Literalmente é a última publicação do Sonorica em 2014. Aproveitando esta manhã na qual finalmente tenho tempo para escrever aqui, pois como faço parte da classe trabalhadora, volto ao ofício no segundo dia do ano de 2015. Como não queria apenas escrever um texto de fim de ano, aqui também fica mais um registro de um dos prediletos da casa, Glenn Spearman, que faz parte dos grandes saxofonistas injustamente esquecidos, assim como Arthur Doyle que nos deixou recentemente e procurei divulgar tudo que tinha ao meu alcance de sua obra musical. Frank Wright também procurei disponibilizar o que foi possível. Mystery Project é mais um registro do double trio de Spearman, onde Spearman e o baterista William Winant ficam no canal direito de gravação, o saxofonista Larry Ochs e o baterista Donald Robinson no canal esquerdo. Os dois duos de saxofones e bateria compartilham o piano e synth de Chris Brown e o baixo de Ben Lindgren. Mystery Project tem aquela característica do que chamaram de free jazz, mas não como a sua primeira geração, onde havia mais necessidade de libertação das estruturas tradicionais do jazz, onde longas peças exploravam ao máximo os novos territórios do som. Após os anos 70 do séc. XX o free jazz desenvolveu estruturas e peças mais complexas, evoluindo dos temas mais simplificados anteriores que eram a estrutura básica para novas explorações do campo sonoro. Claro que isso é só uma descrição extremamente simplificada do registro fonográfico, pois só a audição basta, evitando qualquer injustiça e imprecisão sobre a obra musical de Spearman. Ah sim, nos comentários do post é que se encontra o mistério.
No mais, agradeço à Deus e a todos que visitaram o Sonorica e compartilharam alguma informação deste pequeno espaço virtual e que sempre seja útil de alguma forma como mais uma fonte de informação sobre arte, especificamente sobre a arte através do som. Também fico muito feliz pelo Sonorica ter alcançado mais de 100 mil acessos durante estes 8 anos de existência, levando em conta o fato de ser um blog de assuntos específicos de pouco interesse do grande público.
Espero que o Sonorica seja um weblog melhor a cada dia no ano de 2015 e que todos tenham um novo ano com muita alegria e claro, muita música, sons, arte que ultrapassam fronteiras, culturas, nacionalidade, rótulos e gêneros.
quarta-feira, dezembro 31, 2014
segunda-feira, novembro 03, 2014
Trümmer Sind Steine Der Hoffnung – Welch Wüste Sich Eröffnet (1997)
Welch Wüste Sich Eröffnet ... Bitter Und Ewig foi o terceiro e último album do Trümmer Sind Steine Der Hoffnung, banda formada pelos principais membros do cenário punk/hardcore de Linz, na Austria, sendo a banda mais conhecida no cenário mundial, o Target Of Demand, inclusive a sonoridade do Trümmer lembra um pouco o T.O.D., só que mais complexo. A banda encerrou suas atividades em 1998. É extremamente difícil encontrar os outros títulos do Trümmer ou até alguma biografia mais detalhada da banda, algum artigo sobre seus membros, etc. Apenas encontrei uma webpage, que deixo como link nesta postagem, uma espécie de ficha do grupo. Sem dúvida foi uma ótima banda e Welch Wüste Sich Eröffnet um disco que merece reconhecimento por sua qualidade e criatividade musical, num vasto submundo da música independente. O idioma alemão dificulta um pouco para compreender as música, mas como a música é universal e o Trümmer foi uma banda que tem o mesmo nível de outras conhecidas mundialmente, como Fugazi, Dag Nasty, etc. Nos comentários
sábado, novembro 01, 2014
Frank Wright - Live At Moers 81
Depois de um período "carcerário" do meu trabalho, finalmente consegui um tempo para atualizar o blog com mais uma homenagem à um dos prediletos da casa, o reverendo Frank Wright! Aqui se trata de uma gravação captada na décima edição do Moers Festival, que conta com a participação de seus companheiros de longa data, Bobby Few e Muhammad Ali, grande baterista ainda na ativa. O baixista Jean Jacques Avenel faleceu recentemente no dia 12/08/2014 e tem uma extensa carreira, tendo tocado com Steve Lacy, Mal Waldron, David Murray, Sonny Simmons, Daniel Humair entre outros.
Especialmente também conta com a colaboração do saxofonista Arthur Jones, que também merece reconhecimento e infelizmente só conseguiu registrar dois discos sob sua liderança e tocou com os membros do Art Ensemble Of Chicago, assim como Sunny Murray, Burton Greene, Dave Burrell e Archie Shepp. A gravação não oficial parece não ter sido lançada por nenhum selo até o presente momento, inclusive esta capa foi criada por mim apenas para constar no meu arquivo fonográfico. A música foi captada de uma maneira simples e após a apresentação feita por Burkhard Hennen, as três peças não possuem título. Nos comentários.
Especialmente também conta com a colaboração do saxofonista Arthur Jones, que também merece reconhecimento e infelizmente só conseguiu registrar dois discos sob sua liderança e tocou com os membros do Art Ensemble Of Chicago, assim como Sunny Murray, Burton Greene, Dave Burrell e Archie Shepp. A gravação não oficial parece não ter sido lançada por nenhum selo até o presente momento, inclusive esta capa foi criada por mim apenas para constar no meu arquivo fonográfico. A música foi captada de uma maneira simples e após a apresentação feita por Burkhard Hennen, as três peças não possuem título. Nos comentários.
Marcadores:
afro american music,
arte,
Frank Wright,
Free Jazz,
homenagem,
música,
saxofonistas
domingo, setembro 07, 2014
Arthur Doyle Electro-Acoustic Ensemble – Conspiracy Nation (2002)
Neste maravilhoso e abençoado domingo ensolarado que chega ao fim, até esquecendo do feriado nacional que ouviram do Ipiranga, o Sonorica encerra mais uma etapa homenageando um dos prediletos da casa, o grande artista Arthur Doyle. Digo mais uma etapa, pois praticamente uma boa parte da discografias de Doyle, foi divulgada aqui, faltando poucos registros da discografia completa publicada por selos e alguns registros independentes.
O disco Conspiracy Nation que foi lançado somente em LP tem gravações de dois momentos captados ao vivo pelo Electro-Acoustic Ensemble. O lado 1 que contém 4 músicas gravadas no Hallwalls Contemporary Art Center - Buffalo, NY em 24/01/2002 e o lado 2 com as 3 restantes no Analog Shock Club - Rochester, NY em 26/01/2002.
A configuração do Electro-Acoustic Ensemble nestas gravações é composta por Arthur Doyle: alto saxofone, voz, flauta, gravador, Leslie Q: baixo, guitarra, Ed Wilcox: bateria, percussão, Tim Poland: clavinova, teclados, Dave Cross: toca-discos, Ibanez DM 1100 sampler, bateria (na faixa 1), Vinnie Paternostro: electronicos, Roland 505. Nos comentários.
O disco Conspiracy Nation que foi lançado somente em LP tem gravações de dois momentos captados ao vivo pelo Electro-Acoustic Ensemble. O lado 1 que contém 4 músicas gravadas no Hallwalls Contemporary Art Center - Buffalo, NY em 24/01/2002 e o lado 2 com as 3 restantes no Analog Shock Club - Rochester, NY em 26/01/2002.
A configuração do Electro-Acoustic Ensemble nestas gravações é composta por Arthur Doyle: alto saxofone, voz, flauta, gravador, Leslie Q: baixo, guitarra, Ed Wilcox: bateria, percussão, Tim Poland: clavinova, teclados, Dave Cross: toca-discos, Ibanez DM 1100 sampler, bateria (na faixa 1), Vinnie Paternostro: electronicos, Roland 505. Nos comentários.
segunda-feira, agosto 18, 2014
domingo, agosto 17, 2014
Arthur Doyle Trio – Live At The Alterknit (1997)
Sem perca de tempo, pois o tempo é precioso, compartilhando de mais uma obra de arte de um dos prediletos da casa, Arthur Doyle, é claro. Esta gravação de maneira alguma poderia ficar de fora, até mais do que as outras gravações, não desmerecendo os outros registros de Doyle, mas por se tratar de uma gravação captada em 09/08/1997 ao vivo no Alterknit em New York, onde o trio foi composto simplesmente por Wilber Morris no contra-baixo e Rashid Bakr na bateria. Também pelo fato de ser uma edição extremamente limitada a 99 cópias com a litografia de Jeff Koons na capa do disco. Este tesouro musical foi dica de um colaborador para a divulgação da música como forma de arte, o Free Form Free Jazz. A comunhão sonora sempre nos comentários, como de costume.
segunda-feira, agosto 11, 2014
Arthur Doyle Trio – A Prayer For Peace (2000)
quinta-feira, julho 31, 2014
Death – Spiritual Mental Physical (1976)
Sem dúvida nenhuma o redescobrimento e reconhecimento do trio formado pelos irmãos Hackney, muda a história do punk rock. Até então, o que se chamava de proto-punk (detesto este rótulo), com bandas enquadradas nesse "estilo", como The Stooges e MC5 e até bandas anteriores como os primórdios, como The Troggs e The Sonics, o Death já tinha formatado a base do punk rock desde 1974, três anos antes do rótulo punk vir à tona e até precedendo o que viria nos anos 80, o pós-punk chamado de hardcore.
Spiritual-Mental-Physical é uma compilação de gravações de demo-tape realizadas entre 1974 e 1976, sendo que sete das músicas foram gravadas no chamado "The Room" com um gravador de dois canais estéreo em Detroit, Michigan.
Num mundo cada vez mais de memória curta, onde muitos das novas gerações acham que tudo veio pronto e que outras coisas brotam do nada, que basta buscar na "wiki", no "google" ou "youtube", este pequeno espaço virtual presta sua homenagem à um dos grupos mais criativos que transformaram o rock'n'roll numa música muito mais ousada desde a sua criação. Todos aqueles que se identificaram com o punk e o hardcore, certamente devem agradecer à Bobby Hackney, David Hackney e Dannis Hackney por sua música. Nos comentários.
Spiritual-Mental-Physical é uma compilação de gravações de demo-tape realizadas entre 1974 e 1976, sendo que sete das músicas foram gravadas no chamado "The Room" com um gravador de dois canais estéreo em Detroit, Michigan.
Num mundo cada vez mais de memória curta, onde muitos das novas gerações acham que tudo veio pronto e que outras coisas brotam do nada, que basta buscar na "wiki", no "google" ou "youtube", este pequeno espaço virtual presta sua homenagem à um dos grupos mais criativos que transformaram o rock'n'roll numa música muito mais ousada desde a sua criação. Todos aqueles que se identificaram com o punk e o hardcore, certamente devem agradecer à Bobby Hackney, David Hackney e Dannis Hackney por sua música. Nos comentários.
Marcadores:
a band called Death,
afro american music,
art,
Bobby Hackney,
Dannis Hackney,
David Hackney,
Death,
hardcore,
homenagem,
música,
punk rock,
Rock
terça-feira, julho 15, 2014
Minutemen with Charlie Haden - "Little Man With a Gun in His Hand" (live)
Recorded at McCabe's Guitar Shop, Santa Monica, CA (1984)
sábado, junho 28, 2014
Arthur Doyle – Plays More Alabama Feeling (1993)
Aproveitando o momento em que nosso país enlouquece devido ao momento do esporte, onde saímos mais cedo do trabalho e pelo menos por mais de 90 minutos e seus acréscimos a cidade silencia e fica histérica, aproveito para dar continuidade às homenagens para o grande Arthur Doyle, que tem seu lugar garantido neste singelo espaço virtual.
Plays More Alabama Feeling é um registro em k7 de 1990 onde Doyle solo executa sua composição Hao e seu standard preferido, Nature Boy, autoria de Eden Ahbez, que a compos em 1948 para Nat King Cole.
Um dado curioso é que a transferência da fita k7 foi realizada por Thurston Moore do Sonic Youth. Celebremos a arte de Arthur Doyle. nos comentários
Plays More Alabama Feeling é um registro em k7 de 1990 onde Doyle solo executa sua composição Hao e seu standard preferido, Nature Boy, autoria de Eden Ahbez, que a compos em 1948 para Nat King Cole.
Um dado curioso é que a transferência da fita k7 foi realizada por Thurston Moore do Sonic Youth. Celebremos a arte de Arthur Doyle. nos comentários
sexta-feira, junho 20, 2014
Death – ...For The Whole World To See (1975)
Já faz um tempo que esta banda foi redescoberta e houve uma certa ebulição no meio underground por conta do Death. Até então, quando se falava em pré-cursores do chamado punk rock, o tal do proto-punk, os nomes mencionados eram o MC5, The Stooges e até o The Sonics.
Os irmãos Dannis, Bobby e David Hackney tocavam R&B na garagem da casa de seus pais até mudarem para o hard rock em 1973, quando assistiram um show do Alice Cooper e David Hackney teve uma boa influência dos power chords de Pete Townshend do The Who. O Death começou tocando em cabarés e festas de garagem no lado leste de Detroit onde predominava a comunidade afro americana, o que causou um certo desconforto, pois o pessoal estava curtindo o Earth Wind & Fire, The Isley Brothers, etc.
Interessante este ponto, pois aproveito para abordar um assunto que tem se discutido inutilmente aqui no Brasil e especificamente em São Paulo, o racismo. Sim, ultimamente, novamente algumas pessoas que adotam posturas racistas e muitos pensam que racismo se resume ao "homem branco" em relação aos negros. Não, definitivamente qualquer pessoa com o mínimo de esclarecimento básico sabe que não se resume a isso. Talvez eu aborde o assunto com mais profundidade em um texto específico por aqui, mas só aproveitei alguns dados por conta da banda dos irmãos Hackney, que são mais exemplo do quão é estúpido discutir quem é o dono da música, do rock, do blues, etc. O blues não seria o blues se os afro americanos não tivessem contato com a música dos "brancos", assim como o samba não seria o samba se não tivesse contato com a música dos "brancos", o afrobeat, o jazz, e assim segue...
Bem, voltemos à Detroit nos anos 70. O Death não foi lá bem aceito na comunidade afro americana pelo seu som no mínimo estranho, ainda mais para aquela época. Eu não sei até que ponto o Death influenciou a famosa banda hardcore punk Bad Brains, mas quando se escuta principalmente o início do Bad Brains no final dos anos 70, parece óbvio que H.R. e seus amigos, sofreram esta influência, comparando com as músicas You're a Prisioner, Freakin Out, do disco ... For The Whole World To See por exemplo. Bem, o fato é que finalmente o Death tem o reconhecimento, mesmo que tardio, pois David Hackney morreu de câncer no pulmão em 2000. Segundo seu irmão Bobby, David estava convicto de que o Death estava criando algo totalmente revolucionário na música. Sim, de fato David estava certo e lamento que ele não teve o reconhecimento devido enquanto estava vivo. Enfim, já foi providenciado o relançamento dos dois LP's do Death, o For The Whole World To See e Spiritual Mental Physical, que é uma compilação de demo tapes de 1974 à 1976. Também foi realizado um documentário sobre o Death e algumas apresentações do grupo com os irmãos Bobby e Dannis. Por enquanto me limito a compartilhar com alegria esta descoberta recente, graças ao meu grande amigo Edilson, que me revelou esta música revolucionária. Nos comentários.
Os irmãos Dannis, Bobby e David Hackney tocavam R&B na garagem da casa de seus pais até mudarem para o hard rock em 1973, quando assistiram um show do Alice Cooper e David Hackney teve uma boa influência dos power chords de Pete Townshend do The Who. O Death começou tocando em cabarés e festas de garagem no lado leste de Detroit onde predominava a comunidade afro americana, o que causou um certo desconforto, pois o pessoal estava curtindo o Earth Wind & Fire, The Isley Brothers, etc.
Interessante este ponto, pois aproveito para abordar um assunto que tem se discutido inutilmente aqui no Brasil e especificamente em São Paulo, o racismo. Sim, ultimamente, novamente algumas pessoas que adotam posturas racistas e muitos pensam que racismo se resume ao "homem branco" em relação aos negros. Não, definitivamente qualquer pessoa com o mínimo de esclarecimento básico sabe que não se resume a isso. Talvez eu aborde o assunto com mais profundidade em um texto específico por aqui, mas só aproveitei alguns dados por conta da banda dos irmãos Hackney, que são mais exemplo do quão é estúpido discutir quem é o dono da música, do rock, do blues, etc. O blues não seria o blues se os afro americanos não tivessem contato com a música dos "brancos", assim como o samba não seria o samba se não tivesse contato com a música dos "brancos", o afrobeat, o jazz, e assim segue...
Bem, voltemos à Detroit nos anos 70. O Death não foi lá bem aceito na comunidade afro americana pelo seu som no mínimo estranho, ainda mais para aquela época. Eu não sei até que ponto o Death influenciou a famosa banda hardcore punk Bad Brains, mas quando se escuta principalmente o início do Bad Brains no final dos anos 70, parece óbvio que H.R. e seus amigos, sofreram esta influência, comparando com as músicas You're a Prisioner, Freakin Out, do disco ... For The Whole World To See por exemplo. Bem, o fato é que finalmente o Death tem o reconhecimento, mesmo que tardio, pois David Hackney morreu de câncer no pulmão em 2000. Segundo seu irmão Bobby, David estava convicto de que o Death estava criando algo totalmente revolucionário na música. Sim, de fato David estava certo e lamento que ele não teve o reconhecimento devido enquanto estava vivo. Enfim, já foi providenciado o relançamento dos dois LP's do Death, o For The Whole World To See e Spiritual Mental Physical, que é uma compilação de demo tapes de 1974 à 1976. Também foi realizado um documentário sobre o Death e algumas apresentações do grupo com os irmãos Bobby e Dannis. Por enquanto me limito a compartilhar com alegria esta descoberta recente, graças ao meu grande amigo Edilson, que me revelou esta música revolucionária. Nos comentários.
Marcadores:
afro-rock,
afropunk,
Bad Brains,
Death,
downloads,
música,
punk rock,
underground
quinta-feira, maio 01, 2014
Gravitat - Gravitat (2014)
Formed by musicians from the Free Improvisation Circuit of Sao Paulo, the quartet Gravitat search
through instant composition exploring the mysteries of the deep bass sounds.
Recorded live in Brooklyn Paulista, Sao Paulo, Brazil, august/2013 by Rob Ranches.
Rubens Akira - bass clarinet / drums
Daniel Carrera - trombone
Rob Ranches - baritone sax / glass marimba
Rodrigo gobbet - electric bass / effects
7MNS Music - ambient - drone - sound - experimentation - electroacoustic
segunda-feira, abril 21, 2014
Eu só queria comer um hamburger...
De um ponto de vista, música e comida tem um mesmo parâmetro, o gosto. Alguém precisa de um crítico pra te convencer a consumir? O que muitos detestam, outros acham uma maravilha. Uma questão de gosto? Sim, mas também há muitos casos de se adaptar o paladar, tanto alimentar como de audição. Como um simples café. Culturalmente foi acostumado a se tomar com açúcar e muitos acham o café sem açúcar uma coisa horrível, como se estivesse tomando dipirona sódica, mas quando o paladar se adapta, o amargor diminui e se acentua o sabor do café. Mas também pode simplesmente ser uma questão de gosto mesmo, mas a maioria não aceita experimentar algo novo, e isso me lembra uma entrevista com Ken Vandermark que fiz anos atrás:
Pois é, depois de uma resposta dessas, realmente é necessário dizer mais alguma coisa? Bom, quando eu fiz esta entrevista, nem havia sequer um pequeno grupo de pessoas tentando criar um digamos, cenário musical ou comunidade para esse tal de free jazz, improvisação livre ou até música experimental em certo sentido.
Algumas coisas até que de certo modo progrediram, mas outras que são essenciais, ainda continuam na era da pedra lascada, e põe lascada nisso, visse? Em plena segunda década do século XXI me deparo com discussões inúteis sobre arte e música, que não chegam a lugar nenhum, a não ser no centro do ventre de quem promove este tipo de debate.
Se eu preciso elaborar uma teoria toda complexa para explicar a minha música, algo deu errado. Na verdade o processo é muito simples: Ela agrada ou não, soa bem aos ouvidos ou não e ainda tem que contar com o gosto pessoal. Tem certos tipos de música que realmente não me acrescentam nada, mas isso é estritamente pessoal. Já vi alguns elaborarem um complexo discurso para justificar o tal do "funk carioca".
Uma coisa enfadonha é uma pessoa da classe média ou alta tentar explicar a cultura popular ou do povão. Aí eu realmente preciso ir para o intervalo comercial, mudar de canal ou melhor, desligar, dar um shutdown.
Ah, o Sashimi... o tal do peixe crú, tem gente que fica com vontade de vomitar só de falar e no meu caso, acho um trilhão de vezes o gosto do salmão crú mais saboroso do que cozido, grelhado, frito ou assado. Minha descendência japonesa? Sinceramente, não influi, pois gosto de uma boa feijoada até um tanto mais do que o sashimi.
Mas enfim, cada vez mais as coisas ficam ainda mais complicadas, mesmo com o paralelo de pessoas que dizem gostar de um monte de coisas, mas nada em específico (mais uma vez parafraseando o Assis, autor da frase e hoje em dia reside no Japão).
E uma coisa que para mim é constrangedora e enfadonha, ouvir alguém tentando justificar seu gosto com alguma teoria, tentando requintar algo tão simples. Ora, eu gosto e pronto.
Cada vez mais, é mais difícil esta situação, tanto na música, na arte em geral, quanto na culinária (mas muitos gostam de usar o termo gastronomia, mas sinceramente, esse termo pra mim me lembra algo sobre nossas vísceras), tudo tem que ter um tratado, uma tese pra justificar, seja música de vanguarda ou um simples hamburger, que agora tem o tal do hamburger gourmet. É apenas carne moída e um pão, o resto é desnecessário, não que eu rejeite informações, mas isso não vai convencer meu paladar, tanto físico, como existencial.
Houve um rei israelita extremamente sábio que disse o seguinte:
"E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne." - Eclesiastes 12:12
E no mais, eu só queria comer um hamburger (pode ser um hamburger vegetariano também) ouvindo uma música do Ramones, sem alguem tentando elaborar uma teoria qualquer...
8. Você concorda com John Zorn quando ele declara que free jazz, improv e outras vanguardas musicais em geral não vão alcançar o grande público, mas que seu público se renova a cada geração mantendo mais ou menos o mesmo número de pessoas envolvidas?
Eu penso que os assuntos enfrentados pelos músicos de jazz e improvisação são múltiplos. Primeiro, eu acredito que a mídia mainstream especializada em jazz colocou a forma artística em um gueto musical elitista, ajudando a removê-la da percepção ou interesse da população em geral. Em segundo lugar, a maior parte dessa música é desafiadora para os músicos e, portanto, pro público. A maioria da população não é interessada de verdade em música, eles estão interessados em um papel de parede sonoro – algo bom pra ter por perto desde que não interrompa seu ambiente ou desafie suas expectativas. Estou interessado em encontrar uma maneira de quebrar a noção pré-concebida, desenvolvida pela mídia e por muitos músicos que é impossível que a música improvisada encontre um lugar real na sociedade contemporânea. A questão é encontrar fãs de música. Esse é o público que vai aos meus shows na América do Norte e na Europa, pessoas entre 20 e 40 anos que ouvem todo tipo de música: jazz, rock, reggae, funk, hip hop, música erudita, etc. e são essas pessoas que os músicos de improvisação precisam encontrar e tocar para, não para o fã elitista de jazz que já tem uma definição de como a arte pode ou não ser.
Pois é, depois de uma resposta dessas, realmente é necessário dizer mais alguma coisa? Bom, quando eu fiz esta entrevista, nem havia sequer um pequeno grupo de pessoas tentando criar um digamos, cenário musical ou comunidade para esse tal de free jazz, improvisação livre ou até música experimental em certo sentido.
Algumas coisas até que de certo modo progrediram, mas outras que são essenciais, ainda continuam na era da pedra lascada, e põe lascada nisso, visse? Em plena segunda década do século XXI me deparo com discussões inúteis sobre arte e música, que não chegam a lugar nenhum, a não ser no centro do ventre de quem promove este tipo de debate.
Se eu preciso elaborar uma teoria toda complexa para explicar a minha música, algo deu errado. Na verdade o processo é muito simples: Ela agrada ou não, soa bem aos ouvidos ou não e ainda tem que contar com o gosto pessoal. Tem certos tipos de música que realmente não me acrescentam nada, mas isso é estritamente pessoal. Já vi alguns elaborarem um complexo discurso para justificar o tal do "funk carioca".
Uma coisa enfadonha é uma pessoa da classe média ou alta tentar explicar a cultura popular ou do povão. Aí eu realmente preciso ir para o intervalo comercial, mudar de canal ou melhor, desligar, dar um shutdown.
Ah, o Sashimi... o tal do peixe crú, tem gente que fica com vontade de vomitar só de falar e no meu caso, acho um trilhão de vezes o gosto do salmão crú mais saboroso do que cozido, grelhado, frito ou assado. Minha descendência japonesa? Sinceramente, não influi, pois gosto de uma boa feijoada até um tanto mais do que o sashimi.
Mas enfim, cada vez mais as coisas ficam ainda mais complicadas, mesmo com o paralelo de pessoas que dizem gostar de um monte de coisas, mas nada em específico (mais uma vez parafraseando o Assis, autor da frase e hoje em dia reside no Japão).
E uma coisa que para mim é constrangedora e enfadonha, ouvir alguém tentando justificar seu gosto com alguma teoria, tentando requintar algo tão simples. Ora, eu gosto e pronto.
Cada vez mais, é mais difícil esta situação, tanto na música, na arte em geral, quanto na culinária (mas muitos gostam de usar o termo gastronomia, mas sinceramente, esse termo pra mim me lembra algo sobre nossas vísceras), tudo tem que ter um tratado, uma tese pra justificar, seja música de vanguarda ou um simples hamburger, que agora tem o tal do hamburger gourmet. É apenas carne moída e um pão, o resto é desnecessário, não que eu rejeite informações, mas isso não vai convencer meu paladar, tanto físico, como existencial.
Houve um rei israelita extremamente sábio que disse o seguinte:
"E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne." - Eclesiastes 12:12
E no mais, eu só queria comer um hamburger (pode ser um hamburger vegetariano também) ouvindo uma música do Ramones, sem alguem tentando elaborar uma teoria qualquer...
Marcadores:
arte,
comportamento,
critica,
cultura,
Free Jazz/ Avant-Garde,
free music,
gastronomia,
improvisação livre,
Ken Vandermark,
música,
opinião,
sociedade
sexta-feira, abril 18, 2014
sexta-feira, março 14, 2014
24-7 Spyz – Harder Than You (1989)
Alguma novidade? Bem, o meu trabalho de publicano tem consumido muito tempo e tenho alguns artigos que ainda não consegui publicar aqui, mas assim que possível, serão finalizados. Enquanto isso, fazendo o caminho inverso, aqui vai o primeiro registro do 24-7 Spyz, sim, o contemporâneo irmão do Living Colour e Fishbone. Digamos que o 24-7 Spyz tem um lado mais punk.
Harder Than You teve como engenheiro de som e produtor, Robert Musso, que desenvolveu uma parceria com Bill Laswell e trabalhou com tanta gente, que se perde a conta. Por exemplo? Al Green, Bob Marley, Herbie Hancock, Sting, Carlos Santana, Miles Davis, Jimi Hendrix, David Bowie, George Clinton, Ornette Coleman, John Zorn, Peter Gabriel, The Ramones, Iggy Pop, Blondie, Whitney Houston, Sly & Robbie, Pharaoh Sanders, William Burroughs, Bootsy Collins, The Last Poets, Ozzy Osbourne...
Nos créditos dos membros do 24-7 Spyz, cada um tem uma função extra, o vocalista P.Fluid é o encanador, o guitarrista Jimi Hazel é o carpinteiro, o baixista Rick Skatore é o técnico que conserta tv e o baterista Anthony Johnson, o eletricista. Há uma versão para o clássico do funk, Jungle Boogie (Kool And The Gang). Sem demora, nos comentários, como de costume.
Harder Than You teve como engenheiro de som e produtor, Robert Musso, que desenvolveu uma parceria com Bill Laswell e trabalhou com tanta gente, que se perde a conta. Por exemplo? Al Green, Bob Marley, Herbie Hancock, Sting, Carlos Santana, Miles Davis, Jimi Hendrix, David Bowie, George Clinton, Ornette Coleman, John Zorn, Peter Gabriel, The Ramones, Iggy Pop, Blondie, Whitney Houston, Sly & Robbie, Pharaoh Sanders, William Burroughs, Bootsy Collins, The Last Poets, Ozzy Osbourne...
Nos créditos dos membros do 24-7 Spyz, cada um tem uma função extra, o vocalista P.Fluid é o encanador, o guitarrista Jimi Hazel é o carpinteiro, o baixista Rick Skatore é o técnico que conserta tv e o baterista Anthony Johnson, o eletricista. Há uma versão para o clássico do funk, Jungle Boogie (Kool And The Gang). Sem demora, nos comentários, como de costume.
Marcadores:
24-7 Spys,
afro american music,
afro-rock,
música
quarta-feira, fevereiro 26, 2014
Arthur Doyle – Plays And Sings From The Songbook Volume One (1995)
É bem provável que logo logo a partida de Arthur Doyle caia no esquecimento, mas como tinha afirmado antes, pelo menos aqui no Sonorica este grande artista sempre que possível, será relembrado e sua arte celebrada. Digamos que é um dos prediletos da casa, assim como Frank Wright e Glenn Spearman. Esta gravação de 1992 é uma daquelas onde Doyle faz tudo sozinho no que seu talento permite no saxofone, flauta, piano, voz e textos. Seu amigo e parceiro de vários projetos musicais, Rudolph Grey, tirou as fotos e fez o design gráfico da capa. Há composições conhecidas do repertório de Doyle, como Flue Song e Goverey.
Bem, não faz sentido eu me prolongar escrevendo mais sobre Arthur Doyle e muito menos sobre sua arte musical. Ela sempre falou por si só. Como de costume, nos comentários.
*ps.: sempre lembrando que o Sonorica apenas homenageia e divulga a arte de Arthur Doyle, sem fins lucrativos.
Bem, não faz sentido eu me prolongar escrevendo mais sobre Arthur Doyle e muito menos sobre sua arte musical. Ela sempre falou por si só. Como de costume, nos comentários.
*ps.: sempre lembrando que o Sonorica apenas homenageia e divulga a arte de Arthur Doyle, sem fins lucrativos.
Marcadores:
arte,
Arthur Doyle,
Free Jazz,
free music,
música,
saxofonistas
segunda-feira, janeiro 27, 2014
Arthur Doyle & Hamid Drake – Your Spirit Is Calling (2004)
Corpo, alma e espírito de Arthur Doyle se despedem deste mundo neste último 25/01/2014. Pra variar, enquanto estava entre nós, pouquíssimas pessoas se importaram ou tomaram qualquer conhecimento deste músico, contemporâneo de outro que se foi, Kalaparusha Maurice McIntyre. O Sonorica já dedicava um espaço para pessoas como Doyle, Glenn Spearman, Arthur Rhames, Frank Wright, pessoas que contribuiram de forma muito especial e significativa para a música criativa universal. Enquanto muitos regorgitavam sobre nomes que já tem o seu mérito e reconhecimento, Doyle ainda contribuía com sua arte sendo ignorado até pelo público especializado que contradiz a própria música que consomem, desbravar novos horizontes. Até quando a "discoteca básica" (detesto este termo) do dito free jazz deste povo se resume à Coltrane, Sanders, Ornette e arriscando Taylor? Enfim...
Eu só posso mesmo é homenagear Doyle divulgando a sua arte e neste dia em especial, homenagear também e principalmente um grande músico que graças à Deus ainda está vivo e em plena atividade, o grande músico Hamid Drake, The Mighty Hamid!
Trane e Rashid não foram os primeiros, mas tornaram célebre esta configuração de duo, onde literalmente o menos quer dizer mais, um formato que exige muito de um músico em termos de criatividade e até fisicamente falando. Não há mérito nenhum reservado para o Sonorica, apesar do falecimento de Doyle, continua como antes, sempre que possível divulgando a sua arte, e se ele ainda estivesse entre nós, nada mudaria por aqui, vez ou outra haverá posts dedicados à sua arte, sua poesia, sua música.
É uma mistura de sentimentos começar este ano falando de Arthur Doyle nestas circunstâncias, mas o que importa é celebrar a sua música, apesar de tudo...
Nos comentários.
Eu só posso mesmo é homenagear Doyle divulgando a sua arte e neste dia em especial, homenagear também e principalmente um grande músico que graças à Deus ainda está vivo e em plena atividade, o grande músico Hamid Drake, The Mighty Hamid!
Trane e Rashid não foram os primeiros, mas tornaram célebre esta configuração de duo, onde literalmente o menos quer dizer mais, um formato que exige muito de um músico em termos de criatividade e até fisicamente falando. Não há mérito nenhum reservado para o Sonorica, apesar do falecimento de Doyle, continua como antes, sempre que possível divulgando a sua arte, e se ele ainda estivesse entre nós, nada mudaria por aqui, vez ou outra haverá posts dedicados à sua arte, sua poesia, sua música.
É uma mistura de sentimentos começar este ano falando de Arthur Doyle nestas circunstâncias, mas o que importa é celebrar a sua música, apesar de tudo...
Nos comentários.
Assinar:
Postagens (Atom)