norte-americanos nem europeus já viram esses caras juntos. E, percorrendo sites, blogs, twitters e afins, o que parece é que nada acontece. Com solitárias exceções, como a do antenado Vagner Pitta, do Farofa Moderna, nada tem sido dito.
A recente passagem de Pharoah Sanders gerou muito alvoroço dentre os que dizem s e interessar pelas alas mais radicais, experimentais e inventivas do jazz. Mas isso não surpreende: como tanto disseram por aí, Pharoah foi um dos últimos parceiros de Coltrane (então, vamos vê-lo! Simples assim, como se esse fosse seu único e grande mérito...). E esses caras? Tocaram com quem?
Esse quarteto-fantástico fará dois shows no Sesc das proximidades (Pompéia e Osasco) e mais um no interior (Bauru). E quem tem comentado? O problema deve ser de ignorância mesmo: ignora-se quem seja Matthew Shipp ou Joe Morris: simplesmente dois dos maiores criadores de sons vivos, que deveriam estar fazendo a apresentação principal de qualquer um desses ‘festivaizinhos de jazz’ que pipocam Brasil afora, estimulados apenas porquê “é fino ouvir e falar de jazz” e não devido à relevância das criações musicais brotadas nessa seara. O mais lamentável é que verba não é problema: afinal, todo ano Diana Krall, Madeleine Peyroux e John Pizzarelli estão tocando nas redondezas _e duvido que seus cachês sejam menores que os dos protagonistas dessa gig inacreditável que teremos a oportunidade de ver... Então, tudo resume-se à ignorância de muitos de nosso produtores, inconscientes do que ocorre no mundo contemporâneo do jazz _se estiver fora do âmbito (da lista de melhores) da Down Beat então... E quando alguma abençoada alma resolve trazer o que realmente importa, poucos notam.
Não estamos aqui falando de Brotz e seu “Full Blast” ou de Mats e o “The Thing”, com seus pesos roqueiros que, fatalmente, espantam o público médio. Pensemos em Matthew Shipp e a abrangência de seu trabalho. Sempre com genialidade e gosto apurado, Shipp tem se tornado um dos nomes do jazz mais abertos a novas sonoridades: gravou com os rappers do Antipop Consortium, os campos eletrônicos do DJ Spooky e o psy-guitar de J.Spaceman (sim, Jason Pierce, do Spacemen 3). Além disso, há o seu ‘NuBop’, grupo altamente moderno e sedutor. Neste ano, por exemplo, Shipp tem conduzido uma turnê em piano solo. Quero dizer: um cara como ele poderia já ter desembarcado por aqui em diferentes contextos, protagonizando festivais diversos. E quando chega a hora de o vermos, parece que apenas mais um pianista está para tocar em mais um show semanal do Sesc...
Sobre o Ivo Perelman, já falei mais extensamente por aqui (o post de abertura desse espaço foi dedicado à obra dele). Como que o mais importante nome do sax, do jazz, do free jazz, da improvised music já nascido no país NUNCA foi convidado para tocar em um desses ‘festivaizinhos’? Ia espantar o público com sua ruidosidade? Não valia à pena correr um risco desses? Mas Arte é risco! Música é risco! Jazz é risco! Sem isso, tanto esforço criacional não faz sentido. Quem quer o mesmo, que pague (até) R$ 720 (!!) para ver o Irvin Mayfield tocar sua ‘homaggio’ a Basie e Duke: não tenho dúvidas de que irá esgotar. Afinal, se custa US$ 400 não pode ser ruim...
Para quem a ficha ainda não caiu, sobram ingressos para as apresentações de quinta (09), (10) e sábado (11), por apenas R$ 12 e R$ 16 (meia, a R$ 6 e R$ 8). Nossos ‘produtores’ deveriam ir também, sentir um pouco do que está acontecendo no jazz atual e, quem sabe, descobrirem que existem figuras como William Parker, Ken Vandermark, Susie Ibarra, Assif Tsahar, Evan Parker, Anthony Braxton, David S. Ware, Hamid Drake, Joe McPhee, Marilyn Crispell, que fazem a música permanecer viva e jamais pisaram por essas terras.


Apresentações:

09/09 | SESC Pompéia 21h;
10/09 | SESC Bauru 20h;
11/09 | SESC Osasco 20h.

R$ 12,00 (inteira);
R$ 6,00 (usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante);
R$ 3,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes).

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