sábado, março 17, 2012

Archie Shepp – A Sea Of Faces (1975)

Archie Shepp também faz parte dos músicos da música popular afro norte americana que dispensam comentários. Muito já foi relatado à seu respeito e infelizmente muitos apenas comentam sobre seu passado, sua associação com John Coltrane, encerrando-o no sepulcro dos ícones do jazz ou sei lá o que. Fire Music, Attica Blues... até quando vão ficar regorgitando sobre este assunto? O fato é que Shepp ainda está na ativa, não despeja mais sua fire music através do saxofone tenor, pois agora as limitações físicas o impedem de fazê-lo. Nas últimas décadas Shepp remodelou seu discurso, nos entrega uma arte mais serena. Destilou todo seu conhecimento, pesquisa, experiências e sua trajetória de vida do ponto de vista de um artísta fruto da diápora africana que se estabeleceu na américa do norte em poema cantando o blues. Sim, aquele mesmo blues que muitos conhecem, mas os campos de algodão se transformaram em edifícios, automóveis, o chicote e as correntes em sub-empregos e marginalidade. Mas o separatismo ainda está presente, não de forma explicita e legalmente exposta como antes, mas diluída num mar de faces da multidão. Shepp tem seus altos e baixos, o que é comum na maioria dos artístas, muitas gravações não acrescentaram nada de significativo para a música criativa. Afinal Shepp também é um ser humano igual a todos nós e as contas à pagar não levam em conta seus tempos de fire music. Em A Sea Of Faces, Shepp conta com grandes parcerias das quais gostaria de destacar, que são o pianista e compositor Dave Burrell, ainda em atividade, que deveria ter o reconhecimento devido por ser um dos principais pianistas do que ainda relutam em chamar de free jazz, ao lado e na mesma estatura de Cecil Taylor. O outro é o baterista Beaver Harris, que infelizmente ficou ofuscado por ser tratado apenas como o baterista do saxofonista que tocou com Coltrane. Beaver Harris além de tudo mais, avançou e desbravou outros territórios e participou do que se chamou de No Wave no undergound de New York. Também contou com a belíssima voz de Bunny Foy para declamar seu poema blues. Clique na imagem para acessar o arquivo.

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