Não tem como excluir Buddy Rich quando se fala de bateria e isso abrange um todo, não apenas um baterista de swing e jazz. Buddy não é o pioneiro, mas um músico que fez a diferença, atravessou décadas e obviamente fez escola. Muito já se documentou sobre ele, já não é mais necessário dizer sobre sua incrível técnica, sentimento, as "drum battles" ao lado de Gene Krupa, Max Roach, etc. Simplesmente Buddy estreou em público em 1921 e sua carreira no jazz se deu em 1937. Todos os rudimentos de bateria estão nele, sua técnica impecável muitas vezes é interpretada de forma equivocada, principalmente por músicos, professores de bateria (turminha Teodoro Sampaio), que apenas conseguem focar de forma distocida o virtuosismo em um instrumento musical. Por conta disso, principalmente em São Paulo (existe isso no mundo inteiro, mas como sou de SP, posso relatar com mais autoridade), onde se criou um padrão de bateristas que primam pela técnica apenas, deixando a arte de lado, a alma na música, a criatividade. "Where are the soul drummers?" Hoje em dia não sinto a menor vontade de assistir à uma jazz gig em São Paulo pelo simples fato de me deparar com simulacros sem a menor personalidade, tentando emular os tempos de Birdland ou Village Vanguard e ainda de forma muito, mas muito equivocada. Certa vez eu assisti um video em homenagem à Art Blakey e seus Jazz Messengers e foi deprimente. Técnicamente, não é tão complexo desvendar o estilo de Blakey, mas é óbvio que isso não tem importância, pois o que é maravilhoso no drumming dele, é o seu sentimento, a respiração dos tambores e o falar dos pratos. Mas enfim, vamos falar de Buddy Rich.
Muitos o vêem como exibicionista, etc. De certa forma ele tem um pouco disso por conta de suas raízes artísticas de berço, o teatro vaudeville, a tradição do conceito espetáculo norte americano, de show man. Mas deve se lembrar que Buddy abandonou o vaudeville à contra-gosto de seu pai, por querer ser baterista de jazz, numa época em que tal estilo não era visto com bons olhos pela sociedade. O restante já está muito bem documentado em livros, videos, etc.
Buddy lutou para formar a sua própria big band, colocando a bateria como líder, como fizera Krupa, Chick Webb, etc. Eu particularmente não sou muito apreciador de swing bands, como é a maioria das gravações de Buddy Rich, mas isso não quer dizer que seja ruim. Rich em formações menores é brilhante, desde os tempos do chamado bebop até as gravações em que se incorporou o soul, funk e rock. Para quem nunca ouviu, Buddy tocando funk é tão dançante quanto os bateristas do JB's. Na versão de Chameleon em Very Live At Buddy's Place, composta por Herbie Hancock e seu famoso grupo Headhunters, podemos comprovar isso e ainda conta com a participação do baixista Anthony Jackson. A sessão ainda inclui os clássicos como Jumpin' At The Woodside e Billy's Bounce. Não há mais o que dizer e mais uma vez, a música fala por si só. Clique na imagem da capa do disco para acessar o arquivo.
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