Este é um assunto recorrente simplesmente pelos fatos. Mesmo com a proximidade do fim da primeira década do séc.XXI, o gênero musical que se conhece como Jazz, que foi criado à praticamente um século, ainda é abordado por apreciadores brasileiros de forma um tanto peculiar. Muitos apreciadores, colecionadores, alguns músicos acabam se tornando uma espécie de críticos musicais, sendo que a grande maioria carece de uma formação realmente relevante para destilar seus textos, resenhas, críticas, análises na mídia. Com a democratização da mídia digital, que disponobiliza acesso livre, como sites pessoais, blogs, encontramos milhares de informações sobre música, sendo que parte considerável não é de fonte segura e precisa. Também grande parte dos textos não possuem uma análise empírica da obra e artísta, uma análise imparcial despida de paixões e opiniões pessoais, já que a proposta é compartilhar informações no sentido jornalístico. É impressionante como ainda persistem escrever sobre os chamados ícones do Jazz, como Miles Davis, John Coltrane, Thelonious Monk, Charles Mingus, Chet Baker, Billie Holiday, Charlie Parker, etc., sendo que todos esses grandes nomes do Jazz já estão suficientemente bem comentados com livros biográficos, documentários e sites oficiais competentes providos de fontes seguras e precisas, tanto nos E.U.A., Europa e Japão. A maioria dos títulos fonográficos foram relançados em formato digital, também foram lançados no mercado gravações inéditas, sendo que alguns títulos são dispensáveis por não ter um conteúdo realmente relevante a não ser apenas um ítem para colecionadores completistas.
A maioria dos críticos da era digital, principalmente os que escrevem nos diários digitais, os populares blogs, se baseiam em fontes imprecisas e escassas. Bastam uma dúzia de livros, algumas dezenas de gravações, leitura de liner notes de discos, alguma pesquisa na internet é claro. O problema é que não há uma pesquisa exaustiva que acabam por despejar uma pilha erros de dados que são publicados online, gerando lendas equivocadas, mitos, mentiras.
Não tem cabimento desautorizar a importância de Duke Ellington e Kenny Clarke por exemplo, mas até quando vai se falar do mesmo assunto? E ainda por cima de forma tão desprovida de consistência?
domingo, dezembro 07, 2008
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3 comentários:
você está certíssimo!!!
mas, essa coisa de qualquer amador sem formação querer abrir um blogue sobre jazz é decorrente pelo fato que os jornalistas (que a propósito estudam 4 ou 5 anos e ainda fazem PHd) estão sendo incapazes, mesmo com formação superior, de elevar o conhecimento do público brasileiro em relação ao Jazz: porra! os caras só falam de Sonny Rollins, Chet Baker, Miles...e mesmos quando falam de nomes mais novos, trata-se de nomes que já são conhecidos até mesmo pelo público além jazz: como é o caso do Stanley Jordan que teve várias publicações sobre sua 14ª visita ao Brasil...até o público do rock conhece o Stanley...
...o Butch Morris e o Art Ensemble of Chicago também vieram, mas não saiu nenhuma grande publicação: e olha que eu acompanho todos os dias todos os jornais que saem aqui em São Paulo na biblioteca da minha faculdade
outra coisa que é impressionante é o desconhecimento empírico da obra do artista que vc citou. Talvez o Wynton Marsalis seja o maior exemplo disso: os caras sempre citam nos jornais o nome do Wynton com aquela coisa de "conservador", "virtuoso", "magnata do Jazz", "Rei do Jazz em NY", "Chato e antiquado" e etc...mas os jornalistas falam demais mesmo...citam suas mais polêmicas, suas características pessoais e/ou boatos e críticas que eles lêem em ingles: eles apenas reproduzem essas críticas em português. Mas dificilmente eu já li uma crítica onde o jornalista fosse capaz de citar e analisar obras autorais da carreira de Wynton Marsalis...aquelas obras que realmente mostra o modo pessoal, original e peculiar de composição do compositor...
ao contrário disso, os caras preferem escrever resenhas e indicar discos de releituras a standards, ficar alimentanto polêmicas...aí o músico fica odiado e idolatrado por muitos, mas mesmos o que o idolatram ficam sem conhecer as obras mais inteligentes do músico e compositor...sem contar o desleixo de correr atrás pra conhecer a arte...
...é aquela coisa: pro jornal vender, o assunto tem que ser direto, fácil e não pode ser tão especializado...
Abraços e bom final de 2008!
Obrigado pelo comentário, Pitta. Creio que o problema da maioria dos jornalistas, no caso os críticos musicais aqui no Brasil, a maioria não busca conteúdo na fonte, poucos assistiram uma performance musical ao vivo(ainda mais se preferem escrever sobre artístas que já se foram e eles não tinham compatibilidade cronológica de idade para presenciarem estes artístas). Então lhes resta se basear em opiniões alheias de outros críticos, como Leonard Feather, Nat Hentoff, etc. Outro fator que muitas vezes gera polêmica: a necessidade de ter um conhecimento básico de música no aspecto técnico. Isso é fundamental para o Jazz especificamente. Os grandes críticos de Jazz se não foram músicos, possuiam estes conhecimentos básicos para fornecer uma informação mais precisa da obra. Outro fator é o desvio do foco informativo para uma obra literária atual que muitos críticos o fazem.
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