Talvez esta gravação não tenha escapado das duras palavras de Leroy Jones (Amiri Baraka), como aconteceu com New Grass de Albert Ayler, pois Baraka certa vez afirmou que Shepp era uma espécie de traidor do free jazz. Para quem pensa que esse negócio de traidor do movimento era só coisa dos punks e headbangers dos anos 80, eis o ferrenho "bedel" da causa proferindo suas advertências nos conflituosos anos 60 do séc.XX.
For Losers é composto de três sessões de gravação, duas entre Agosto e Setembro de 1968 e a última em Fevereiro de 1969, sendo que Stick 'em up (com a bela voz de Leon Thomas) e Abstract tem laços com a chamada Soul music. As baladas I Got It Bad e What Would It Be Without You antecedem Un Croque Monsieur (Poem for Losers), que lembra mais seus trabalhos anteriores, como no Festival Pan-Africano na Argélia. Mas independente do que Baraka disse ou diga de Shepp, For Losers é uma gravação de qualidade e mesmo que Shepp tenha uma carreira irregular, com muitas gravações dispensáveis, já tem o merecido reconhecimento de sua valiosa contribuição para a música afro americana. Clique na imagem para acessar o arquivo.
sábado, janeiro 29, 2011
sexta-feira, janeiro 28, 2011
Skinny Puppy - Tin Omen(1989)/Worlock(1990) - singles
O Skinny Puppy nasceu em 1982 na cidade de Vancouver, no Canada por cEvin Key (Kevin Crompton) e Nivek Ogre (Kevin Ogilvie), lançando sua primeira gravação em 1984 com o k7 Back In Forth, formando um estilo que se convencionou a chamar de dark electro-pop, que conquistou um número considerável de apreciadores. O grupo também ficou conhecido pela polêmica gerada em suas temáticas, que foram muitas vezes confundidas como apologias às experiências com animais vivos, tortura e satanismo.
No final dos anos 80 o grupo contou com a participação de Al Jougensen do Ministry, que influenciou na sonoridade do Skinny Puppy, resultando em um de seus melhores trabalhos, o disco Rabies de 1989. Tin Omen e Worlock fazem parte de Rabies e aqui estão os dois singles. O nome da música Tin Omen é uma referência ao massacre de Tianmen, provincia da China em 1989 e também ao massacre em My Lai, no Vietnã em 1968 e o massacre de Kent State na universidade de Ohio em 1970. Worlock possui samplers das guitarras de Helter Skelter dos Beatles e a voz de Charles Manson cantando a mesma música. O seu video possui várias imagens de filmes de terror, como: Deep Red, Suspiria, Tenebrae, Dune, Phenomena, Opera, The Beyond, Hellraiser II, Bad Taste, Dead & Buried, Luther The Geek, Henry: Portrait of a Serial Killer, From Beyond, Death Warmed Up, Eraserhead e Altered States, como um protesto contra a Motion Picture Association of America (MPAA) que censurava estes filmes como X-rated. O R na capa do single é uma alusão à classificação da MPAA. Clique na imagens para conferir os remixes.
No final dos anos 80 o grupo contou com a participação de Al Jougensen do Ministry, que influenciou na sonoridade do Skinny Puppy, resultando em um de seus melhores trabalhos, o disco Rabies de 1989. Tin Omen e Worlock fazem parte de Rabies e aqui estão os dois singles. O nome da música Tin Omen é uma referência ao massacre de Tianmen, provincia da China em 1989 e também ao massacre em My Lai, no Vietnã em 1968 e o massacre de Kent State na universidade de Ohio em 1970. Worlock possui samplers das guitarras de Helter Skelter dos Beatles e a voz de Charles Manson cantando a mesma música. O seu video possui várias imagens de filmes de terror, como: Deep Red, Suspiria, Tenebrae, Dune, Phenomena, Opera, The Beyond, Hellraiser II, Bad Taste, Dead & Buried, Luther The Geek, Henry: Portrait of a Serial Killer, From Beyond, Death Warmed Up, Eraserhead e Altered States, como um protesto contra a Motion Picture Association of America (MPAA) que censurava estes filmes como X-rated. O R na capa do single é uma alusão à classificação da MPAA. Clique na imagens para conferir os remixes.
G.B.H. - City Baby Attacked By Rats (1982)/City Babys Revenge (1984)
Quem gosta de punk e hardcore e não gosta de G.B.H., precisa rever seus conceitos mas gosto é gosto e tudo é possível. Esta banda inglesa se formou em 1978 pelo vocalista Colin Abrahall, o guitarrista Colin "Jock" Blyth, o baixista Sean McCarthy e o Andy " Wilf" Williams, sendo pioneiros do que se chamou English Street Punk, ao lado de bandas como Discharge, Broken Bones, The Exploited e Varukers. É impossível não associar o punk a esse cenário de bandas inglesas, que também tiveram grande influência aqui no Brasil. Nos anos 80, quem não se deparou com alguém usando uma camiseta, bottom, patch do G.B.H.? Muito do que foram as bandas e o visual punk dos anos 80 no Brasil, se deve ao G.B.H. Fora a integração do punk com o heavy metal e sempre se encontravam membros de bandas como Metallica, Exodus, Slayer, etc, usando camisetas destas bandas. Aliás isso sempre foi uma coisa comum e normal, só aqui se criou um conflito entre headbangers e punks, mas isto foi um aspecto de uma tamanha estultice, que deve ser ignorado.
O nome verdadeiro desta banda é Charged G.B.H., que deriva do termo Grievous Body Harm, usado na lei criminal inglesa sobre as transgressões das sessões 18 e 20 do Artigo 1861, Contra a Ofensa Pessoal, ou seja, agressão mano!
City Baby Attacked By Rats e City Babys Revenge são clássicos do hardcore punk e lá se encontram músicas bem conhecidas, como Boston Babies e Sick Boy. Diferente da temática da maioria das bandas norte americanas, os punks europeus tratavam de assuntos de uma forma mais séria, com muito menos humor. Também naquela época ainda existiam os resquícios pós-Segunda Guerra Mundial e a possibilidade de uma Terceira Guerra polarizada entre E.U.A. e a extinta U.R.S.S., que era um assunto mais evidente das bandas da Escandinavia. Clique nas imagens para acessar os arquivos e relembrar a criatividade e qualidade desta banda, pois hoje em dia o sufixo "core" está associado à coisas tão díspares como, bem, você sabe...
O nome verdadeiro desta banda é Charged G.B.H., que deriva do termo Grievous Body Harm, usado na lei criminal inglesa sobre as transgressões das sessões 18 e 20 do Artigo 1861, Contra a Ofensa Pessoal, ou seja, agressão mano!
City Baby Attacked By Rats e City Babys Revenge são clássicos do hardcore punk e lá se encontram músicas bem conhecidas, como Boston Babies e Sick Boy. Diferente da temática da maioria das bandas norte americanas, os punks europeus tratavam de assuntos de uma forma mais séria, com muito menos humor. Também naquela época ainda existiam os resquícios pós-Segunda Guerra Mundial e a possibilidade de uma Terceira Guerra polarizada entre E.U.A. e a extinta U.R.S.S., que era um assunto mais evidente das bandas da Escandinavia. Clique nas imagens para acessar os arquivos e relembrar a criatividade e qualidade desta banda, pois hoje em dia o sufixo "core" está associado à coisas tão díspares como, bem, você sabe...
quinta-feira, janeiro 27, 2011
AALY Trio + Ken Vandermark - Stumble (1998)
Sem dúvida este é um grande encontro com os dois saxofonistas mais significativos da atualidade: Ken Vandermark, de Chicago e Mats Gustafsson da Suécia. Inclusive ambos nasceram em 1964 e compartilham de diversos projetos em comum, numa frutífera parceria que integra os cenários do free jazz e free improvisation nos EUA e Europa. Mats, assim como Ken, possui um perfil desbravador da nova geração de improvisadores do saxofone, oriundos do jazz, mas rompendo as barreiras estilísticas, avançando em territórios que vão muito além do cancioneiro tradicional popular, conhecidos como standards. Ambos trafegam com liberdade nas esferas do rock, música experimental e o jazz, obviamente. São músicos de características bem distintas entre sí, que se completam ao se associarem em diversos projetos, como o Sonore e Chicago Tentet, ao lado do veterano Peter Brötzmann. O AALY Trio com os conterrâneos Peter Janson, no baixo e Kjell Nordeson na bateria, foi digamos, como o Vandermark 5 de Ken, embora não tenha a longevidade do V5, que continua sendo uma espécie de ponto de partida e coluna para os projetos de Vandermark.
Em Stumble Vandermark contribui com duas composições e o grupo faz uma releitura de Song For Che de Charlie Haden, na Liberation Music Orchestra, gravada originalmente em 1969.
Ken Vandermark e Mats Gustafsson são nomes essenciais na música contemporânea mais ousada e se você deseja acompanhar o que há de melhor no gênero, fique atento aos trabalhos destes dois criativos músicos do cenário atual, que tem revitalizado e inovado o free jazz e free improvisation de uma maneira única e especial. Clique na imagem para acessar o arquivo.
Para saber mais:
http://matsgus.com/
http://www.kenvandermark.com/
Em Stumble Vandermark contribui com duas composições e o grupo faz uma releitura de Song For Che de Charlie Haden, na Liberation Music Orchestra, gravada originalmente em 1969.
Ken Vandermark e Mats Gustafsson são nomes essenciais na música contemporânea mais ousada e se você deseja acompanhar o que há de melhor no gênero, fique atento aos trabalhos destes dois criativos músicos do cenário atual, que tem revitalizado e inovado o free jazz e free improvisation de uma maneira única e especial. Clique na imagem para acessar o arquivo.
Para saber mais:
http://matsgus.com/
http://www.kenvandermark.com/
Adrenalin O.D. - Humungousfungusamongus (1986)
Um clássico do hardcore norte americano, Humungousfungusamongus de 1986, é um dos inúmeros discos representativos no cenário da época. Formado em 1981 por membros do grupo de punk rock dos anos 70, The East Paterson Boys Choir, o Adrenalin O.D. gravou pela primeira vez na histórica compilação em k7 New York Thrash pela mítica ROIR, ao lado de nomes como Beastie Boys e Bad Brains.
A.O.D. tem como característica o rítmo acelerado e músicas de curta duração do hardcore e sua temática voltada para o humor ácido, que era comum em muitas bandas norte americanas da costa oeste do país, contrastando com as letras de cunho mais político e mais sério da maioria das bandas da costa leste do país e da Europa. Este tipo de humor pode ser comparado com as publicações Mad e National Lampoon, filmes como Porky's, National Lampoon's Animal House, etc. Com um nome tão sugestivo como Adrenalin O.D., o grupo se tornou também uma trilha sonora constante nas skate sessions, e claro, pelo seu som que compartilha da velocidade e manobras do carrinho. Clique na imagem para acessar o arquivo e go for it!
A.O.D. tem como característica o rítmo acelerado e músicas de curta duração do hardcore e sua temática voltada para o humor ácido, que era comum em muitas bandas norte americanas da costa oeste do país, contrastando com as letras de cunho mais político e mais sério da maioria das bandas da costa leste do país e da Europa. Este tipo de humor pode ser comparado com as publicações Mad e National Lampoon, filmes como Porky's, National Lampoon's Animal House, etc. Com um nome tão sugestivo como Adrenalin O.D., o grupo se tornou também uma trilha sonora constante nas skate sessions, e claro, pelo seu som que compartilha da velocidade e manobras do carrinho. Clique na imagem para acessar o arquivo e go for it!
Marcadores:
Adrenalin O.D.,
downloads,
hardcore,
mp3,
música,
punk rock,
skate rock
Booker Little - Booker Little and Friend (1961)
Booker Little Jr, nasceu em Memphis, Tennessee em 02/04/1938, decidindo pelo trompete aos 14 anos de idade. Em 1954, tocou com Johnny Griffin, estudou no Chicago Conservatory e dividiu um quarto com Sonny Rollins na YMCA. Sonny Rollins apresentou Booker a Max Roach e Clifford Brown. Após a morte de Clifford, voltaram a se encontrar e na época Max estava em parceria com Kenny Dorham por um curto período e em 1958, Booker faz a sua primeira gravação.
Sua história na música foi muito breve, devido à sua morte precoce, aos 23 anos, em 05/10/1961. Booker figura entre os grandes jovens talentos do seu instrumento, assim como Clifford Brown e Lee Morgan. Mas como quantidade não é qualidade, confira seus registros nestas gravações que são essenciais na história do jazz:
Como líder:
-Booker Little 4 + Max Roach (1958);
-Booker Little Quartet (1960);
-Out Front (1961);
-Booker Little and Friend (Victory and Sorrow) (1961);
Com Max Roach:
-Deeds, Not Words (1958);
-Max Roach Plus Four on the Chicago Scene (1958);
-We Insist! – Freedom Now (1960);
-Percussion Bitter Sweet (1961);
Com Eric Dolphy:
-Far Cry (1960);
-At the Five Spot (1961);
Com John Coltrane:
-Africa/Brass (1960);
Com Abbey Lincoln:
-Straight Ahead (1961).
Booker Little and Friend foi sua última gravação, pouco antes de seu falecimento, posteriormente relançado como Victory and Sorrow. Clique na imagem para acessar o arquivo.
Marcadores:
Booker Little,
downloads,
hard bop,
Jazz,
mp3,
música,
trompetistas
quarta-feira, janeiro 26, 2011
Melvins - Ozma (1989)
O trio Melvins contava com Buzz Osborne, nos vocais e guitarra, Dale Crover, na bateria e vocais de apoio e Lori "Lorax" Black no baixo, na gravação do lp Ozma de 1989. Lori é filha da famosa atriz infantil Shirley Temple, mas não permaneceu por muito tempo no trio. A formação original de 1983 era composta por Mike Millard na bateria e Matt Lukin no baixo, em Montesano, Washington. Lukin logo depois faria parte do Mudhoney. O Melvins começou tocando covers do Cream e Jimi Hendrix, passando pelo estilo hardcore punk e sofreu grande influência do Black Flag que mudou o estilo para um andamento mais lento, nitidamente influenciado pelo Black Sabbath. Outras influências importantes para o Melvins foram o Flipper e Swans.
Certamente o Nirvana foi o que foi devido ao Melvins e isso é muito claro em Bleach. Kurt Cobain se inspirou muito no trio de seu colega de escola para forjar o som do Nirvana. O Melvins também é proclamado como pai do stoner rock e se caracteriza pelo seu som pesado e arrastado, ou melhor, letárgico. Quando eu comprava discos pelo correio, sempre ficava curioso em relação ao Melvins, no catálogo da Boner Records, em que predominavam bandas hardcore punk. resolvi encomendar o album que acabara de ser lançado, o Bullhead, posterior ao Ozma e foi uma grata surpresa, confirmando as minhas expectativas em relação ao curto release do selo independente. Sem muito a dizer, o Melvins é um dos grupos de rock mais pesados de todos os tempos. Clique na imagem e acesse o arquivo.
Certamente o Nirvana foi o que foi devido ao Melvins e isso é muito claro em Bleach. Kurt Cobain se inspirou muito no trio de seu colega de escola para forjar o som do Nirvana. O Melvins também é proclamado como pai do stoner rock e se caracteriza pelo seu som pesado e arrastado, ou melhor, letárgico. Quando eu comprava discos pelo correio, sempre ficava curioso em relação ao Melvins, no catálogo da Boner Records, em que predominavam bandas hardcore punk. resolvi encomendar o album que acabara de ser lançado, o Bullhead, posterior ao Ozma e foi uma grata surpresa, confirmando as minhas expectativas em relação ao curto release do selo independente. Sem muito a dizer, o Melvins é um dos grupos de rock mais pesados de todos os tempos. Clique na imagem e acesse o arquivo.
Marcadores:
Boner Records,
downloads,
grunge,
Melvins,
mp3,
música,
punk rock,
Rock,
stoner rock
terça-feira, janeiro 25, 2011
Free Jazz Drummers
Com a renovação do público apreciador do chamado free jazz, da improvisação livre, notei que um nome figura unanime nos núcleos de conversas: Han Bennink. Por sua intensa atividade e criatividade, nada mais natural seu nome estar em evidência, principalmente entre o público mais jovem, que foi cativado não só pela sua musicalidade e técnica apurada, mas também pelo humor e irreverência em suas performances e sua personalidade. Han foi e é um dos núcleos percussivos da improvisação livre na Europa, mas jamais se deve esquecer de nomes fundamentais, como John Stevens e Paul Lovens, por exemplo, pois mr. Bennink não fez tudo sozinho.
Mas este post tem um cunho particular de quem vos escreve, ou seja, vou discorrer sobre os meus percussionistas preferidos neste campo de música mais ousada: Sunny Murray e Milford Graves.
Meus fundamentos de baterista englobam grandes nomes do jazz, como Buddy Rich, Art Blakey, etc, mas os que fizeram a diferença para mim, são Max Roach e Billy Higgins. E dentro do rock, o que mais me inspirou a tocar bateria: Mitch Mitchell, do Experience. Claro que vários nomes figuram, como Elvin Jones, Kenny Clarke, mas Max e Billy são os que estão mais vinculados a mim, como influência musical.
Sunny e Milford foram os que me impactaram por desmantelarem os rudimentos do jazz na bateria em um cenário extremamente amplo, mas com os elementos tradicionais expostos nitidamente, mesmo que num quadro radicalmente abstrato. As marching bands, New Orleans, etc, estão nítidos no som de Murray, enquanto todos os padrões e sessão rítmica cubana estão em Graves e consequentemente, as origens ancestrais africanas em ambos.
Murray ampliou sua pesquisa na vanguarda, no experimentalismo, nas novas técnicas, teorias e conceitos da música contemporânea e Graves ampliou para o lado ritualístico, das origens funcionais da música e o ser humano. Digamos que Sunny e Milford foram para mim, a segunda onda de impacto.
Mas porquê a foto do Han Bennink e mencioná-lo? Sinceramente, ele só foi introduzido para ilustrar o panorama percussivo da música livre e servir de contraponto sobre o assunto. Antes que surja alguma margem de equívoco, já está registrado o reconhecimento de sua importância para a música universal, mas para mim em particular, não é dos meus bateristas preferidos e não teve influência impactante. É uma mera questão de gosto musical, como existem tantos nomes que são tidos como "sagrados" e "intocáveis" para muitos bateristas brasileiros, como Jack DeJohnette, Tony Williams e Art Blakey.
Já escutei barbaridades sobre Murray e Graves por aí, que nem vale um parágrafo relatar. Mas vai se falar das limitações de um Edison Machado se não te mandam para a inquisição...
Mas toda esta polêmica é um tremendo enfado sem fim. O que vale mesmo é sempre lembrar dos desbravadores Sunny Murray e Milford Graves, que merecem mais reconhecimento.
Sunny desenvolveu uma técnica estudando junto com Cecil Taylor, no campo físico das notas musicais, das vibrações percussivas, da composição e o modo como ele conseguiu fragmentar os padrões do jazz na bateria é de uma riqueza e sofisticação única. Para quem pensa que o baterista de free jazz só bate à esmo sua bateria, sem a menor conexão, é porquê não está ouvindo atentamente o que é feito. É tudo extremamente bem integrado. Muitos falam de Rashied Ali, por sua associação com John Coltrane mas Rashied é o que é por conta de Sunny Murray.
Milford Graves veio de um lugar diferente, como eu já escreví aqui antes, da música cubana, das congas, dos timbales, dos tambores africanos, sinos e pratos do Oriente. Ele mesmo não se interessava pela bateria no jazz até acontecer a libertação do jazz. Graves me mostrou a integração mais nítida de algo que foi separado indevidamente, a percussão e a bateria. Deve-se lembrar que a bateria é um conjunto de instrumentos de percussão agrupados num "kit". A bateria tem essa ambiguidade de ser tal conjunto, como um também um único instrumento. Mas nem todo baterista é um percussionista em seu significado mais amplo e vice-versa. E Graves é um grande exemplo de possuir tudo isso dentro de uma unidade, aliado a liberdade extrema na música, bem diferente do caso de um Airto Moreira, por exemplo, que não tem esta característica de fundir estes elementos quando está num kit de bateria. Airto quando toca bateria é uma coisa e quando toca os outros instrumentos de percussão, é outra.
Sunny e Milford são as colunas principais dos fundamentos da libertação da bateria, que foi proclamada por Kenny Clarke e Max Roach anteriormente.
Mas este post tem um cunho particular de quem vos escreve, ou seja, vou discorrer sobre os meus percussionistas preferidos neste campo de música mais ousada: Sunny Murray e Milford Graves.
Meus fundamentos de baterista englobam grandes nomes do jazz, como Buddy Rich, Art Blakey, etc, mas os que fizeram a diferença para mim, são Max Roach e Billy Higgins. E dentro do rock, o que mais me inspirou a tocar bateria: Mitch Mitchell, do Experience. Claro que vários nomes figuram, como Elvin Jones, Kenny Clarke, mas Max e Billy são os que estão mais vinculados a mim, como influência musical.
Sunny e Milford foram os que me impactaram por desmantelarem os rudimentos do jazz na bateria em um cenário extremamente amplo, mas com os elementos tradicionais expostos nitidamente, mesmo que num quadro radicalmente abstrato. As marching bands, New Orleans, etc, estão nítidos no som de Murray, enquanto todos os padrões e sessão rítmica cubana estão em Graves e consequentemente, as origens ancestrais africanas em ambos.
Murray ampliou sua pesquisa na vanguarda, no experimentalismo, nas novas técnicas, teorias e conceitos da música contemporânea e Graves ampliou para o lado ritualístico, das origens funcionais da música e o ser humano. Digamos que Sunny e Milford foram para mim, a segunda onda de impacto.
Mas porquê a foto do Han Bennink e mencioná-lo? Sinceramente, ele só foi introduzido para ilustrar o panorama percussivo da música livre e servir de contraponto sobre o assunto. Antes que surja alguma margem de equívoco, já está registrado o reconhecimento de sua importância para a música universal, mas para mim em particular, não é dos meus bateristas preferidos e não teve influência impactante. É uma mera questão de gosto musical, como existem tantos nomes que são tidos como "sagrados" e "intocáveis" para muitos bateristas brasileiros, como Jack DeJohnette, Tony Williams e Art Blakey.
Já escutei barbaridades sobre Murray e Graves por aí, que nem vale um parágrafo relatar. Mas vai se falar das limitações de um Edison Machado se não te mandam para a inquisição...
Mas toda esta polêmica é um tremendo enfado sem fim. O que vale mesmo é sempre lembrar dos desbravadores Sunny Murray e Milford Graves, que merecem mais reconhecimento.
Sunny desenvolveu uma técnica estudando junto com Cecil Taylor, no campo físico das notas musicais, das vibrações percussivas, da composição e o modo como ele conseguiu fragmentar os padrões do jazz na bateria é de uma riqueza e sofisticação única. Para quem pensa que o baterista de free jazz só bate à esmo sua bateria, sem a menor conexão, é porquê não está ouvindo atentamente o que é feito. É tudo extremamente bem integrado. Muitos falam de Rashied Ali, por sua associação com John Coltrane mas Rashied é o que é por conta de Sunny Murray.
Milford Graves veio de um lugar diferente, como eu já escreví aqui antes, da música cubana, das congas, dos timbales, dos tambores africanos, sinos e pratos do Oriente. Ele mesmo não se interessava pela bateria no jazz até acontecer a libertação do jazz. Graves me mostrou a integração mais nítida de algo que foi separado indevidamente, a percussão e a bateria. Deve-se lembrar que a bateria é um conjunto de instrumentos de percussão agrupados num "kit". A bateria tem essa ambiguidade de ser tal conjunto, como um também um único instrumento. Mas nem todo baterista é um percussionista em seu significado mais amplo e vice-versa. E Graves é um grande exemplo de possuir tudo isso dentro de uma unidade, aliado a liberdade extrema na música, bem diferente do caso de um Airto Moreira, por exemplo, que não tem esta característica de fundir estes elementos quando está num kit de bateria. Airto quando toca bateria é uma coisa e quando toca os outros instrumentos de percussão, é outra.
Sunny e Milford são as colunas principais dos fundamentos da libertação da bateria, que foi proclamada por Kenny Clarke e Max Roach anteriormente.
Marcadores:
arte,
bateristas,
Free Improvisation,
Free Jazz/ Avant-Garde,
Han Bennink,
Jazz,
Milford Graves,
música,
opinião,
percussionistas,
Sunny Murray
sexta-feira, janeiro 21, 2011
Tainted love - Gloria Jones, Soft Cell & Shades Apart
Tainted love foi composta por Ed Cobb do The Four Preps e gravada em 1964 por Gloria Jones. Mas só em 1981, se tornou um sucesso na regravação do Soft Cell de Marc Almond e David Ball, inspirando muitas versões, como as de Marilyn Manson, Inspiral Carpets e Shades Apart, que é uma das minhas versões preferidas e seu videoclip é muito legal. Ed Cobb e o The Four Preps pode continuar a ser um nome desconhecido, mas Tainted love é uma bela composição e devidamente reconhecida.
Marcadores:
Gloria Jones,
Marc Almond,
música,
pop,
punk rock,
Rock,
Shades Apart,
Soft Cell,
Tainted love,
videoclip
domingo, janeiro 16, 2011
Cine Belas Artes (1952 - 2011), descanse em paz...
Enquanto as mídias de maior audiência falam da tragédia das enchentes, outro assunto que tem ganho terreno e destaque para os paulistanos, é o fechamento do cinema Belas Artes. É um fato lamentável para a cultura de um país, mas as grandes salas de cinema nos shopping centers, aparentemente seguem bem, e até com aprimoramentos tecnológicos, como sessões em 3D, além dos serviços, como poltronas mais confortáveis, etc. Só que estes cinemas de shopping exibem o terror dos cinéfilos, os chamados blockbusters, títulos feitos pela indústria cinematrográfica para ser apenas um entretenimento, uma distração, sem a preocupação de contribuir com o que se convencionou a chamar de arte. O cinema também é chamado de sétima arte.
E o cinema Belas Artes sempre foi referência do cinema como arte, evitando ao extremo, os títulos descartáveis dos grandes circuitos de salas de projeção, resistindo com dificuldade aos novos tempos, em que, se a cultura não é um ítem supérfluo para a maioria da população, tem o significado diferente. Aí entra aquele antigo problema de educação no país, falta de discernimento, preparo e tantos outros, que não quero desenvolver aqui neste post.
Agora tratam o proprietário do imóvel em que se encontra o Belas Artes, como um criminoso, pois ele quer obter um retorno maior de investimento financeiro no seu bem material, que se encontra em um dos locais mais valorizados no ramo imobiliário. Que fique claro que eu não me alegro com a idéia de haver uma loja no lugar de um cinema que é uma das raras alternativas à mesmice dos anestésicos audiovisuais que abundam na cidade. Mas compreendo o pensamento do proprietário do terreno, ele não tem nenhuma obrigação de manter um investimento que não satisfaz suas expectativas.
Mas também existe a culpa da população que abandonou as salas de cinema, pela comodidade que surgiu com a fita VHS, depois os DVD's e Blue Ray's, alugados ou comprados, os home theaters, televisores de grandes polegadas e até projetores digitais. As pessoas, principalmente um certo setor da sociedade, também ficou com medo e preguiça de sair de casa para os cinemas. Como tem gente que não gosta de gente! Ah não ser é claro, se for "gente bonita"...
Será que o cine Marabá aguenta? Pois está localizado no centrão da cidade, a não ser que permaneça até a tão sonhada re-urbanização do centro, que almeja ter boulevards, como nas capitais européias, mas tem que sumir com a "gente feia" dalí... Tá bom...
Enquanto isso, o Marabá tem que se virar, passando alguma bobagem de cartoon 3D ou filme com artísta de novela global, para pagar as contas. Quem vai querer assistir O Sétimo Selo ou algum filme do Dogma num sabadão à tarde no centrão, com rapa, dvd do tapa olho a 5 mango, dorme-sujos, 2 cines pornozão em frente, algum nóia, invasões dos Sem-Teto, etc? Só us guerrêro, meu caro...
E o cinema Belas Artes sempre foi referência do cinema como arte, evitando ao extremo, os títulos descartáveis dos grandes circuitos de salas de projeção, resistindo com dificuldade aos novos tempos, em que, se a cultura não é um ítem supérfluo para a maioria da população, tem o significado diferente. Aí entra aquele antigo problema de educação no país, falta de discernimento, preparo e tantos outros, que não quero desenvolver aqui neste post.
Agora tratam o proprietário do imóvel em que se encontra o Belas Artes, como um criminoso, pois ele quer obter um retorno maior de investimento financeiro no seu bem material, que se encontra em um dos locais mais valorizados no ramo imobiliário. Que fique claro que eu não me alegro com a idéia de haver uma loja no lugar de um cinema que é uma das raras alternativas à mesmice dos anestésicos audiovisuais que abundam na cidade. Mas compreendo o pensamento do proprietário do terreno, ele não tem nenhuma obrigação de manter um investimento que não satisfaz suas expectativas.
Mas também existe a culpa da população que abandonou as salas de cinema, pela comodidade que surgiu com a fita VHS, depois os DVD's e Blue Ray's, alugados ou comprados, os home theaters, televisores de grandes polegadas e até projetores digitais. As pessoas, principalmente um certo setor da sociedade, também ficou com medo e preguiça de sair de casa para os cinemas. Como tem gente que não gosta de gente! Ah não ser é claro, se for "gente bonita"...
Será que o cine Marabá aguenta? Pois está localizado no centrão da cidade, a não ser que permaneça até a tão sonhada re-urbanização do centro, que almeja ter boulevards, como nas capitais européias, mas tem que sumir com a "gente feia" dalí... Tá bom...
Enquanto isso, o Marabá tem que se virar, passando alguma bobagem de cartoon 3D ou filme com artísta de novela global, para pagar as contas. Quem vai querer assistir O Sétimo Selo ou algum filme do Dogma num sabadão à tarde no centrão, com rapa, dvd do tapa olho a 5 mango, dorme-sujos, 2 cines pornozão em frente, algum nóia, invasões dos Sem-Teto, etc? Só us guerrêro, meu caro...
Marcadores:
arte,
Belas Artes,
cidadania,
Cine Belas Artes,
cinema,
cultura,
opinião,
política cultural,
sociedade
sábado, janeiro 15, 2011
Duo Han Bennink & Antonio "Panda" Gianfratti
Duo Han Bennink & Antonio "Panda" Gianfratti, ZAAL 100 - Amsterdam 04/02/2009
terça-feira, janeiro 11, 2011
In Yo' Face!: The Roots of Funk, Vol. 1/2 (1994)
Em plenos anos 90, ninguém queria saber de funk, era considerado uma coisa cafona e haviam centenas de lp's do gênero em sebos na cidade de São Paulo. Você podia encontrar um Maggot Brain do Funkadelic, Mothership Connection do Parliament por até R$1,00. Só alguns títulos tinham algum valor no comércio dos "baileiros", os dj's (nesta época ninguém queria ser dj) que davam uma trampa nos "bailes nostalgia", que rolavam pela cidade. Eu mesmo fiz minha coleção nesta época, sem gastar uma fortuna, como se viu por aí, pessoas pagando na média de R$50,00 por um disco.
Graças a uma reportagem que foi publicada num jornal sobre o lançamento do box, se não me engano de 5 cd's, In Yo' Face!, que dava um panorama geral do funk, este tipo de música foi introduzido em outras parcelas da população paulistana. Digamos que não era nada comum "gente branca" procurar por um disco de James Brown ou Sly Stone nessa época. Me lembro quando eu ia em algumas pequenas lojas de discos usados no centro, procurar coisas como Jimmy Castor Bunch e os proprietários, que na maioria discotecavam nesses bailes, como o Chic Show ou Black Mad, se surpreendiam comigo. "Mano, você curte esse som?!" Hoje em dia, é fácil você dançar na pista um Mandrill, num reduto do rock alternativo. Mas também você não encontra mais um disco do James Brown por menos de R$10,00 como antes, fora essa moda do vinil que rola nos guetos culturais da cidade.
Mas o In Yo' Face! foi de muita utilidade para mim e muitos por aí que curtem o funk dos anos 70 e o vol.1/2 eu particularmente acho que é o melhor de todos, pois mostra a transição da soul music e rhythm'n'blus na formação do funk. Lá estão clássicos como Tramp, de Lowell Fulson, Cissy Strut do The Meters, Soul Dance #3 de Wilson Pickett, etc, com aquela sonoridade robusta da época, que depois o funk perdeu no decorrer da década de 70, desbocando na disco music. In Yo' Face! é sem dúvida uma compilação bem feita e coerente, que vale a pena ouvir como material de pesquisa e referência. Clique na imagem para acessar o arquivo.
Graças a uma reportagem que foi publicada num jornal sobre o lançamento do box, se não me engano de 5 cd's, In Yo' Face!, que dava um panorama geral do funk, este tipo de música foi introduzido em outras parcelas da população paulistana. Digamos que não era nada comum "gente branca" procurar por um disco de James Brown ou Sly Stone nessa época. Me lembro quando eu ia em algumas pequenas lojas de discos usados no centro, procurar coisas como Jimmy Castor Bunch e os proprietários, que na maioria discotecavam nesses bailes, como o Chic Show ou Black Mad, se surpreendiam comigo. "Mano, você curte esse som?!" Hoje em dia, é fácil você dançar na pista um Mandrill, num reduto do rock alternativo. Mas também você não encontra mais um disco do James Brown por menos de R$10,00 como antes, fora essa moda do vinil que rola nos guetos culturais da cidade.
Mas o In Yo' Face! foi de muita utilidade para mim e muitos por aí que curtem o funk dos anos 70 e o vol.1/2 eu particularmente acho que é o melhor de todos, pois mostra a transição da soul music e rhythm'n'blus na formação do funk. Lá estão clássicos como Tramp, de Lowell Fulson, Cissy Strut do The Meters, Soul Dance #3 de Wilson Pickett, etc, com aquela sonoridade robusta da época, que depois o funk perdeu no decorrer da década de 70, desbocando na disco music. In Yo' Face! é sem dúvida uma compilação bem feita e coerente, que vale a pena ouvir como material de pesquisa e referência. Clique na imagem para acessar o arquivo.
Marcadores:
arte,
coletâneas,
downloads,
Funk,
In Yo' Face,
mp3,
música,
rhythm'n'blues,
soul
segunda-feira, janeiro 10, 2011
Peter Brötzmann Trio - For Adolphe Sax (1967)
Peter Brötzmann é um dos músicos mais atuantes do cenário mundial da improvisação e do free jazz, embora aqui no Brasil só se falou dele por ter se apresentado no Sesc com seu projeto Full Blast. Isto é um típico sintoma do circuito musical brasileiro, onde as pessoas não se interessam em pesquisar o abundante material disponível na net até se tornar uma "sensação", mesmo que restrita e momentânea. É a mesma situação do Ornette, Ken Vandermnark que estiveram por aqui a pouco tempo, logo ninguém mais comenta e tornam suas atenções para outra atração internacional, outro entretenimento, outro evento social. E no caso de Brö, é bem compreensível, pois sua arte é para poucos pelo seu teor radical e agressivo, como muitos na realidade consideram uma barulheira insuportável. Em termos, isso até é verdade, pois o Full Blast e o projeto anterior, o Last Exit, tem este cunho de produzir uma massa sonora que transgride o convencional, rompendo violentamente os conceitos conservadores e pré-estabelecidos de mercado, produzindo a mesma sensação de muitas obras de artes plásticas contemporâneas, em que o desavisado e desprovido de um mínimo de discernimento de arte, se sente ofendido ao se deparar com um objeto ou imagem que não se assemelha à uma escultura de Rodin ou pintura de Velasquez e sim, um amontoado de lixo ou borrão de cores disforme.
O título For Adolphe Sax é uma homenagem à Antoine-Joseph "Adolphe" Sax (06/09/1814-04/02/1894), flautista e clarinetista belga e também luthier, inventor do saxofone. Uma justa homengem ao criador do veículo de expressão artística que Brötzmann mais utiliza. O trio é composto pelo contrabaixista Peter Kowald e o percussionista Sven-ake Johansson, que foram essenciais para a formação do free jazz e free improvisation na Europa nos anos 60, ou a primeira geração deste tipo de música. A última peça, gravada em data posterior, contou com a participação do pianista Fred Van Hove. For Adolphe Sax é uma espécie de síntese resumida e introdutória da linguagem que Peter Brötzmann desenvolveria nos anos seguintes. Assim como sua arte, Brö desperta duas sensações distintas no ouvinte: ou se aprecia muito ou se abomina com convicção. Clique na imagem para acessar o arquivo e tire suas próprias conclusões, se ainda não teve contato com a música de Peter Brötzmann.
O título For Adolphe Sax é uma homenagem à Antoine-Joseph "Adolphe" Sax (06/09/1814-04/02/1894), flautista e clarinetista belga e também luthier, inventor do saxofone. Uma justa homengem ao criador do veículo de expressão artística que Brötzmann mais utiliza. O trio é composto pelo contrabaixista Peter Kowald e o percussionista Sven-ake Johansson, que foram essenciais para a formação do free jazz e free improvisation na Europa nos anos 60, ou a primeira geração deste tipo de música. A última peça, gravada em data posterior, contou com a participação do pianista Fred Van Hove. For Adolphe Sax é uma espécie de síntese resumida e introdutória da linguagem que Peter Brötzmann desenvolveria nos anos seguintes. Assim como sua arte, Brö desperta duas sensações distintas no ouvinte: ou se aprecia muito ou se abomina com convicção. Clique na imagem para acessar o arquivo e tire suas próprias conclusões, se ainda não teve contato com a música de Peter Brötzmann.
Marcadores:
arte,
downloads,
Fred Van Hove,
Free Improvisation,
Free Jazz,
free music,
mp3,
música,
Peter Brötzmann,
Peter Kowald,
saxofonistas,
Sven-ake Johansson
sexta-feira, janeiro 07, 2011
Max Roach Quartet - Live In Amsterdam (1977)
É sempre um grande prazer falar deste grande músico, o qual me fundamentou no meu instrumento musical, a bateria. A história e importância de Max Roach na música e na bateria está muito bem documentada, dispensando novas dissertações.
Live In Amsterdam foi gravado em 17/09/1977 com o tipo de formação que Max manteve até o final de sua carreira: um saxofonista, um trompetista e um baixista, ou seja, um quarteto com sonoridade bem compacta e robusta, mas jamais carente de criatividade e abundância sonora. Alguns críticos musicais ainda perdem tempo com a bobagem de dizer que usar um quarteto no jazz com a ausência de um piano é algo ousado, pois isso talvez tivesse algum sentido à 70 anos atrás, sem exagero. Desta configuração, o trompetista Cecil Bridgewater permaneceu até o fim, tanto que ele esteve presente no Brasil em 2000, ao lado do sax tenor de Odean Pope e o baixo de Tyrone Brown. Nesta gravação em Bimhuis, conta com uma importante associação entre Max e Billy Harper, brilhante saxofonista e compositor. Inclusive um clássico lhe pertence a autoria que é a peça Capra Black. Outro ilustre artísta é o contrabaixista Reggie Workman, com seu currículo kilométrico no meio do jazz, muito conhecido (me cansa dizer isso) por tocar no quarteto de John Coltrane. Workman continua em plena atividade, se associando aos improvisadores e o cenário mais livre de New York, ao lado de William Parker, etc e ter participado da reunião do New York Art Quartet de Roswell Rudd. Live In Amsterdam é uma torrente sonora com duas longas peças, dando amplo espaço para cada músico expor suas idéias e It's Time, uma das mais clássicas e conhecidas composições de Max Roach, é uma delas. O som de Max Roach e sua bateria se tornaram emblemáticos no atravessar das décadas, desde os tempos de sua parceria com Charlie Parker e Dizzy Gillespie, mas sempre se manteve contemporâneo, jamais cristalizando sua arte ou a tornando datada. Basta conferir isso clicar na imagem, acessar o arquivo e comprovar com os ouvidos, o que estou vos escrevendo aqui neste simples espaço virtual.
Live In Amsterdam foi gravado em 17/09/1977 com o tipo de formação que Max manteve até o final de sua carreira: um saxofonista, um trompetista e um baixista, ou seja, um quarteto com sonoridade bem compacta e robusta, mas jamais carente de criatividade e abundância sonora. Alguns críticos musicais ainda perdem tempo com a bobagem de dizer que usar um quarteto no jazz com a ausência de um piano é algo ousado, pois isso talvez tivesse algum sentido à 70 anos atrás, sem exagero. Desta configuração, o trompetista Cecil Bridgewater permaneceu até o fim, tanto que ele esteve presente no Brasil em 2000, ao lado do sax tenor de Odean Pope e o baixo de Tyrone Brown. Nesta gravação em Bimhuis, conta com uma importante associação entre Max e Billy Harper, brilhante saxofonista e compositor. Inclusive um clássico lhe pertence a autoria que é a peça Capra Black. Outro ilustre artísta é o contrabaixista Reggie Workman, com seu currículo kilométrico no meio do jazz, muito conhecido (me cansa dizer isso) por tocar no quarteto de John Coltrane. Workman continua em plena atividade, se associando aos improvisadores e o cenário mais livre de New York, ao lado de William Parker, etc e ter participado da reunião do New York Art Quartet de Roswell Rudd. Live In Amsterdam é uma torrente sonora com duas longas peças, dando amplo espaço para cada músico expor suas idéias e It's Time, uma das mais clássicas e conhecidas composições de Max Roach, é uma delas. O som de Max Roach e sua bateria se tornaram emblemáticos no atravessar das décadas, desde os tempos de sua parceria com Charlie Parker e Dizzy Gillespie, mas sempre se manteve contemporâneo, jamais cristalizando sua arte ou a tornando datada. Basta conferir isso clicar na imagem, acessar o arquivo e comprovar com os ouvidos, o que estou vos escrevendo aqui neste simples espaço virtual.
Marcadores:
arte,
bateristas,
Billy Harper,
Cecil Bridgewater,
downloads,
Jazz,
Max Roach,
mp3,
música,
Reggie Workman
Vernon Reid - Mistaken Identity (1996)
Me lembro dos anos 90, quando surgiu um terrível rótulo musical chamado acid jazz. Foi mais um momento deprimente da música, pois este rótulo veio acompanhado de um estilo que incluia até estilo de vestimenta e dança, tudo englobando uma estética de consumo. Foi muito ruim, pois era um jeito de elitizar a união do hiphop, cultura popular das ruas, ao jazz que se rendeu a pressão de mercado nos anos 60, com o advento da soul music e rhythm'n'blues, que viriam a gerar o funk. Então muitos músicos de jazz embarcaram nesta fusão e claro que nem todos visavam sobreviver financeiramente nisto. Houveram momentos muito criativos com gravações de Idris Muhammad, Grant Green, Roy Ayers, Donald Byrd, etc, no meio de uma estética que a gravadora Blue Note ajudou a imprimir naquela época. Então nos anos 90 surgiram grupos, selos, revistas, grifes de roupas com o rótulo acid jazz tentando retomar parte daquela estética. No meio disso, muitos grupos de qualidade extremamente duvidosa surgiram, como Galliano, Jamiroquai, US3, Brand New Heavies, James Taylor Quartet e uma incontável lista de embustes musicais. Mas felizmente também surgiram projetos de qualidade, como o Buckshot Lefonque, Digable Planets, Jazzmatazz e o Masque de Vernon Reid. Inclusive no auge desta moda, um festival patrocinado por uma maquiavélica marca de cigarros, dedicou uma noite ao gênero, tendo como atração, o Buckshot Lefonque, Brand New Heavies e Jamiroquai. Graças a Deus o Jamiroquai cancelou de última hora sua apresentação e tive a grata surpresa de presenciar o projeto de Vernon Reid, substituindo a programação original. E lá estavam no palco: Vernon Reid, Hank Schroy, Don Byron, Curtis Watts, Leon Gruenbaun, DJ Logic e o mc Beans, despejando música de qualidade e não aquele "som de boutique" do Brand New Heavies. E o Mistaken Identity é um dos melhores momentos registrados desta época, que você pode conferir, clicando na imagem para acessar o arquivo.
Marcadores:
acid jazz,
arte,
Don Byron,
downloads,
Graham Haynes,
guitarristas,
hiphop,
mp3,
música,
Vernon Reid
quarta-feira, janeiro 05, 2011
Andrew Cyrille & Milford Graves - Dialogue Of The Drums (1974)
Gravado no Wollman Auditorium, Columbia University em New York, Dialogue Of The Drums é uma profunda jornada no universo percussivo do ser humano, que transcende rótulo, gênero e estilo musical. Andrew Cyrille nasceu no Brooklyn, NYC em 10/11/1953 e seu nome se tornou conhecido com sua associação à Cecil Taylor. Nos anos 70, foram intensas as atividades com o Dialogue Of The Drums, grupo que também contou com a colaboração de Rashied Ali. Definitivamente foi um grupo que contribuiu muito para a pesquisa e desenvolvimento da percussão musical, assim como o M'Boom de Max Roach. Milford Graves também nasceu em NYC, só que no Queens, em 20/08/1941. Ficou conhecido por fazer parte do New York Art Quartet e de um dos grupos de Albert Ayler. A formação de Graves não veio do jazz tradicional, como se pode notar nitidamente em sua abordagem percussiva, trabalhando até com conceitos físicos e medicinais em sua música. Graves e Cyrille também atuam como educadores musicais, lecionando em institutos e faculdades, formando uma nova geração de percussionistas. Mais um registro da música universal que dispensa qualquer tipo de comentário, que sempre não consegue descrever de forma precisa, a experiência que realmente proporciona em sua audição. Clique na imagem para acessar o arquivo e ouça o diálogo dos tambores.
Marcadores:
Andrew Cyrille,
arte,
bateristas,
downloads,
free music,
improvisação,
Milford Graves,
mp3,
música,
percussão,
percussionistas,
world music
segunda-feira, janeiro 03, 2011
Axiom Funk - Funkcronomicon (1995)
Iniciando este ano de 2011, desejando a todos que seja abençoado por Deus, escrevo este post sobre mais um projeto de Bill Laswell e seu selo Axiom: Axiom Funk - Funkcronomicon, de 1995. Definitivamente foi um projeto ambicioso, com uma multidão de ilustres colaboradores:
Bernie Worrell, DXT, Bill Laswell, George Clinton, Gary "Mudbone" Cooper, Michael "Clip" Payne, Deborah Barsha & Zhana Saunders, Bootsy Collins, Herbie Hancock, Robbie Shakespeare, Sly Dunbar, Anton Fier, Daniel Ponce, Aiyb Dieng, Edwin Rodriguez, Joe Daly, Ted Daniel, Janet Grice, J.D. Parron, Henry Threadgill, Blackbyrd McKnight, Nicky Skopelitis, Robert Musso, Buckethead, Lili Haydn, Eddie Hazel, Jerome "Bigfoot" Brailey, Garry Shider, Michael Hampton, Robbie Shakespeare, Sly Dunbar, Aiyb Dieng, Karl Berger, Menace, Maceo Parker, Bobby Byrd, Godmomma, Sly Stone, Maceo Parker, Bobby Byrd, Fred Wesley, T-Bone, Af Next Man Flip, Abiodun Oyewole, Blackbyrd McKnight, Lili Haydn, Amina Claudine Myers, Joseph "Zigaboo" Modeliste, Guilherme Franco, Torture e Umar Bin Hassan. Ou seja, foram reunidos membros de grupos como JB's, The Meters, Sly And Family Stone, Material, The Last Poets, Parliament, Funkadelic e músicos conhecidos do reggae e free jazz.
Destaque para a participação de Sly Stone, que ficou por muito tempo recluso do meio musical e estas gravações foram as últimas do guitarrista Eddie Hazel, antes de seu falecimento precoce, se tornando um disco em sua homenagem. Também há releituras muito interessantes para duas músicas de Jimi Hendrix, If 6 Was 9 e a desconhecida Trumpets And Violins, Violins.
Foram gravadas em diferentes estúdios e sessões, também pelo fato de que George Clinton não mantém boas relações com ex-membros do universo P-Funk. Mas Funkcronomicon é um belo registro da criatividade de músicos dos mais diversos estilos musicais, num mesmo projeto. Vale à pena conferir. A capa foi ilustrada pelo desenhista Pedro Bell.
Funkcronomicon cd 01
Funkcronomicon cd 02
Bernie Worrell, DXT, Bill Laswell, George Clinton, Gary "Mudbone" Cooper, Michael "Clip" Payne, Deborah Barsha & Zhana Saunders, Bootsy Collins, Herbie Hancock, Robbie Shakespeare, Sly Dunbar, Anton Fier, Daniel Ponce, Aiyb Dieng, Edwin Rodriguez, Joe Daly, Ted Daniel, Janet Grice, J.D. Parron, Henry Threadgill, Blackbyrd McKnight, Nicky Skopelitis, Robert Musso, Buckethead, Lili Haydn, Eddie Hazel, Jerome "Bigfoot" Brailey, Garry Shider, Michael Hampton, Robbie Shakespeare, Sly Dunbar, Aiyb Dieng, Karl Berger, Menace, Maceo Parker, Bobby Byrd, Godmomma, Sly Stone, Maceo Parker, Bobby Byrd, Fred Wesley, T-Bone, Af Next Man Flip, Abiodun Oyewole, Blackbyrd McKnight, Lili Haydn, Amina Claudine Myers, Joseph "Zigaboo" Modeliste, Guilherme Franco, Torture e Umar Bin Hassan. Ou seja, foram reunidos membros de grupos como JB's, The Meters, Sly And Family Stone, Material, The Last Poets, Parliament, Funkadelic e músicos conhecidos do reggae e free jazz.
Destaque para a participação de Sly Stone, que ficou por muito tempo recluso do meio musical e estas gravações foram as últimas do guitarrista Eddie Hazel, antes de seu falecimento precoce, se tornando um disco em sua homenagem. Também há releituras muito interessantes para duas músicas de Jimi Hendrix, If 6 Was 9 e a desconhecida Trumpets And Violins, Violins.
Foram gravadas em diferentes estúdios e sessões, também pelo fato de que George Clinton não mantém boas relações com ex-membros do universo P-Funk. Mas Funkcronomicon é um belo registro da criatividade de músicos dos mais diversos estilos musicais, num mesmo projeto. Vale à pena conferir. A capa foi ilustrada pelo desenhista Pedro Bell.
Funkcronomicon cd 01
Funkcronomicon cd 02
Marcadores:
arte,
Axiom Funk,
Bill Laswell,
downloads,
Funkcronomicon,
mp3,
música,
P-Funk
Assinar:
Postagens (Atom)