Ontem estava conversando com meu precioso amigo Antonio "Panda" Gianfratti, músico, percussionista, improvisador, pioneiro no Brasil do que se convencionou entitular de Improvisação Livre com o grupo Abaetetuba. Panda é um exemplo de criatividade, determinação e honestidade dentro da música e entrando na sexta década de vida, encarou um novo desafio de desbravar outras possibilidades no vasto campo da improvisação através do violoncelo. Nosso diálogo foi uma reflexão sobre a possibilidade de um cenário brasileiro deste segmento, sem opiniões passionais. O quadro que começa a se desenhar em primeira instância até parece promissor, com as oficinas ministradas pelo CCSP e os esforços de algumas pessoas que realmente acreditam na Improvisação Livre, novos músicos, novos grupos, novos espaços, novas possibilidades, como alternativa aos segmentos pré-determinados até do dito underground da música paulistana. Realmente quando nós iniciamos paralelamente nosso desenvolvimento nesta área musical, ainda no fim da década de 90, mais vinculado ao free jazz, parecia algo quase impossível, se formar uma orquestra de improvisação livre. De certa forma isso ainda está longe de existir de forma sólida e coesa, tudo ainda caminha (ou engatinha) em seus primeiros passos. E logo de início pode tomar rumos estranhos aos quais idealizamos conforme ocorre em outras partes do mundo. A facilidade de acesso à informação democratica pela rede digital mundial e a rapidez de acesso, inevitavelmente pode ser comparada ao sistema fast food, onde os resultados não são saudáveis. Inclusive o próprio país que gerou este sistema, agora tenta reverter este quadro com a nova tendência chamada de slow food. Hoje se pode acessar o conteúdo teórico de livros de Derek Bailey, John Zorn, entrevistas e depoimentos, videos de performances no YouTube, Terabytes de arquivos em audio, instrumentos musicais com preço acessível, redes sociais, enfim, um arsenal de informações para ir a guerra. Um simplório weblog como este pode se tornar uma fonte de informação, assim como a Wikipedia e milhares de sites interligados na world wide web. Mas é claro que qualquer pessoa de bom senso deve analisar mais de uma fonte de informação, pesquisar, questionar e não apenas ingerir informação como um BigMac, baseado na foto do menu. Hoje em dia temos uma torrente de pseudo jornalistas que escrevem material de qualidade extremamente duvidosa e este é o preço que se paga, é o efeito colateral do fast food cultural que estamos vivenciando neste século XXI. Pode soar uma diretriz rígida e retrógrada de membros jurássicos de uma organização tradicionalista, mas na Improvisação Livre, o fast food de informações, referências, etc, não funciona. Uma criança não vai nascer em 3 meses, ou pelo menos a ciência ainda não conseguiu criar uma tecnologia para isso acontecer. Não há como nascer um ser saudável se não passar pelo processo natural. Não é a participação de meia dúzia de oficinas e alguns ensaios semanais que vão gerar um bom improvisador. É um processo constante, que se aprimora só com a experiência, entre tentativas, erros e acertos, tudo no seu devido tempo. Não há como acelerar os ponteiros do relógio. Como escreveu o sábio rei Salomão no livro de Eclesiástes, há um tempo determinado para todas as coisas. Também não adianta em nada se inflar de todo o tipo de informação, técnica e apresentar um resultado meramente estético, mesmo que o ego se apoie na ilusão de que há uma filosofia que sustenta este fim. O resultado desta urgência, pode ser ilustrado como a foto abaixo:
domingo, julho 17, 2011
O tempo não pode esperar na improvisação livre!!!
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