quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Música ou corrida de cavalos?

O título de capa do caderno cultural paulista já diz tudo: "Bolsa de Apostas". É como um jornal informativo de bairro, que fica alheio ao que acontece fora de seu alcance. Então só existe arte na zona oeste de São Paulo? Mas tem Recife... Tá bom, só porque rolou o manguebeat é que dão atenção. Está bem claro que tá rolando um favorecimento em cima da "nova revelação" , a cantora Céu. Ai atestado de qualidade é vender discos na Europa. Meu amigo esteve recentemente na Europa, tocando com seu grupo de percussão, o Tambores da Serra, que toca ritmos brasileiros por pessoas que tem essas raízes e vivem isso, sem se tornar um fetiche burguês universitário, como forró pé-de-serra da USP, novo samba rock, rap underground e outras bobagens. E ele me disse que qualquer coisa que seja diferente ou brasileira, quando rola por lá, os europeus abraçam, nem sempre por qualidade e muitas vezes, por ser diferente do que já estão acostumados. Ou seja, muitos casos, é o caso do caolho em terra de cego que vira rei.
Aí a imprensa dita especializada negligencia ótimos artistas, como Denise Assumpção, Virgínia Rosa, Ná Ozzeti, Gigante Brasil, e uma lista sem fim. Uma observação sobre o Rap e o Repente. É extremamente equivocado fazer esse tipo de comparação. Uma visão burguesa para as coisas ficarem mais "chic". Pois essa gente que usa essa comparação nunca deu bola pra cultura musical nordestina, inclusive, tratavam como coisa cômica. E outra, Repente é feito com voz e viola. Se fosse Embolada, que é com voz e pandeiro, até dava pra relevar a comparação. Então Repente é legal porquê é o "Rap Brasileiro"? E os novos artístas ditam como influência o Dub, Rap, Afrobeat. Engraçado que são as coisas que estão na moda entre o "pessoal descolado". Aí quando se ouve o trabalho desses artístas, não se encontra essa tal influência enraizada e sim, uma mera referência publicitária, superficial, estética. Então é isso, a qualidade é medida pelo número de venda de discos. Então quer dizer que cocaína é bom, pois vende horrores... "brizola, brizola, vende pra caralho!!!"

Um comentário:

Anônimo disse...

podes crer. pegando este paralelo do rap / repente, também já me deparei com esta assossiação na mídia. acabo até pegando um pré-conceito com o artista que usa esta referência para seu trabalho pois me cheira a oportunismo, daí já prefiro perder meu tempo com outras coisas. tá certo que podemos encontrar semelhanças no modo estrutural vocal, da métrica mas acho que são apenas concidências, não? usar disso para puxar a raíz cultural de cada gênero aí eu acho puro oportunismo e marketing. deve ter alguns artistas brasileiros que conseguem fazer esta fusão com talento, mas tá lento.

 
 
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