quinta-feira, janeiro 10, 2008

Em tempos de guerra, bem, você sabe...

Se o acesso à internet ainda é uma realidade distante para a maioria das pessoas, o tal mundo virtual globalizado ainda é uma fantasia. O que diremos dos nichos culturais específicos? Soam como meros caprichos de pouco valor de uma irrisória fração de pessoas. Torrents, mp3 downloads, etc., parece que estamos desfrutando das maravilhas do mundo moderno, roteadores, bluetooth, wi-fi... A tão proclamada tv digital, um dvd player com preço de 2 dígitos à venda em lojas populares, assim como tv de plasma, celulares com câmera, acesso a net e uma porção de recursos do "futuro". Mas e o conteúdo?
O Brasil ainda não se libertou de costumes coloniais que são inúteis nos dias atuais. Já tinha comentado sobre a realidade realmente palpável para nós, inclusive os paulistanos que transitam em shoppings culturais, salas de cinema, casas de espetáculos, teatros, casas noturnas, bares. Uma vez eu estava tocando clarinete na saída do metrô quando um senhor me perguntou sobre instrumentos de sopro. O senhor em questão era um humilde policial federal prestes a se aposentar, que sempre quis tocar um saxofone, desde pequeno. Mesmo tardiamente, passando dos 50 anos de idade, pensava em comprar um instrumento musical. Sua referência era o Caio Mesquita, mais semelhante a um Kenny G brazuca, muito distante da música que eu estava fazendo alí. Mesmo assim o senhor gostou e conversamos sobre música. Naquele momento, não havia a menor importancia quem era Eric Dolphy, Sun Ra, Art Ensemble Of Chicago, John Coltrane ou até mesmo Charlie Parker. Também menos ainda importava sobre marcas de sopro como Selmer, Buffet Crampon, Yanagisawa, etc. É o nosso Brasil, a nossa São Paulo.
A esta altura do campeonato, é realmente importante ter um disco de vinil versão original da ESP? Em tempos de mp3 e couro de rato na carteira? Ter um toca-discos da Technics? Claro, a liberdade de consumo é garantida, afinal tem brazuca comprando carro Aston Martin, o carro do James Bond, mas isso não chega a meia dúzia.
E um LP original da Blue Note, Impulse, ou até SoulJazz? Bens materiais à parte, a cultura faz bem as pessoas desde que isso não seja usado como meio de se diferenciar dos outros. Ter um iPod, Nokia E65, Nike Air Jordan XX3 e não saber onde é a cidade de Palmas, Rio Branco ou até Porto Velho, é triste para um jovem. E saber quem é Lars Von Trier, François Truffaut, Anthony Braxton, Fela, Morton Feldman, isso realmente é importante?
Mas deixemos de lado estes pormenores e vamos ao que interessa, qualquer um pode ir à uma biblioteca gratuita, centro cultural gratuito, centro de informática com acesso gratuito à internet e pesquisar, estudar, aprender. Mas parece que não há tempo pra isso, pois o YouTube, Fotolog, Orkut, MSN são prioridade. Talvez um Google ou Wikipedia resolva... Vai pensando que tá bom...

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