Eu realmente não sei qual era o significado do natal para Samuel Carthorne Rivers, nascido em Enid, Oklahoma, mas seu pai era um músico evangélico que lhe apresentou a música desde seus primeiros anos de vida e este foi seu último natal entre os vivos. Não importa quem seja, do anônimo ao famoso, do rico ao miserável, do mediocre ao talentoso, todos voltam ao pó da terra, sem acepção de pessoas. Agora seu saxofone e sua flauta não podem mais modular o ar e criar lindos sons, mesmo que para muitos fosse uma música estranha e que passou desapercebida, sua mente e seu coração não mais se fundem para criar belas músicas, pois para onde Sam Rivers foi, não há obras, não há bandas, orquestras, ele dorme e seu conhecimento desta terra se foi. Nos deixou muitos registros em diversos formatos de midia, a lembrança em vários níveis, dependendo do grau de relacionamento com ele, nos deixa saudades. Agora alguns veículos jornalísticos divulgam uma nota qualquer, outros prestam uma homenagem mais digna. Rivers passou quase incognito por estas últimas décadas e mediocremente é lembrado de sua breve associação com o controverso Miles Davis, que desaprovou sua arte naquele período. Poucos são os que se lembram e reconhecem seu mérito por ter lutado, resistido e sobrevivido nos duros anos 70 em que o tal do free jazz era considerado a escória do jazz, da música, tanto que a maioria dos músicos norte americanos do free jazz, se não se exilaram na Europa, onde houveram melhores e mais dignas condições de criarem sua música, passaram duros invernos tocando em sótãos e porões devido ao fechar das portas e oportunidades para o free jazz, avant-sei lá o que, bem, não importa. Sam Rivers e sua esposa Bea, mantiveram o Studio Rivbea no sótão de sua casa em Lower Manhattan, onde se tornou um dos principais focos de resistência da música livre, ousada e criativa e suas sessões se tornaram célebres e um de seus frutos está registrado na série Wildflowers, que depois de muitos anos, foi reeditado em formato digital.
Não vou me estender sobre sua trajetória, pois tudo não está registrado em publicações na world wide web, gravações, videos, livros e revistas? Basta ter um mínimo de interesse e poderá encontrar informação suficiente sobre Sam Rivers e sua música, basta querer...
Não há mais motivos para tristeza, Sam Rivers desfrutou de sua breve vida, mesmo que sejam longos 88 anos, o que são 88 anos perante a eternidade? Sam Rivers aproveitou todo seu fôlego de vida e fez com amor o que lhe foi dado por Deus, o talento musical. Não ficou inerte esperando que seu talento se manifestasse por sí só, trabalhou, plantou, cuidou e colheu seus doces frutos, com o suor de seu rosto. Não posso me despedir de Sam Rivers, pois ele não pode mais me ouvir, mas agradeço à Deus por Sam Rivers ter nascido 50 anos antes de mim e ter deixado sua música para meus ouvidos.
http://www.rivbea.com/
sexta-feira, dezembro 30, 2011
Sam Rivers (25/09/1923 – 26/12/2011)
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2 comentários:
Opa,
Sensacional seu blog, parabéns! Na busca por álbuns e informações sobre free jazz/avant-garde/etc, tenho visitado esse espaço constantemente. Não só pelos sons, mas também pelos textos bacanas e opiniões.
Aproveitando,gostaria de pedir a indicação de alguma loja ou vendedor aqui do Brasil que trabalhe com cd's de free, improvised, etc.
Um abraço.
Lucas, muito obrigado pela visita ao blog e suas palavras, será sempre bem vindo. Bem, quanto aos cd's, praticamente não existem lojas com foco ou pelo m,enos um segmento especializado no free jazz. Alguns anos atrás, a Fnac, Saraiva Megastore e Livraria Cultura, possuiam um número pequeno de títulos, mas devido a falta de interesse do público, os cd's sumiram das prateleiras. O melhor caminho é fazer o pedido via net direto dos selos, como Delmark, Atavistic,Emanem,CIMP,Eremite,etc, além do site da Amazon e Cd Universe. Também existem inúmeros blogs que disponibilizam mp3, pelo menos para conhecer as gravações, basta digitar o nome do músico+blogspot ou files, que aparecem várias opções. Espero ter ajudado, um abraço e um ótimo 2012.
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