É inevitável, mas toda vez que ouço uma declaração enfática que tenta definir fatos de maneira tão conclusiva, isso me inspira uma reflexão. O artísta Edgar Scandurra afirmou que se precisa passar 20 anos para reconhecer a genialidade (mais hein, outra vez esse troço de gênio?) na produção musical dos períodos antecessores. Bem, se as pessoas que não vivenciaram a época por mera questão de compatibilidade cronológica, isso acontece mesmo, e existem pessoas que simplesmente ignoram o que veio antes e preferem consumir a música contemporânea. Já faz um tempo que se fala dos anos 80, desde o início dos anos 90. Criou-se até artifícios para desfrutar da produção dos anos 80 de forma que tenha um certo glamour, status ou qualquer coisa dispensável como estas. É o chamado "trash" ou "cult", dentro do "revival". Até perto da minha residência existe uma casa noturna dedicada aos anos 80, onde moças e mancebos que já passaram dos 30 podem se deleitar na pista de dança ao som dos hits dos anos 80, sem culpa, pois até Menudo e Xuxa entram na fita. Isso acontece desta forma como em uma festa do clube dos "easyriders" brazucas, onde os durões na resistem ao refrão do Village People, com direito a coreografia. Mas tem muita coisa que era odiada simplesmente porque não era de qualidade e hoje muitos procuram resgatar, como filmes, desenhos animados, seriados, além da música. E é aí que a coisa fica estreita, pois muitos perdem suas referências por saudosismo. Eu particularmente aprecio a música o filme, etc, simplesmente pela obra em sí, não como um mecanismo de nostalgia, não é porque foi de uma boa época, é que vou gostar.
O que vejo de interessante nos anos 80 na música, é diretamente ligado à tecnologia. Os artístas estavam experimentando ferramentas realmente novas para criação, os equipamentos eletrônicos, digitais, como os sintetizadores e novos processos de gravação e produção. O sintético refletiu não só na música, mas em tudo, como nas roupas. Muita coisa eu achava feia mesmo em sua época, como penteados melecados com o tal do New Wave Glitter Gel, blazers com cores cítricas, a Eletric Band do Chick Corea...
O engraçado é que no jetset sempre é necessário um compendio teórico para justificar os gostos pessoais de cada um, sempre há uma análise semiótica para justificar uma pessoa que comprou o disco do Kajagoogoo na Benedito Calixto.
PS:
Este post foi escrito ao som de Bauhaus, Tony Macalpine, Byrds, Helloween e The Human League.
segunda-feira, fevereiro 02, 2009
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