Já faz um bom tempo que se fala sobre a volta dos discos de vinil. Sem dúvida o seu consumo pela juventude aumentou muito, mas é uma parcela menor da juventude, que busca uma emulação de uma época. Há muitas argumentações sobre a preferência pelo vinil, como apreciação melhor da arte da capa e o encarte, o saudosismo, a sabor de descobrir as músicas do lado B, a durabilidade maior que o cd e a mais infundada de todas, a suposta qualidade superior sonora. Segundo um dos mestres das gravações, que era responsável por fazer as matrizes dos discos de vinil de maior qualidade de todos os tempos, os da gravadora de Jazz Blue Note, o engenheiro Rudy Van Gelder deu graças à tecnologia digital e depois a tecnologia de gravação de 25 bits eliminou qualquer possibilidade do cd ser inferior ao vinil. Ora, é que simplesmente a maioria dos tocadores de cd's domésticos e aparelhos de som disponíveis no mercado não é de boa qualidade e não conseguem reproduzir integralmente o registro do cd. Em muitas pesquisas científicas se constatou que apenas uma em dez pessoas conseguia distinguir a diferença entre vinil e cd e ainda que por conta do ruído dos sulcos dos vinil.
No campo específico do Jazz, algumas gravadoras tem relançado réplicas de seu catálogo para atender este segmento de mercado. Mas que gosta de Jazz contemporâneo, seja de novos artístas ou acompanha o trabalho atual dos poucos veteranos da era do vinil, dificilmente encontrará estas gravações em discos de vinil. E mesmo muitas gravações antigas foram relançadas em cd com extras que compensam o formato em cd. Existia também o problema das gravações que ultrapassavam a capacidade dos sulcos em uma face do vinil, resultando naqueles terríveis fade-outs no lado A e fade-in no lado B, como ocorreu em discos de Pharoah Sanders e John Coltrane. Alguns selos que se especializavam em Free Jazz não dispunham de qualidade de matéria prima, como o caso de ESP que muitas gravações ficavam com uma prensagem de baixa qualidade. Muitos relançamentos em vinil no famosos formato 180 gm, não garantem uma qualidade superior de gravação e prensagem, como ocorre com muios relançamentos por aí. A maioria dos discos em vinil lançados por Sun Ra eram de baixa qualidade para baratear os custos e hoje suas réplicas são vendidas à preços abusivos.
Mas quem gosta do fetiche do disco de vinil, gosta de ouvir música do passado(no melhor sentido), pode se alegrar com esse pequeno renovo sobre o vinil.
Embora o Jazz, principalmente o Free Jazz se mantém vivo e renovado, proporcionando grandes gravações em formato digital em mídia CD, via pequenos selos, como CIMP, Eremite, Okka Disk, Cadence Jazz, Emanem, HatHut, FMP, Tzadik, Silkheart, Ayler, etc.
segunda-feira, setembro 29, 2008
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