quinta-feira, junho 07, 2007
Tal pai, tal filho...
É... o filho do cara... o filho de John Coltrane. Toca o chamado Jazz e os mesmos instrumentos que o pai, saxofones tenor e soprano. O filho de Thelonious Monk, T.S. Monk escapou das comparações por escolher a bateria. Eric Mingus também toca contra-baixo como o pai, mas ele usa mais sua voz, sua poética, mais haver com Amiri Baraka, Last Poets, mistura rock na sua arte. Temos muitos exemplos de filhos de grandes artístas, não só na música.
Mas quem é mais interessado em música, houve uma expectativa em torno do filho de Trane, pois ele também começou a tocar Jazz e ainda de quebra, foi tocar com um grande parceiro do pai, o baterista Elvin Jones. Lá na terra deles, nos Estados Unidos da América do Norte, o pessoal lida melhor com estas situações, isto é, lidam com mais imparcialidade, independente de quem é o pai, a mãe.
Em 1998 saiu seu primeiro disco autoral, o Moving Pictures. Tive a oportunidade de conferir seu trabalho. É um bom disco, tem haver com a turma de Steve Coleman, Joshua Redman, Greg Osby, Antonio Hart, etc. São seus contemporâneos, cada um com sua personalidade. Este é o ponto, personalidade. Comparações injustas e desnecessárias, Ravi está fazendo o seu som, tem suas semelhanças e óbvia influência da obra do pai mas, é o lance dele.
Aqui no Brasil, já rola uma carência maior, veja o caso da filha da Elis, que não consegue se livrar da sombra da mãe. Talvez ela até tente e saiba que deve escolher seu próprio rumo, mas muitas pessoas querem a mãe de volta. John Coltrane e Elis Regina se foram muito cedo, foram perdas duras para seus admiradores.
O que me levou a falar à respeito de Ravi Coltrane, foi ter lido algumas matérias de jornal e revistas especializadas, pois ele se apresentou aqui no Brasil pela segunda vez. Tive a oportunidade de assistí-lo num festival em 2000. Para mim foi um bônus, pois fui pela atração principal, que era o Art Ensemble Of Chicago, pois não estava tão interessado no trabalho de Ravi que conhecia de seu disco de 1998. Foi uma apresentação honesta, competente, até um tanto quanto tímida em relação ao AEOC.
Como disse antes, ele está fazendo o lance dele, mas o pessoal daqui parece não focar nisso, muitos artigos ficam falando que é o filho de Trane. Quando falam do seu som, ficam fazendo equivocadas comparações com o pai.
Sobre este tipo de carência e saudosismo, nem precisa ser um lance de pai póstumo, Ian MacKaye, que não é filho de nenhum artísta famoso passou pelo constrangimento de ter que falar sobre seus "filhos" famosos, as remotas bandas do chamado estilo Hardcore,Teen Idles e Minor Threat. Tinha muita gente em 1994 lhe perturbando sobre o que tinha feito no início dos anos 80. Não interessava muito o seu trabalho no momento, que era o Fugazi. O Fugazi era diferente do Minor Threat, lógico. Muita gente meio que engoliu à força o som do Fugazi em consideração ao ídolo do Hardcore. Mas não parou nisso. Recentemente, neste ano mesmo, MacKaye se apresentou aqui ao lado de sua esposa com seu duo The Evens. E acredite, teve gente que foi lá na esperança de ver algo como o... calma, não é mais o Minor Threat, mas sim o Fugazi!
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2 comentários:
Oi Rubens gostei do seu comentário sobre o Ravi, porém é inegável a comparação com o Coltrane;e, infelizemente, como improvisador, ele está muito longe de ser um destaque, vemos isso claramente nos videos do Elvin que ele toca.Mas, é um bom músico.
É Pedro, coitado do filho do Frank Zappa então. Mas é assim mesmo e graças a Deus, temos a chance de sermos seres únicos.
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