segunda-feira, setembro 29, 2008

A volta dos discos de vinil? E o Jazz?

Já faz um bom tempo que se fala sobre a volta dos discos de vinil. Sem dúvida o seu consumo pela juventude aumentou muito, mas é uma parcela menor da juventude, que busca uma emulação de uma época. Há muitas argumentações sobre a preferência pelo vinil, como apreciação melhor da arte da capa e o encarte, o saudosismo, a sabor de descobrir as músicas do lado B, a durabilidade maior que o cd e a mais infundada de todas, a suposta qualidade superior sonora. Segundo um dos mestres das gravações, que era responsável por fazer as matrizes dos discos de vinil de maior qualidade de todos os tempos, os da gravadora de Jazz Blue Note, o engenheiro Rudy Van Gelder deu graças à tecnologia digital e depois a tecnologia de gravação de 25 bits eliminou qualquer possibilidade do cd ser inferior ao vinil. Ora, é que simplesmente a maioria dos tocadores de cd's domésticos e aparelhos de som disponíveis no mercado não é de boa qualidade e não conseguem reproduzir integralmente o registro do cd. Em muitas pesquisas científicas se constatou que apenas uma em dez pessoas conseguia distinguir a diferença entre vinil e cd e ainda que por conta do ruído dos sulcos dos vinil.
No campo específico do Jazz, algumas gravadoras tem relançado réplicas de seu catálogo para atender este segmento de mercado. Mas que gosta de Jazz contemporâneo, seja de novos artístas ou acompanha o trabalho atual dos poucos veteranos da era do vinil, dificilmente encontrará estas gravações em discos de vinil. E mesmo muitas grav
ações antigas foram relançadas em cd com extras que compensam o formato em cd. Existia também o problema das gravações que ultrapassavam a capacidade dos sulcos em uma face do vinil, resultando naqueles terríveis fade-outs no lado A e fade-in no lado B, como ocorreu em discos de Pharoah Sanders e John Coltrane. Alguns selos que se especializavam em Free Jazz não dispunham de qualidade de matéria prima, como o caso de ESP que muitas gravações ficavam com uma prensagem de baixa qualidade. Muitos relançamentos em vinil no famosos formato 180 gm, não garantem uma qualidade superior de gravação e prensagem, como ocorre com muios relançamentos por aí. A maioria dos discos em vinil lançados por Sun Ra eram de baixa qualidade para baratear os custos e hoje suas réplicas são vendidas à preços abusivos.
Mas quem gosta do fetiche do disco de vinil, gosta de ouvir música do passado(no melhor sentido), pode se alegrar com esse pequeno renovo sobre o vinil.
Embora o Jazz, principalmente o Free Jazz se mantém vivo e renovado, proporcionando grandes gravações em formato digital em mídia CD, via pequenos selos, como CIMP, Eremite, Okka Disk, Cadence Jazz, Emanem, HatHut, FMP, Tzadik, Silkheart, Ayler, etc.

domingo, setembro 28, 2008

ELEIÇÔES 2008...

Bem, não há mais o que dizer sobre estas eleições, todos nós vamos ver o que acontece em 2009.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Jaca, Schiavon e suas mitologias

Eis que esta semana foi aniversário de um bom amigo. Uma comemoração simples, do tipo que eu gosto. Como recomendou o apóstolo Paulo, "não seja pesado à ninguém", realmente o que me contentou foi desfrutar de uma boa conversa. Definitivamente a qualidade não é a quantidade, como muitas festas badaladas onde a música do Minutemen serve bem: "Shit You Hear At Parties", festas cheias de pessoas, os famosos "bicões", "os amigos dos amigos que trouxeram um amigo" e a festa de aniversário desvia seu foco para os alheios se divertirem às custas do aniversariante que muitas vezes nem são amigos.
Eis que se encontra o amigo de meu amigo aniversariante, o autor da arte acima, sim, o Jaca. Muito conhecido no meio dos quadrinhos, de leituras como a finada revista Animal, as publicações Tonto ou como muitos dizem, o mito dos quadrinhos underground. Até meu amigo recebeu esta denominação, por conta de suas personagens, como a Vesga, Morsa, Tomate Ladrão(o meu preferido).
O que me chamou a atenção sobre o Jaca, foi o qu
e escreveram à respeito dele recentemente, numa matéria generosa em uma boa revista inclinada a chamada arte. Sobre esta questão do que chamam de "dom artístico" e "injustiça do universo"(será que se refere ao bom e justo Deus?), vamos desmitificar: Thomas Alva Edison disse com autoridade e sabedoria uma frase que meu professor de desenho, pintura e história da arte na faculdade nos repassou: "Na arte, é 99% de esforço e 1% de talento".
Pois é, a arte produzida por M.C. Escher, Ornette Coleman, John Coltrane, Pablo PIcasso, Jaca, Schiavon, Hayao Miyazaki, Katsuhiro Otomo, Osamu Tesuka, são feitas para as pessoas apreciarem e também incentivarem, não para nutrirem um dos mais baixos sentimentos humanos como a inveja.
O que comprova a frase do inventor da lâmpada incandescente, era o que Trane fazia, praticava saxofone mais de 10 horas por dia, Otomo, Tesuka e Miyazaki debruçavam em suas pranchetas de manhã até a madrugada e por aí vai. Sei que a intenção era elogiar, mas isso não justifica nutrir, mesmo que sem intenção, tal sentimento abominável. Ora, a questão é simplesmente tomar vergonha na cara e se esforçar e mesmo que não se alcance o mesmo nível destes artístas, terá criado algo de valor. Exemplo? Ramones, muita gente fala que é música de retardado, que qualquer um pode fazer igual e blá, blá, blá... Os Ramones não se comparam ao que Mozart fez, mas fizeram história, influenciaram milhares de pessoas, sua música toca nas rádios e tv's até hoje e principalmente, emocionam!
Voltando ao Jaca, não posso dizer que o conheço, afinal poucas palavras em cerca de duas horas não dá pra conhecer ninguém de verdade. Mas a impressão que ficou foi de uma boa pessoa, agradável e simples, nada haver com o que escreveram sobre ele. Um cara que tem prazer em comer um simples bolo de boteco, sim aqueles que sempre ficam no balcão do bar e só os tiozinhos do povão comem, conversar sobre coisas comuns, como animais de estimação num bate papo sereno.
O mesmo posso dizer do meu amigo Schiavon. Muito escutei à seu respeito, talvez baseado em seus personagens cortando a cabeça de alguém ou ateando fogo em algo. Mudei completamente a impressão que me passaram, quando ele disse que gostava do personagem Nekobasu(o gato ônibus do filme Tonarino Totoro, de Miyazaki), quando em suas épocas difíceis, contou as parcas moedas e repartiu o pão de torresmo comigo. Pode parecer um exemplo sem importância, mas na verdade aí reside a verdadeira generosidade, repartir algo quando este algo faz falta. É muito fácil oferecer um rango quando a geladeira está cheia.
Os jornalistas pensam que estão prestando um bom serviço, deixando suas imaginações criarem textos romantizados sobre muitos fatos e pessoas e muitas vezes acham que é uma boa homenagem. Um artísta de bom caráter não quer se colocar em um nível superior, ele não acha que sua arte é mais importante que um pão francês de padaria. A sua arte é consequência de sua vida, seu cotidiano, mesmo que baseado em um mundo onírico. O bom artísta só quer compartilhar o fruto do seu trabalho, como se compartilha um pão de torresmo.

quinta-feira, setembro 18, 2008

Sonny Rollins vem ao Brasil

Sonny Rollins finalmente vem ao Brasil. Engraçado que de um tempo pra cá virou moda falar sobre ele. Mais engraçado que anos atrás ninguém dava bola para o que Sonny andou fazendo estes anos todos, pelo menos nos últimos 20 anos, justamente o compatível para essa juventude que o descobriu. Mesmo tendo a oportunidade de ter acesso à uma obra contemporânea de Sonny Rollins. Tudo bem, são muitos bons os seus trabalhos mais famosos do passado, como The Bridge, Sonny On Impulse!, Freedom Suite, Tenor Madness, Saxophone Colossus, Alfie, suas associações com Max Roach, Thelonious Monk, mas e o restante de seu trabalho? Decadas de 70, 80, 90 e esta, Sonny seguiu tocando e gravando. Aí fica esse burburinho por conta do velho, isso mesmo, o tratam como uma peça de museu, um dos últimos sobreviventes do Jazz... Engraçado é que muito pessoal mais velho, que já passou dos 40 é que acabam sendo mais coerentes, esperando assistir justamente o que Sonny tem feito últimamente. Engraçado também é que certo segmento jovem que fica idolatrando Sonny Rollins, terá a chance de ouvir o que ele tem feito últimamente, um Jazz de qualidade, mas convencional e muito similar aos músicos que eles negam e falam mal, é, os famosos young lyons do Jazz... Mas quem gosta do que chamam de "jazz mainstream"(isso não quer dizer que não há alta qualidade artística), como James Carter, Joe Lovano, Wynton Marsalis, Greg Osby em algumas gravações, Joshua Redman, Branford Marsalis por exemplo, vai gostar.


quarta-feira, setembro 17, 2008

Música, arte em São Paulo, que já tem Starbucks!

A tecnologia anda à passos largos e apressados, boas novas da Islândia ou Lýðveldið, que saiu na frente e já desenvolveu os automóveis movidos à hidrogênio. Um país que ganhou sua autonomia apenas em 1874. Ah, ficou mais conhecida para quem gosta de música através do grupo Sugarcubes e Björk.
E a nossa São Paulo, o orgulho de desenvolvimento brazuca, av.Paulista, rua Oscar Freire e suas outras "maravilhas", como a aberração desumana na rua Mercúrio, uma favela vertical, em frente a nova diversão da classe média, o mercado municipal e os famosos pastéis de bacalhau e sanduba de mortadela. Sim, o crack continua rolando pelas ruas. Mas isto é um assunto para os candidatos à prefeitura e vereadores que tem uma fórmula mágica para resolver tudo isso. Aqui o assunto é mais descartável: música contemporânea paulistana e tecnologia.
A bossa nova ainda é tratada como a última bolacha do pacote, como se o mundo tivesse mudado por conta dela. Caso algum brasileiro ainda não saiba, a música que mudou e tem mudado o mundo em grande escala, foi o chamado Jazz, o Rock'n'roll, o Rap e a House music. Aqui em São Paulo, mesmo que pareça, a coisa não evolui nos seus fundamentos, apenas em sua estética, temos tv's de plasma e apenas menos de 10 canais de tv abertos em VHF, com programas em formato criado à 50 anos. O paulistano ainda depende do que os estrangeiros fazem para que depois eles se "arrisquem". Eu já tinha abordado este assunto aqui antes, esse lance de "rap underground", isso é uma tremenda bobagem, pois o rap brasileiro não precisa deste rótulo, mesmo presente em jingles de comerciais, não tem o orçamento milionário dos norte-americanos, com seus carros de luxo, mansões e outras bobagens. Mesmo o Racionais, que é o mais famoso, tem dificuldades em se manter e ser respeitado pela indústria cultural. Os grupos de rock atuais podem até parecer com o que acontece no chamado primeiro mundo, mas é só estética, não tem fundamento, pode ser bem produzido, devido as facilidades tecnológicas que estão mais acessíveis, mas não tem consistência. Nos anos 80( por favor, sem saudosismo), os grupos de rock inspirados no pós-punk, tecno-pop americano e inglês, os grupos de punk rock e de heavy metal podiam até ser precários, instrumentos musicais ruins, roupas meio cafonas, gravações de baixa qualidade, muitas ingênuas, mas tinham um frescor e personalidade, mesmo que muito influenciadas pelos estrangeiros. Eles queriam fazer o som próprio deles, do jeito que eles podiam. Muita gente pode discordar, de que não era diferente de hoje em dia, só que hoje temos recursos. Não, se fizermos uma análise despida de conceitos pessoais, veremos que a verdade é outra. O conceito de influência foi distorcido, veja o caso de Jimi Hendrix, ele tinha influência de muitos bluesmen como Muddy Waters, Otis Rush, etc., mas o que ele fazia era bem diferente. John Coltrane tinha influência de Johnny Hodges, Charlie Parker, Sonny Rollins, depois Ornette, Ayler, mas depois criou algo diferente, com seus próprios conceitos. Os jovens de hoje em dia, muitas vezes querem reproduzir exatamente igual os seus ídolos e chamam isto de influência. Mais honesto seria dizer que são "covers". Capas, aparencias, uma simulação, estética. Aqui só se usa o termo cover quando um grupo toca as músicas de seus ídolos, como Beatles cover, U2 cover, Pink Floyd cover, etc. Aqui em São Paulo a maioria dos grupos de "jazz" se expõem ao ridículo de imitarem os solos dos músicos do passado, dizendo que estão improvisando. Como a maioria dos ouvintes carece de informação musical, não percebe isto e consomem uma arte cadaverizada como se fosse a cereja do bolo. E aqui o jazz parou nos anos 50! O brasileiro não entende que o jazz está na vida dos norte-americanos, existe uma tradição, não uma mumuficação. O New Orleans não é mais o mesmo, nem o Congo Square. Muita coisa é preservada por questão de documento histórico e turístico, mas o jazz continua caminhando, sempre em frente, seja com o Neo-Bop, o M-BASE, a Free improvisation, o Free jazz. Eles usam os elementos ditos tradicionais não por referência estética, mas porque são parte de sua essência e não soa como uma coisa de parque temático, como grupo de jazz "New Orleans" paulistano.
A chamada "street art". Muita gente fala mal, muita gente abraça.Tem coisas realmente interessantes, mas muitas a gente olha, depois vê uma revista importada de anos atrás e se sente enganado. Mas no saldo geral, até que vai bem, pois é muito enfadonho o feudo das artes pláticas que sempre existiu em São Paulo, cheio de conceitos que são do começo do século passado. Nas artes plásticas, o que importa é a pessoa olhar e gostar, causar um impacto, se não, é melhor comprar uma gravura impressa na tok&stock ou etna, que sai bem mais em conta...

quarta-feira, setembro 10, 2008

Soninha e o Brasil Chaos A.D.

Definitivamente este mundo está com seus dias contados, não há mais condições da justiça reinar sob a tutela da humanidade. A vereadora Claudete Alves(PT) foi gritar com Soninha na porta do banheiro da Câmara Municipal que afirmou o hábito da Casa aprovar projetos em troca de cargos, favores e até propina. Carlos Apolinário debochou da capacidade de Soninha ser vereadora por ser comentarista esportiva, jornalista(?!!!). A parte da população que não está anestesiada sabe da verdade, mesmo que não tenha acesso aos detalhes sórdidos dos bastidores da "Casa". Tempos atrás, diriam que uma mulher não teria capacidade de exercer o cargo. Se Soninha não tem capacidade de ser vereadora, então qual a diferença dela para estes:
-Ademir da Guia(PR) - professor de futebol;
-Aguinaldo Timóteo(PR) - artista(ô menino!);
-Carlos Apólinário(DEM) - advogado e empresário(lembrem-se que muitos advogados defendem causas de traficantes, golpistas(falaê, Dantas!) e outros tipos de criminosos. A maioria dos empresários não se importa com os interesses da população e sim do seu próprio negócio, mesmo que em detrimento da maioria da... população!);
-Wadih Mutran(PP) - bacharel em direito e corretor de imóveis(bem, o direito e as leis estão cheios de emendas e recursos para justificar atos ilegais e sabemos da especulação imobiliária que assola a cidade(salve para o pessoal da Prestes Maia!);
-Claudete Alves(PT) - pedagoga.
Confira os vereadores que elegemos neste link: http://www.camara.sp.gov.br/vereadores.asp
Confira a baixaria na "Casa" neste outro link: http://www.estadao.com.br/nacional/eleicoes2008/
Eu particularmente tenho minhas reservas à Soninha, simplesmente por não conhecê-la de fato, conversamos pouquíssimas vezes em mais de dez anos. Não votei nela para vereadora por ter dúvidas sobre o que ela realmente queria e podia fazer. Ah, só uma obervação sobre o que ela disse em telejornal sobre o problema do trânsito chaos a.d. de São Paulo: Ela usa moto, mas tem um problema nisso, a moto pode aliviar o congestionamento, mas a moto polui mais que um carro, simplesmente pelo fato do motor de uma moto ser 2 tempos e isso acarreta maior emissão de gás carbônico. Mas isso é só um detalhe fora do contexto deste post.
Mas eu gostaria de que a Soninha tivesse a chance de provar que pode tentar melhorar esta cidade caótica(não, isso não é um cliché, basta andar pela Avenida do Estado, Avenida Guarapiranga e constatar isso, pois São Paulo é muuuuuito mais que Rua Oscar Freire e Avenida Paulista). Provavelmente Soninha não será a nova prefeita, mas tem meu voto de confiança, mesmo que este meu voto seja insignificante.
Enquanto isso, as pessoas estão preocupadas com o show da Madonna e os cientístas do mundo inteiro em sua empáfia, acreditam que vão descobrir o segredo do universo com um acelerador de partículas de 9 bilhões de dólares(eita dinheirinho bem gasto não? Diz aê Africa!).

quinta-feira, setembro 04, 2008

Ode to Gravity: Shandar Records (May 23, 1973)



As of May 1973 when this program was recorded, Shandar Records of Paris had produced a series of 14 impressive record albums by avant-garde composers and performers including Terry Riley, Steve Reich, Karlheinz Stockhausen, La Monte Young, Pandit Pran Nath, Cecil Taylor, Albert Ayler, Sunny Murray, and Sun Ra. The owner of the company, Chantal d'Arcy talks in Paris with Philip Freriks, a reporter for VPRO/Amsterdam about the record company and her views on new music. Charles Amirkhanian also presents selections from Shandar Records, including a complete performance of “Four Organs” by Steve Reich.


http://www.archive.org/
 
 
Studio Ghibli Brasil