quarta-feira, julho 14, 2010

Vandermark 5 - Annular Gift (2009)

Ken Vandermark toca saxofone tenor, barítono, clarinete em sí bemol, clarinete baixo, é compositor, fotógrafo, lidera e participa de dezenas de projetos musicais, de trabalhos solo à grandes conjuntos. Também é um dos principais artístas que trouxe renovação e inovação ao cenário do free jazz em Chicago e mundial. O quinteto Vandermark 5 é o seu principal projeto e trouxe grande renovo ao estilo, unindo a tradição do jazz, a liberdade da improvisação livre e elementos de diferentes estilos, como o funk e o rock. Diferente de seus antecessores, como Herbie Hancock a sonoridade do V5 tem mais haver com o funk de grupos como o Sly And The Family Stone e o Funkadelic de George Clinton, que fundiu o ritmo dançante com o peso do rock dos anos 70 e o rock psicodélico e progressivo de bandas como The Grateful Dead, King Crimson e MC5. Mas também se amplia nos territórios da música experimental, da música jamaicana, punk rock e música erudita de vanguarda. Uma característica das composições do V5, são as homenagens dedicadas a vários tipos de artístas, de Jackie Chan à Mark Rothko, que segundo Vandermark, não remetem ao estilo do homenageado na composição e sim, são como uma carta de agradecimento pelo impacto de sua arte. Já passaram pelo V5, o saxofonista Mars Williams, que participou em uma faixa do disco The Mind Is A Terrible Thing To Taste do Ministry, o baterista Tim Mulvena que agora toca no The Eternals e o trombonista e guitarrista Jeb Bishop. A entrada do violoncelista Fred Lonberg-Holm, trouxe uma grande diferença à sonoridade do quinteto, com suas texturas sonoras criadas pelos efeitos eletrônicos e acústicos. Sem dúvida, o Vandermark 5 é um dos grupos mais criativos de free jazz da atualidade e vale a pena conferir. Clique no título no link para acessar o arquivo: V5 - AG

*Se possível, contribua com o trabalho de Vandermark comprando seus discos, pois é um artísta independente e não tem o suporte de grandes selos e patrocinadores.

quinta-feira, julho 08, 2010

Max Roach - The Loadstar (1977)

Creio que já se falou tudo quanto é possível sobre Max Roach, e além do mais, a sua arte e seu instrumento falam até hoje através de seu legado. Esta formação com Billy Harper no sax tenor, Cecil Bridgewater no trompete e Reggie Workman na bateria, foi o formato que o acompanhou por cerca de 30 anos. Bridgewater foi o mais constante e hoje leciona em diversas escolas e faculdades nos EUA. Harper, apesar de não ser tão comentado como seus contemporâneos, se enquadra na geração chamada pós-Coltrane e é um brilhante compositor além de seu estilo virtuoso e vigoroso no saxofone. Sua composição mais conhecida é um clássico, se chama Capra Black, e se encontra na última gravação de Lee Morgan, além do seu disco homônimo como lider. Workman está na ativa até hoje e faz parte do free jazz de New York, ao lado de William Parker e Henry Grimes no cenário local. Ficou conhecido por sua parceria com John Coltrane no início dos anos 60, precedendo Jimmy Garrison.
The Matyr é uma releitura para Praise For A Martyr, gravada em 1961 no disco Percussion Bitter Sweet, que contava com
Booker Little, Julian Priester, Eric Dolphy, Clifford Jordan, Mal Waldron, Art Davis, Carlos Valdez, Carlos Eugenio e Abbey Lincoln, coma mesma urgência e vigor, compactada no formato de quarteto. Six Bit Blues tem um belíssimo solo de Bridgewater profundamente arraizado nas tradições da música afro-americana. Ambas as músicas tem o compasso ternário que caracterizou grandes mudanças rítmicas no jazz, que ficaram muito conhecidas por Max Roach e Joe Morello. Clique no link para acessar o arquivo: http://www.mediafire.com/?zjmhthmajzf

terça-feira, julho 06, 2010

Olhaí o povo trabalhador brasileiro...

Desta vez eu saio do foco deste blog para repassar um e-mail que recebí neste manhã de terça-feira, 6 de Julho de 2010:

É INACREDITÁVEL – B I Z A R R O, ABSURDO - MAS É O “NOSSO BRASIL” !
Aconteceu no Ceará!

Curso para 500 mulheres.

Como o setor têxtil é de vital importância para a economia do Ceará, a demanda por mão de obra na indústria têxtil é imensa e precisa ser constan temente formada e preparada.
Diante disso, o Sinditêxtil fechou um acordo com o Governo para coordenar um curso de formação de costureiras.
O governo exigiu que o curso deveria atender a um grupo de 500 mulheres que recebem o Bolsa Família. De novo: só para aquelas que recebem o Bolsa Família.
O importante acordo foi fechado dentro das seguintes atribuições: o Governo entrou com o recurso; o SENAI com a formação das costureiras, através de um curso de 120 horas/aula; e o Sinditêxtil, com o compromisso de enviar o cadastro das formadas às inúmeras indústrias do setor, que dariam emprego às novas costureiras.
Pela carência de mão obra, a idéia não poderia ser melhor.
Pois bem. O curso foi concluído recentemente e, com isso, os cadastros das costureiras formadas foram enviados para as empresas, que se prontificaram em fazer as contratações.
E foi nessa hora que a porca torceu o rabo, gente. Anotem aí: o número de contratações foi ZERO. Entenderam bem? ZERO!
Enquanto ouvia o relato, até imaginei que o número poderia ser baixo, mas o fato é que não houve uma contratação sequer. ZERO.
Sem nenhum exagero. O motivo?
Simples, embora triste e muito lamentável, como afirma com dó, o diretor do Sinditêxtil: todas as costureiras, por estarem incluídas no Bolsa Família, se negaram a trabalhar com carteira assinada. Para todas as 500 costureiras que fizeram o curso , o Bolsa Família é um benefício que não pode ser perdido.
É para sempre. Nenhuma admite perder o subsídio

SEM NEGÓCIO.
Repito: de forma uníssona, a condição imposta pelas 500 formadas é de que não se negocia a perda do Bolsa Família. Para trabalhar como costureira, só recebendo por fora, na informalidade. Como as empresas se negaram, nenhuma costureira foi aproveitada.

Casos idênticos do mesmo horror estão se multiplicando em vários setores.

QUEM ESTÁ CRIANDO ELEITORES DE CABRESTO, COMPRADOS ATÉ EM SUA DIGNIDADE, RECUSANDO-SE A TRABALHAR PELO SEU SUSTENTO?

E QUEM PAGA O PATO, TODO MÊS 27,5 % ?

Dentro deste mesmo assunto narro aqui o ocorrido em Seropédica e Paracambi, municípios localizados na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.
O mesmo programa foi instalado aqui só que com Cursos para formação de mão de obra para construção Civil ( pedreiros, carpinteiros, eletricistas, bombeiros hidráulicos e outros) e não se conseguiu alunos suficientes pois os beneficiários diziam que se fizessem o curso e fossem empregados perderiam o Bolsa família.
A maioria prefere depender do benefício e complementar a renda, quando o faz, com "bicos".
Alguns dias atrás o Governo falou que vai aumentar a abrangência desse "malefício", e o prefeito do Rio de Janeiro vai dar um "abono" de R$ 100,00 a todos os beneficiários do mesmo.
E quem paga a conta???

domingo, julho 04, 2010

Copa do mundo de futebol: "Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração."

Este fim de semana que passou parecia um feriado de 2 de Novembro. Desci algumas quadras da rua Augusta para tratar de assuntos trabalhistas e constatei o que o silêncio me revelou desde a tarde da sexta-feira anterior: rolou uma espécie de luto pela desclassificação da seleção brazuca nesta copa de 2010. Antes que alguém me acuse de anti-futebol e etc, eu não tenho nada contra o esporte, não tenho time e concordo com o que o Pelé disse em uma recente entrevista, que não torce contra ninguém. Isso eu achei legal, pra quê essa atitude de criança mimada que foi contrariada? Vingancinha? Foi patética a derrota da Argentina, pela sua soberba e arcaram com a concequencia de sua atitude arrogante e de zombaria: 4X0. A Itália também se deu mal por acreditar na tradição da camiseta azul. E muitas vezes o brasileiro acredita num suposto direito a supremacia em certas coisas. Depois fica passando vergonha e culpando o Dunga e o juiz. Sei lá viu, mas agora a marca de balas Tic Tac vai ter que recolher o sabor Hexa de novo(eu guardei o da última copa que o Brasil não faturou o título).
Não é nada edificante esse lance do brasileiro achar que é dono do futebol, que a seleção tem obrigação de ganhar sempre. Afinal as competições esportivas tem algo interessante justamente pela sucessão de vencedores, justamente por seu mérito, indepenedente de alguém achar que trapacearam, pois o gosto real da vitória só desfruta quem o fez de forma honesta. Se não quer descer do trono, basta fazer como Kim Jong II, a saber o ditador da Coréia do Norte.
Também fico triste quando uma pessoa coloca no altar certas coisas, como a seleção, o futebol, o time acima de tudo em sua breve vida. A pessoa depende apenas de 90 minutos periódicos e instáveis para ser feliz. Mas como disse uma pessoa que muita gente idolatra sem entendê-lo, o ignora por não crer, ou por outros motivos, tem razão, independente de filosofia, opinião ou religião: "
Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
". Foi o que Jesus Cristo disse. O que entendo é isso, a pessoa acaba limitando sua felicidade e a tornando instável por acreditar em valores voláteis, passageiros e tornando o viver uma coisa menor do que poderia ser.
Ah, em 2014, que a lição de casa esteja em dia para não passar vexame no boletim escolar da vida, não é porque a copa será no Brasil que tenhamos o direito de ter o título. Que vença o melhor e como diz o título de uma música do grupo The Last Poets: "
Blessed Are Those Who Struggle
"- Bem aventurados aqueles que se esforçam!

sexta-feira, julho 02, 2010

Cenário musical independente paulistano e seus depoimentos

Me lembro de um dos motivos de ter criado este blog a cerca de quatro anos. A web digital proporcionou um avanço grandioso para o cenário musical independente, que não dispunha de muitas ferramentas. Tinhamos os zines, que tinham um alcance muito limitado, as vezes alguns programas de rádio fm, alguns artigos em revistas de comportamento jovem e a raridade de alguma coisa veiculada na tv aberta. Hoje em dia, temos tudo isso e muito mais, informação simultânea e ligada ao mundo inteiro e etc. Não creio que seja necessário me aprofundar nestas ferramentas de midia, como o blog, sites, podcasts, myspace, twitter, pois o que não falta são dissertações sobre estes meios de comunicação da era digital.
Me lembro do meu erro ao não checar as fontes de informação de forma correta, ou seja, se a fonte era confiável e se havia coerência com a verdade. E isso não foi feito de forma irresponsável, pois era um assunto ao qual eu tinha vivenciado, mas como não me foi concedido a onipresença e onisciencia, não pude apurar a verdade dos fatos de forma cem por cento isenta de opiniões pessoais, alheias. Enfim, foi um aprendizado e hoje as coisas estão claras.
Últimamente tenho visto a documentação de movimentações culturais em formato digital, coisa que não podia ser feita no fim dos anos 80 e 90 até. Quem iria ficar andando com uma câmera de video high 8 ou gravador k7 nas baladas e shows de São Paulo o tempo todo, ou nas rodas de conversa das pessoas que participaram deste cenário? E vejo como a memória humana pode ser falha ou infelizmente, tendenciosa. Cada um conta sua história do jeito que lembra, do jeito que queria que tivesse sido. O irônico dissso é que a contra cultura paulistana que rebateu e repugnou a parafernália burguesa, a ditadura e o poder, acabou fazendo algo semelhante ao relatar sua curta trajetória. Depoimentos e textos são feitos de forma romantizada e idealizada e não raramente, totalmente fora da realidade. É como a maiora da documentação da história da humanidade, os livros tratam a fundação de nações e cidades como uma coisa linda e maravilhosa e quem tem bom senso sabe que nunca foi assim. A história do homem foi escrita com sangue, mas não sangue como adjetivo de esforço e trabalho, mas como violência, instintos malignos, interesses próprios não visando o bem coletivo e outros ransos.
Mas hoje em dia, eu particularmente não vejo, não sinto necessidade e não quero buscar, pesquisar, investigar e divulgar sobre o que realmente aconteceu e acontece neste meio cultural paulistano com intuito de jornalismo investigatório ou documental. Se houver alguma relevância, tudo será esclarecido de alguma forma, cedo ou tarde a verdade aparece. Cada um que conte a sua história como deseja seu coração e sua consciência. E depois, muita coisa não tem importância, vai se dissolver no avançar do tempo, a vida envolve coisas muito mais importantes do que isso, a não ser que as pessoas coloquem a arte como carro chefe de suas breves existências nesta terra. Breves existências? Sim, pois se todo ser humano pudesse viver exatamente cem anos, o que é cem anos perante a eternidade, a qual não temos a verdadeira noção de sua dimensão.
"
Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.
" Tiago 4.14

quinta-feira, julho 01, 2010

Rammellzee (?/?/1960 – 27/06/2010)




























Um artísta incrível, ao contrário da longevidade dos dois últimos que escreví neste blog, se foi apenas aos 49 anos de idade. Uma coluna da cultura hiphop e da arte de New York encerra sua trajetória. Se o graffiti que está tão em alta nestes tempos, foi Rammellzee quem o fundamentou na forma como o conhecemos e é um de seus pioneiros. Grafiteiro, rapper, estilista, não importa o "rótulo", e sim a sua arte extremamente criativa. Se quiser conhecer mais sobre o mentor do Gothic Futurism, acesse os links abaixo:


http://www.gothicfuturism.com/
http://www.myspace.com/rammellzee

sexta-feira, junho 25, 2010

Fred Anderson Lives in Our Memories and Hearts! by Jasmine Anderson-Sebaggala

"Hello Family and Friends!

My name is Jasmine Anderson-Sebaggala, I am Fred Anderson's grandaughter. I am writing on behalf of my family. We appreciate the support and prayers for my grandfather, Fred Anderson.
My Grandfather received visits and phone calls from more than 200 people.
People traveled from various cities to visit him.
Thanks for sharing great vibes, stories, food and love.
My grandfather died peacefully on Thursday June 24, 2010 at 3:10 a.m. He was in hospice at The Ark in Park Ridge, IL.
We will miss my grandfather's presence, and cherish our memories of him. He was a humble man that helped and inspired others and loved his family and friends.
The velvety smooth sounds blown from his horn remind me of his dedication, strength and courage.
We will always honor his legacy, work ethic and determination.
Funeral arrangements are pending.

In lieu of flowers, our family asks that donations be endorsed to AIRMW with a memo that it is for the Velvet Lounge Fund and sent to Asian Improv aRts Midwest, c/o JASC 4427 N. Clark St. Chicago, IL 60640.
All proceeds will go to support keeping the Velvet Lounge open and thriving into the future.


Condolence cards and greetings can be sent to:

Jasmine Anderson-Sebaggala
2117 West Howard Street Unit 3D
Evanston Illinois 60602


Sincerely,

Jasmine Anderson-Sebaggala"

Suntimes.com obituary article of Fred Anderson
Musicianguide.com biography of Fred Anderson
Myspace.com of Fred Anderson
The Velvet Lounge

Fred Anderson (22/03/1929 - 24/06/2010)



















quinta-feira, junho 24, 2010

Brötzmann / Drake Live in New York City (18/04/2010)

Video de 18 de Abril, 2010 com o Peter Brötzmann/Hamid Drake duo em concerto no The Clemente Soto Velez Cultural Center's SEA Theater na cidade de New York. Videos gravados e editados por Zak Sherzad e publicados originalmente pelo site do selo Eremite.



sexta-feira, junho 18, 2010

Bill Dixon se retira...


Pois é, o Bill Dixon se foi... como se foram muitos outros. Chegou o seu tempo, não o que nós queremos, mas digamos(independente de questões religiosas), foi o tempo de Deus. William Robert Dixon se foi aos 84 anos de idade maneira serena com seus familiares, depois de lutar por 2 anos de uma enfermidade, segundo o obituário ofcial. Consequências da vida, não se vive para sempre, salvo alguns casos, que se vai um pouco mais longe, mas não para sempre, como o casal turco Abdullah e Elif que chegou até os 113 e 110 anos até o momento. Tiveram uma vida saudável em todos os sentidos. Fred Anderson também não goza de boa saúde, segundo a comunidade de Free Jazz de Chicago a qual recebo notícias diárias. É assim mesmo, o tempo passa, os corpos humanos se desgastam e chega um momento em que a vida carnal tem seu fim, é inevitável. De poucos anos pra cá tenho ouvido falar de Bill Dixon pelas novas gerações, talvez tenha ganho destaque por conta de sua recente gravação com a nova geração, como o também trompetista Rob Mazurek. Mas infelizmente as pessoas não estavam interessadas em pesquisar sobre Dixon, que não tem um material tão difícil de se encontrar. Enquanto o foco estava em outros ícones da música por conta de relançamentos em midia, como John Coltrane, Sun Ra, apresentações musicais como a volta do Art Ensemble Of Chicago, Dixon continuava sua trajetória desde os anos 60. As pessoas mais jovens ficam sentidas quando um veterano morre e muitas vezes é um sentimento um tanto quanto egoísta da pessoa, que quer estar mais próxima de alguma forma, e há uma sensação de perda em vários níveis. Os familiares e amigos naturalmente passam por isso, pois se perde muito mais que um nome ou um som, mas um pai, um amigo... Me lembro quando morreu o baterista Max Roach, o qual conhecí pessoalmente apenas em 2000, depois de começar a conhecer seu trabalho em meados dos anos 90. Ora, Max Roach estava na ativa desde os anos 40. Não fiquei triste com sua morte, pois soube que ele se foi de forma tranquila ao lado da família. Então me deu uma saudade, de ouvir novamente aquela bateria que "falava", de suas opiniões sobre a música em seus depoimentos e entrevistas. Coloquei suas gravações para tocar e apreciar sua arte. Contemplei toda sua obra e pensei comigo mesmo que ele tinha feito tudo que podia pela arte, e foi muita coisa. Deixou um legado, um importante registro na música e ainda ajudou a mudar o rumo dela. Max Roach cumpriu a missão e se foi em paz.
Creio que não foi diferente com Bill Dixon. Não vou aqui regorgitar o que já está publicado em vários tipos de mídia. A sua arte fala por sí só. Quem quiser que ouça o som de seu trompete ou as cores de suas pinturas. Dixon se foi em paz e também cumpriu a missão e deixou um legado. Como na foto acima, Bill abre passagem para outras gerações continuarem a passar pelos corredores e subir as escadas e chegar a outros lugares.

Quem quiser conhecê-lo: http://www.bill-dixon.com/


quinta-feira, junho 17, 2010

KOCH/ROHRER/GIANFRATTI - 24/06/2010

HANS KOCH: Nasceu em 1948, Biel, Switzerland toca clarinete baixo, clarinete contrabaixo, saxofone soprano, saxofone tenor e electronicos, já participou da orquestra de Cecil Taylor, gravou com Paul Bley, London Improvisers Orchestra, Louis Sclavis, Evan Parker, Barry Guy, Butch Morris entra outros.
THOMAS ROHRER:
Suíço radicado no Brasil desde 1995, Thomas Rohrer iniciou seus estudos musicais como violinista e estudou saxofone com Othmar Kramis na escola de jazz de Lucerna. O seu trabalho transita entre a improvisação livre, o jazz contemporâneo e a música regional brasileira. Em 1999 tocou no Montreux Jazz Festival acompanhando Chico Cesar, Rita Ribeiro e Zeca Baleiro. Apresentou-se na Suíca, Itália, Nova York e no Brasil em duo com a percussionista italiana Alessandra Belloni. Em 2002 realizou uma turnê pela França, Espanha e Inglaterra com o quinteto de música instrumental de Carlinhos Antunes. Participou do espetáculo Mãe Gentil do coreógrafo Ivaldo Bertazzo e, com Fábio Freire, fez a trilha sonora original do documentário longa-metragem Saudade do Futuro, de Cesar Paes.
ANTONIO GIANFRATTI: Nasceu em São Paulo - Brasil. É baterista , percussionista, construtor de peças de percussão e free improviser. Tem se dedicado a música improvisada há muitos anos, divulgando esta vertente, através de apresentações e workshops, em espaços culturais, teatros, museus, galerias de arte e festivais. Fundador do grupo Abaetetuba de improvisação livre, juntamente com seu parceiro Yedo Gibson, com o qual produziu 4 cds e com os músicos Rodrigo Montoya e Renato Ferreira, também produzindo 4 cds.
Integrante do Duo TOPA, juntamente com Thomas Rohrer, tendo a produção de 2 cds.


O trio de improvisação livre musical, se reune novamente no Brasil para o lançamento de CD, no Centro Cultural São Paulo no dia 24/06/ 2010 às 21:00h, onde haverá um concerto na sala espaço cênico Adhemar Guerra, com entrada grátis.

Mais informações:

http://www.myspace.com/antoniopandagianfratti
http://www.myspace.com/thomasrohrer
http://www.myspace.com/kochschutzstuder

segunda-feira, junho 07, 2010

Sunny's Time Now (DVD)


O documentário Sunny's Time Now, sobre o baterista de Free Jazz e Improvisação Sunny Murray, teve exibições públicas na Europa e o dvd já está disponível. Vale a pena conferir este filme que nos relata sobre as grandes inovações da percussão na música pela ótica de um artísta inovador que continua a desenvolver seu trabalho musical de forma ousada.
Mais informações no link abaixo:

http://www.ptd.lu/stn.htm

quinta-feira, junho 03, 2010

Rashied Ali e Sirone são homenageados no site oficial do Vision Festival












Clique nas fotos para acessar os artigos no site do Vision Festival.

O Vision Festival é organizado pela Arts For Art, Inc., organização multicultural sem fins lucrativos cujo objectivo é construir o conhecimento ea compreensão do avantjazz relacionadas com movimentos expressivos e incentivando ao mesmo tempo um senso de comunidade entre os artistas e seu público. Suas atividades principais são a apresentação da música, inovadora e criativa, a dança, espectáculos multi-media, palavra falada, e da exposição de artes visuais. Arte Pela Arte, Inc. é especialmente dedicada à apresentação da música americana inovadora a partir de uma perspectiva afro-americana e tradições. Avantjazz é uma conseqüência direta do jazz, da música historicamente do africano-americano. No entanto, avantjazz foi ganhando audiência em todo o mundo e artistas de todas as culturas. Assim, a programação é multi-racial, reflexo deste desenvolvimento de avantjazz em uma música multi-cultural. Música inovadora que vem sendo desenvolvida no lado inferior do leste de New York (U.S.A.), aclamado no mundo inteiro e apoiado, permanece sub-exposta e sem suporte no seu lugar de origem. Assim, os objetivos são reconhecer e manter o legado dessa arte, enquanto assegurar o seu futuro através da criação de um lugar para o seu desenvolvimento. Desde o início de artes para o festival de arte e visão levaram uma mensagem de consciência social clara. A própria instituição de artes para a arte é um ato político de auto-determinação. A.F.A. mantém a crença de que a arte realmente move as pessoas e que, para mover as pessoas é um ato político poderoso.

Arts For Art, Inc. - 107 Suffolk Street #3.5 - New York, NY 10002

phone: (212) 254-5420, event info: (212) 696-6681, fax: (212) 254-5420

General Information, Press Contact, Vision/RUCMA Series: info@visionfestival.org

quarta-feira, junho 02, 2010

Improvisação Livre e Free Jazz no Brasil, temos um futuro?

Num sábado típico de outono de céu limpo e ensolarado com baixa temperatura, encontrei com um amigo, o músico especializado em Improvisação Livre, Antonio "Panda" Gianfratti. Enquanto ele consertava suas peças de bateria no luthier, conversamos sobre vários assuntos e principalmente sobre música. Basicamente lamentamos a distorção sobre o conceito musical difundido no Brasil, do modelo equivocado e segmentado que faz escola até os dias de hoje, como se fosse uma tradição à zelar. Comentei que fui à uma escola de música especializada em Jazz e o professor me disse que suas aulas se baseavam no estilo do trompetista norte americano Woody Shaw. Ótimo trompetista, mas eu caí fora, pois não creio que este seja o melhor método de ensino para um instrumento, centralizando no estilo de um músico em particular e se fosse apenas usado como um de inúmeros exemplos, poderia ser positivo na didática. Este assunto veio à tona pois estávamos na região da rua Teodoro Sampaio, conhecida como rua dos músicos, pela alta concentração do comércio de instrumentos musicais, algumas escolas de músicas e onde ocorrem algumas apresentações musicais. Alí naquelas três quadras vemos o efeito do modelo imposto e sua consequente padronização de produtos. Dificilmente se encontra um instrumento como oboé, fagote, saxofone sopranino ou outros modelos e marcas de instrumentos mais conhecidos, como saxofones e guitarras. Automaticamente esta padronização se transferiu aos músicos, suas referências e estilos. Inúmeras vezes presenciei performances de ótimos músicos no quesito técnico, mas desprovidos de personalidade. Falando em personalidade, quando já estava para se encerrar uma performance musical semanal que é promovida por uma loja de instrumentos musicais que o público prestigia na calçada, nós estávamos perto e o Panda ouviu o som do saxofone tocando e disse-me: "Parece o Fábio". Eu respondí que poderia ser, pois ele costuma tocar naquele local. Fábio participou do projeto ao qual o Panda é desenvolvedor, o grupo de Improvisação Livre Abaetetuba, que hoje tem a maioria de seus membros radicados na Europa. Fábio havia se afastado do grupo por divergencias musicais e naquela tarde se reencontrou com o Panda depois de muitos anos. Quando Fábio terminou sua apresentação, se uniu a nós na copnversa que se prolongou até certa hora da noite. Discutimos os rumos da improvisação livre, os avanços dela nos países europeus, das dificuldades de espaço e mantimento do cenário musical que é naturalmente restrito em todo o mundo. Em certo momento, Panda contou da sua frustração de não poder ficar residindo na Europa, onde alguns anos atrás, teve a oportunidade de fazê-lo e poder desenvolver seu trabalho ao lado de grandes improvisadores do cenário europeu e aconselhou ao Fábio, que aproveitasse enquanto tivesse tempo oportunidade, pois é uma grande experiência à se vivenciar. Mas o fato do Panda não poder ficado naquela época, teve seu propósito, pois ele se mantendo aqui no Brasil, fez uma sólida parceria com o músico suiço radicado em São Paulo, Thomas Rohrer, que juntos, mantiveram vivas as possibilidades de haver algo mais consistente por aqui. Também não o impediu de novamente ir à Europa e ter novas experiências e fazer novas alianças com outros músicos, como foi o caso do William Parker. E o trabalho desta dupla abriu uma porta para outros músicos, como a jovem pianista Michelle Agnes e até este que vos escreve que teve o privilégio de participar de bons encontros musicais após 2007.
Como eu disse ao Panda e ao Fábio, talvez em 10 anos, contando com o fim das barreiras de acesso à informação com o advento da rede mundial de comutadores que nos fornece amplo acesso e de forma simultânea com os
outros países possamos vislumbrar um cenário de música de improvisação livre, mesmo que restrito, mas sólido e contínuo em São Paulo ou até em outras partes do Brasil.

domingo, maio 30, 2010

Ari Brown - Venus (1998)

1. Oui Lee
2. Trane's Example
3. Roscoe
4. Venus
5. Quiet Time
6. Baldhead Gerald
7. Oh What A World We're Living In
8. Rahsaan In The Serengeti

Ari Brown (soprano, alto, tenor saxophones);
Kirk Brown (piano);
Avreeayl Ra (drums);
Art Burton (congas, bongos)

Rec.: Riverside Studio (03/03/1998 - 03/04/1998)

Para mais detalhes sobre este saxofonista e pianista de Chicago membro da AACM e do The Ritual trio de Kahil El Zabar, acesse o blog
Farofa Moderna, onde escrevi um post mais detalhado. Para acessar o arquivo, clique na imagem acima.

quarta-feira, maio 26, 2010

Token Entry - The Weight Of The World (1990)

Esta foi a última gravação do Token Entry, o disco que não agradou alguns apreciadores da banda, pois a sonoridade evoluiu para um estilo mais rock, os vocais mais rap de Tim Chunks e solos de guitarra mais apurados. Alguns disseram que eles se tornaram uma banda de funk'o'metal, o que não é verdade. Os novos membros deram uma nova sonoridade, com Richie "Stretch" Acham nas guitarras, que tem o domínio sob o instrumento como Rocky George do Suicidal Tendencies e o baixista Matt Citarella proveu uma base sólida com swing, sem aqueles exageros de slap bass característicos do funk'o'metal. Ernie continuou conduzindo o ritmo do Token Entry até deixar a bateria e tocar guitarra no Black Train Jack. A faixa Doing It Again lembra a sonoridade dos disco anteriores e as outras músicas são muito boas. Partindo da idéia de que o hardcore não se limita à uma estilística sonora e abordar de forma mais aberta, The Weight Of The World é um ótimo disco e vale a pena conferir. Já o Black Train Jack, que inclusive teve seu registro lançado no Brasil, tinha a expectativa de uma ligação ou continuação com o Token Entry, mas apenas uma faixa que Ernie compôs e fez os vocais lembrou a sua antiga banda. Fora que o BTJ fez uma versão horrível the One Love do Bob Marley. Clique na imagem para acessar o arquivo.

terça-feira, maio 25, 2010

Token Entry - Rarities (1985 - 1989)

Rarities contém as gravações do Token Entry na coletanea Free For All de 1989, do compacto Ready Or Not... Here We Come, performance ao vivo no WNYU e faixas inéditas. Clique na imagem acima para acessar o arquivo.

segunda-feira, maio 24, 2010

Token Entry - Jaybird (1988)

Este é o clássico do Token Entry ao qual tenho comentado neste blog. O disco passa tão rápido quanto uma session de downhill, que dá vontade de ouvir novamente. A reedição digital inclui uma versão inusitada de uma veterena banda de rock. A produção é claro, ficou por conta do guitarrista do Bad Brains, Dr. Know. Clique na imagem acima para acessar o arquivo.

domingo, maio 23, 2010

Bridgestone Music Festival 2010, mas a música não é o assunto principal

É realmente muito bom o critério da produção do festival, que procura trazer artístas de expressão no cenário atual da música instrumental ou direcionada ao que chamam de jazz. Creio que o nome foi a substituição de patrocínio, que antes era de uma bebida, que trouxe artístistas que destoaram completamente do que o público habitual deste tipo de evento costuma ver, como Andrew Cyrille, James Newton e Archie Shepp. Desta vez tivemos o Don Byron e seu New Gospel Quintet, com Pheeroan AkLaff na bateria. Claro que o organizador é ponderado em relação ao casting, pois imagine se ele escalasse o cenário da improvisação livre européia atual? Seria um desastre de bilheteria, os desavidados sairiam xingando do recinto e ficaria uma dezena de pessoas para apreciar as cacofonias dos músicos. A improvisação livre é um tipo de manisfestação artística muito restrito, não é superior a nenhuma arte musical, apenas é mais uma gama dela.
Mas o assunto sobre este post é sobre o evento, independente de quem está no palco. O local onde ocorre o evento anual antes era conhecido como Palace, lugar sempre escolhido para acolher um cantor que insistem em chamar de rei fazia seus concorridos shows. Tinha um certo glamour sobre este lugar. Mas quando você entra no local onde acontece as apresentações, se depara com mesas se apertando e balançando com suas pernas tortas, com um certo desconforto que não condiz com o preço dos ingressos. Mas as pessoas se sujeitam a isso tudo pela carência de um evento internacional. Há uma certa aura de elevação intelectual entre o público em sua maioria, afinal está em um evento internacional de jazz, de música sofisticada. Tudo mera ilusão. A maioria depende de seu curto repertório(às vezes é a aquela coleção de jazz da folha de são paulo) para poder assimilar a música executada. A codificação em suas mentes do que é jazz se moldou à um modelo totalmente equivocado. Mas ninguém sai ferido nesta batalha sonora, todos voltam para casa e com assunto durante a semana em seus respectivos empregos e atividades profissionais e sociais. Eu poderia descrever com mais detalhes as situações que ocorrem neste tipo de vento, mas não vejo necessidade. Sim, com um esforço se abstrai o local, as pessoas, as conversas e se desfruta de boa música. Para mim foi melhor, por chegar ao evento já com as apresentações em andamento e a saída rápida após o encerramento. O que não se pode evitar é o intervalo entre as atrações, onde dividí a mesa com desconhecidos e é complicado abstrair o teor dos diálogos. Outra situação é o costume de aplaudir os solos individuais na música, que atrapalha a audição e muitos o fazem porque se tornou uma convenção em shows de jazz. Isso provavelmente ocorria de forma espontânea em jam sessions antigamente entre os músicos, que se empolgavam com a performance de seus colegas. Hoje isso ocorre de uma forma tão sincronizada e artificial, que parece script de platéia de programa de auditório, tipo Silvio Santos, onde se levanta uma placa escrito: "aplausos", por trás das câmeras.
Em alguns momentos eu fiquei me questionando o que estava fazendo naquele lugar, mesmo compreendendo estas mazelas e convenções sociais. Claro que este tipo de evento sempre trará alguma atração que eu aprecie e terei que fazer o exercício de abstração para apreciar somente a música. Mas é assim mesmo, the show must go on.

ps.: Agradeço ao meu colega Wagner Pitta e seu blog Farofa Moderna pela cortesia.

quinta-feira, maio 20, 2010

MPB, taí uma coisa que brasileiro não gosta...

Os números e as cifras não mentem, a maioria da população não está nem aí para a mpb, pra Chico, Tom, as novas cantoras. Não? Se você só assiste a TV Cultura e lê os 2 jornais de maior tiragem do estado de São Paulo, pode até se iludir de que isso não seja verdade. Fato recente, na virada cultural quem quis prestigiar um show de mpb, foi atrapalhado pelo blá-blá-blá do povo que não estava nem ai pra música. Os rankings apontam o pop amorfo americano no topo das paradas, nas rádios mais populares de São Paulo. Mas e o samba? Ilusão também. Dá aquela impressão no carnaval, nos pagodinhos de bar, mas mesmo o pagode que o povo gosta já está contaminado com a super produção espelhada nos artístistas do R'n'B americano e o mesmo acontece com o sertanejo e o axé. Cada vez mais este lugar vai tomando um aspecto genérico e sem identidade, como se fosse uma tv samsung ou coisa parecida, tanto faz, afinal é apenas um grande retângulo preto fino e brilhante. Esse troço de brasilidade é da classe média intelectual, que coloca nome nos filhos de Antonia, Maria, Domingas, pois na perifa é Jenifer, Mikely, Jonathan.

sábado, maio 01, 2010

Tetsuya Nishio



Nishio participou na direção de animação dos filmes Jin Roh, Sky Crawlers, Blood, abertura de Cowboy Bebop, etc.

sexta-feira, abril 30, 2010

Hardware - Third Eye Open (1992)

Você gosta de hard rock? Talvez venha em sua mente aquelas bandas dos anos 70 com um bando de cabeludos e barbudos empunhando suas guitarras. Esqueça. Hardware foi um projeto de Bill Laswell com nomes inusitados para o hard rock, como Bootsy Collins, que foi baixista do JB's de James Brown e Parliament de George Clinton. Buddy Miles é um velho conhecido do rock, afinal foi membro do primeiro trio de rock negro, o Band of Gypsys, ao lado de Billy Cox e Jimi Hendrix. Steve Salas se tornou um dos principais guitarristas de George Clinton e trabalhou com Rod Stewart, Stevie Vai, além de Bootsy.
Digamos que o projeto Hardware é funk rock, black rock, dando continuidade à série criada por Laswell, a Black Arc. Conta com a participação de George Clinton, Gary 'Mudbone' Cooper, ex companheiros de Bootsy no P-Funk e Bernard Fowler, que participou de inúmeros projetos, com Rolling Stones, Herbie Hancock, Material, James Blood Ulmer, Duran Duran, Yoko Ono, entre muitos outros.
Clique na foto da capa para acessar o arquivo.

quarta-feira, abril 28, 2010

Albert Ayler Quintet - Truth Is Marching In (01/05/1966)

Alguns anos se passaram após um certo destaque da mídia especializada sobre o saxofonista Albert Ayler. O lançamento de uma caixa de cd's com muitas gravações inéditas e principalmente a gravação de Ayler tocando no funeral de John Coltrane. Depois o lançamento de um documentário em video de Ayler, que conta com raríssimas imagens de Ayler também colocaram-no em evidência.
Pouco se comenta que Ayler foi grande influência no direcionamento musical de John Coltrane em sua chamada última fase, de 1965 à 1967, assim como a gravação Ascencion foi inspirada na gravação Free Jazz de Ornette Coleman. Mas Ayler também foi influenciado por Trane, numa fase anterior, quando Trane se destacava no hardbop. Mas logo no início dos anos 60, Ayler já começava a solidificar seu próprio estilo, como pode ser constatado em sua primeira gravação como líder em 1962.
Quando se trata de jazz spiritual, sempre vem a tona a suite A Love Supreme de Coltrane. Sim, é uma belíssima obra que foi dedicada como um louvor à Deus. Mas Ayler manteve o foco nesta espiritualidade, enquanto Trane foi para campos místicos, como se pode notar em títulos como Om, Interstellar Spaces, etc.
A maioria das composições de Ayler tem títulos ligados ao Espírito Santo, Deus, Jesus, etc. Inclusive Ayler gravou o disco Goin' Home, só com versões de hinos das igrejas protestantes cristãs e mais tarde seu discípulo, o saxofonista David Murray gravou o disco Spirituals, da mesma maneira.
Uma forte característica na música de Ayler são os temas que tem a sonoridade das marchas militares, talvez tenha sido influência de seus tempos na banda da escola e no serviço militar, como Ghosts, Bells e Spirits por exemplo.
Albert Ayler é um nome fundamental na história do free jazz e sempre é válido comentar sobre sua arte, que continua contemporânea e emocionante. Clique na imagem acima para acessar o arquivo.

terça-feira, abril 27, 2010

O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento

A frase acima é um trecho do livro do profeta Oséias, no Antigo Testamento. O texto especificamente fala sobre o povo israelita que rejeitou a lei de Deus e ficaram à sua própria sorte, tendo que arcar com a consequência de seus atos e sua cidade foi destruída por outros povos.
A manipulação da palavra causa muitos males e a ignorância mais ainda. A religião fundada pelo profeta Mohammed, não se baseia em homens-bomba, violência e fanatismo, fala de paz. A maioria dos praticantes que entram nestas questões radicais, são manipuladas pelos seus lideres que não tornam acessível o conhecimento das palavras contidas em seu livro sagrado. Só divulgam de forma isolada algumas frases que são o suficiente para causar graves danos. O Vaticano fez a mesma coisa com a Bíblia, tudo era em latim(língua morta e complexa), que só os líderes tinham domínio. As missas também eram conduzidas da mesma forma, o povo ficava a mercê dos padres, bispos e papa. Foi instaurado um clima de medo e obscuridade, de castigo, etc. Promoveram massacres a outros povos que não compartilhavam de sua opinião religiosa, como fizeram com os muçulmanos. Mas a questão não é essa.
Podemos usar esta frase em nosso cotidiano, livre de questões religiosas. O conhecimento é um ítem que realmente tem a capacidade de nos poupar de situações adversas. Por exemplo, se tivermos o conhecimento básico aprendido numa escola pública, ao comprarmos algum produto no mercado e lermos as especificações no rótulo, saberemos se poderemos consumí-lo sem nos causar dano. Minhas aulas de química não eram das melhores(estudei em escola pública, em meio a muitas greves), mas o pouco que aprendi me ajuda no dia a dia, ao comprar alimentos, produtos de limpeza, etc. Compreender as clausulas de um contrato ou um documento evitam problemas posteriores, tanto que existe um dito popular: "Escreveu e não leu, o pau comeu".
O que me motivou a escrever este post, foi o uso indevido da palavra apocalipse em muitos textos e frases que tenho lido e escutado por aí. E isso não vem de pessoas que foram privadas do ensino básico, muito pelo contrário, tiveram acesso ao chamado nível superior de ensino, como USP, PUC, etc. Alguns deles trabalham no jornalismo, onde é essencial um certo domínio do conhecimento das palavras. Afinal publicam textos tanto via impressa como virtual para o público. São pessoas que leram muito mais livros que eu lí, escrevem a muito mais tempo do que eu. Eu apenas gostava de fazer redações na escola e depois de muito tempo, comecei a escrever neste blog.
Vamos lá:
Apocalipse(
αποκάλυψις): palavra de origem grega que significa revelação.
Como se pode perceber, há uma enorme diferença entre o verdadeiro significado e o que as pessoas supõem que signifique. Apocalipse não significa o fim do mundo. Talvez por não ter se traduzido o título do último livro da Bíblia(em grego, conjunto de livros), tenha gerado esta distorção do significado. Sim, o conteúdo de Apocalipse trata sobre o fim do mundo, mas não é só sobre isso. Talvez por pré-conceito, ignorância, preguiça ou outros motivos, as pessoas reproduzem uma informação sem averiguar realmente do que elas falam(E olha que no jornalismo é regra examinar as fontes de informação).
Mas em tempos de escrever palavras como: "vc", "naum", "aki", "xego", "flei", que importância tem? Deixe a forma correta de escrita da língua portuguesa para os fósseis da Academia Brasileira de Letras...
Oséias 4.14: "...pois o povo que não tem entendimento será transtornado."

ps.: Diz aê professor Pasquale!

quarta-feira, abril 21, 2010

Token Entry - From Beneath The Streets (1987)

Entre 1989 e 1990 meu amigo recebeu pelo correio um lp do Token Entry, se tratava de Jaybird, o segundo album do grupo de New York que havia sido lançado recentemente. Produzido por Dr.Know, guitarrista do Bad Brains, deu uma sonoridade mais pesada, mais heavy metal. Token Entry fazia parte do cenário do chamado NYHC, que estava em plena ebulição, com bandas como Agnostic Front, Gorilla Biscuits, o surgimento do estilo straightedge com o Youth Of Today, Bold, etc. O Token tinha uma grande afinidade com o que se chamou de Skate Rock, que era o título das compilações que a revista Thrasher Skate Magazine lançava periodicamente, com a maioria das bandas do estilo punk hardcore. Era a trilha ideal para as sessions nas ruas e skateparks, som rápido, radical e cheio de adrenalina. O Token Entry se tornou uma de minhas bandas preferidas logo na primeira audição do Jaybird na casa de meu amigo, em seu pequeno quarto em um conjunto habitacional na zonal sul e mais 4 amigos se apertando entre o armário a cama e o aparelho de som. Foi contagiante.
Eu tinha postado aqui sobre o primeiro compacto ainda com o vocalista que foi para o Killing Time(outro nome conhecido do NYHC) e agora, este é o primeiro lp, com o vocalista Tim Chunks, que se tornou o definitivo. Lançado pela Positive Force Recs em grande estilo, com a capa sempre feita pelo baterista Ernie, com a linguagem do graffiti estilo hihop e a banda na contra-capa na estação de metrô Times Square(os Warriors tinha que passar por ali), já preparava o conteúdo musical. Revelation, Antidote e Latent Images são inesquecíveis, clássicos do skate rock. A gravação é um tanto peculiar, mas em nada compromete. Digo isso por conta da diferença entre From Beneath e Jaybird. Parece que o grave estava mais baixo no Beneath e foi aumentado no Jay. É a mão pesada de Dr. Know que fez a diferença, dando mais densidade na gravação, principalmente nas guitarras. Token Entry é um capítulo importante do hardcore dos anos 80. Clique na imagem acima para acessar o arquivo.
"...grab your board try again its not just a game

ollie to tail totally insane all that I wanna do is skate, skate!
"

sábado, abril 17, 2010

John Coltrane - Jupiter Variation

Sinceramente tenho evitado postar algo sobre John Coltrane para evitar a redundância sobre o assunto. Existem bons livros biográficos sobre o músico, pelo menos dois bons videos que são o World According John Coltrane e Coltrane Legacy. Mais recentemente a edição em língua portuguesa sob o foco das gravações de A Love Supreme recolocou Trane nas publicações brasileiras. Como todo ícone artístico, cria-se uma mitologia, para o bem e para o mal. Um dado precioso sobre Trane é o depoimento de um membro de sua família que afirma com autoridade que ele foi uma pessoa simples como muitas outras, não teve acontecimentos extraordinários em sua infância como personagens de fabulas infantis. Mesmo em sua trajetória musical, encontrou barreiras, desafios e dificuldades. A sua técnica que foi batizada de "sheets of sound" foi desenvolvida pela necessidade de superar limitações técnicas em contraponto de suas concepções musicais que se desenvolviam cada vez mais. Em sua chamada última fase, onde sua música ia em direção a total liberdade das convenções de estilo (vide as últimas versões de My Favourite Things), teve fundamental influência de Albert Ayler, que anteriormente foi influenciado por Trane na década anterior, quando Trane ainda passeava pelo hardbop. Ornette Coleman e sua gravação Free Jazz foi a matriz inspiradora do consagrado Ascension. Enfim, como diz o Sonore, No One Ever Works Alone.
Jupiter Variation como o título sugere, é composto de out takes, material que não foi publicado na sua época, no caso o Interstellar Space. Também foram incluidas as inéditas Number One e Peace On Earth, que foram gravadas em sessões na costa oeste dos E.U.A. e posteriormente em 1972, Charlie Haden e Alice Coltrane refizeram as partes de piano e baixo. Clique na imagem acima para acessar o arquivo.

Frank Lowe - Fresh (1975) * refazendo o link

Eu tinha postado no ano passado sobre esta gravação de Frank Lowe e houve um problema com o link de acesso. Por isso, se você aprecia o trabalho de Lowe ou ainda não conhece, é uma gravação essencial do free jazz e inclusive fez parte da serie de gravações criada pelo selo Arista, a Arista Freedom Series.
Clique aqui neste link para acessar o post onde se encontra o acesso ao arquivo:
http://sonorica.blogspot.com/2009/11/frank-lowe-fresh-1975.html

sexta-feira, abril 16, 2010

Charles Gayle Quartet - Always Born (1988)

Charles Gayle tem sido para mim uma fonte de inspiração ao lado de Giuseppi Logan, que tem resistido e sobrevivido aos duros anos no obscuro caminho do free jazz. Gayle mesmo sendo contemporâneo de grandes nomes da música livre, só teve registro fonográfico no fim dos anos 80. Durante muitos anos se alojou em prédio abandonados em New York e segundo ele, o que o manteve vivo foi a Bíblia e a pratica do seu saxofone. Foram tempos difíceis, longos e frios invernos. Mas finalmente Gayle tem um lar, assim como Logan também agora possui e principalmente, retornaram ao cenário musical. Gayle tem tocado na Europa e Logan acaba de lançar um cd depois de décadas de inatividade e anonimato.
Gayle tem uma forte personalidade musical, uma torrente sonora é lançada ao ar pelo seu saxofone. A maioria de suas músicas, que tem como tema as escrituras sagradas e o cotidiano, deixam fluir a linguagem do espírito de forma ininteligível às linguas criadas pelo homem, mas universalmente compreendido pela linguagem espiritual da música.
Always Born conta com a colaboração de John Tchicai nos saxes soprano e tenor. Tchicai participou da gravação de Ascension e foi membro de um dos grupos mais desafiadores da música livre, o New York Art Quartet. O baixista Sirone (Norris Jones) veio de uma longa carreira musical, já trabalhou com Sam Cooke e Smokey Robinson, Ornette Coleman, Sun Ra, Pharoah Sanders, Albert Ayler, entre muitos outros, além de de ser co-fundador do grupo Revolutionary ENsemble, ao lado de Leroy Jenkins e Jerome Cooper. O baterista Reggie Johnson é de Chicago e logo se tornou membro da AACM, desenvolvendo parcerias com Anthony Braxton, Muhal Richard Abrams, Butch Morris, Roy Campbell, entre outros. São 6 músicas sendo que Coming Together são da autoria de Sirone e Nicholson e as demais de Gayle. Em comparação aos registros posteriores, como Repent, Shout!, Precious Soul, etc, Always Born possui uma atmosfera mais serena, mas é claro, não deixando de ter a intensidade do sopro de Gayle. Sem dúvida, uma bela estréia e um registro essencial do free jazz.
Clique na imagem para acessar o arquivo.

quarta-feira, abril 14, 2010

Zillatron - Lord Of The Harvest (1994)

Já faz um bom tempo que o músico e produtor Bill Laswell lançou uma série entitulada de Black Arc Series, que criou uma nova dimensão para o funk com a participação de grandes músicos do gênero, como alguns membros dos grupos Parliament, Funkadelic e JB's como é o caso do multi-instrumentista Bootsy Collins. Segundo o release da gravadora, o projeto Zillatron é o funk desbravando os territórios da ambient music, techno, hardcore e além. Uma mistura de Funkadelic com Napalm Death. Bootsy tem uma personalidade musical marcante e algumas músicas lembram algo de sua Rubber Band, só que futuristica ou como dizem, cyberfunk. Outras como Exterminate e Bootsy And The Beast são a fusão do metal com o funk de fato, não da forma que ficou conhecida sob o famigerado nome de funk'o'metal. Aliás o tal do funk'o'metal apenas se limitou à tecnica de slap no baixo elétrico e vocais com a métrica do rap. Em Lord Of The Harvest, que foi dedicado ao velho companheiro, o guitarrista Eddie Hazel, que faleceu poucos meses antes da gravação, Bootsy conta com a participação do velho parceiro de P-Funk, o tecladista Bernie Worrell, além do guitarrista Buckethead, Bill Laswell e Umar Bin Hassan do Last Poets. Zillatron não é para fundamentalistas do funk e do metal e sim para ouvidos abertos à novas dimensões da música.
Clique na foto da capa para acessar o arquivo.

sábado, abril 10, 2010

Cenário independente paulistano... dividir e conquistar! the vikings are coming!

A coletânea de bandas punk da escandinavia não tem nada haver com o post, mas esta capa é tão emblemática que a usei para ilustrar a situação. Dividir e conquistar é a tática do império romano e outros impérios para expandir seus domínios. Veja o que aconteceu com as nações da Africa, se fragmentou pela mão do pessoal da pesada que se encontra no continente acima, a Europa. A Europa se auto-proclamou como o centro do mundo e até como berço da civilização... tá bom...
Enquanto o pessoal "selvagem" do Oriente Médio já usava o sistema numérico que usamos e comia com talheres, o "velho mundo" se consumia em peste bubônica e outras mazelas nos seus chamados burgos.
Bem, vamos ao assunto em sí. Apesar de haver uma revitalização do cenário cultural, principalmente o musical independente em São Paulo, depois do grunge, que não podemos negar, causou uma boa movimentação, criando novas bandas e gravadoras, inspirado na pequena Sub Pop, que era apenas uma sala num prédio comercial em Seattle, cidade portuária longe dos centros culturais na California e New York. Até o consagrado grupo Titãs se aventurou nessa barca, convidando o produtor Jack Endino e cada membro se arriscando em projetos paralelos ("Será que isso o que eu necessito?!" - nome da música do disco Titanomaquia).
Mesmo o setor de música comercial se encontra numa situação não muito diferente do meio da música autoral independente. E as bandas que tocam covers, bandas intérpretes, de tributo, etc, adotaram uma técnica de sobrevivência no escasso mercado de bares, casas noturnas e happy hours da cidade. Elas fecham o cerco, limitam as opções às outras bandas, porque se não for desta maneira, fica sem trabalho. Ainda mais neste meio, onde sempre aparece alguém melhor e muitas vezes que cobra menos pelo trabalho e isso também gera uma degradação ao real valor do músico. O proprietário não está nem aí com essa qualidade, ele quer seu estabelecimento cheio e consumindo muito, mesmo que o som não seja feito lá com muito esmero (se for com criatividade e sentimento, esquece!). Se fazem as "panelinhas", que são tão fechadas e resistentes de fazer inveja a Panex, Rochedo e Clock. Mas o meio autoral não deveria ter este tipo de comportamento, pois vale é justamente a característica individual de cada artísta. A diversidade é extremamente benéfica ao meio artístico autoral.
Vamos fechar mais o foco. No caso do chamado cenário punk/hardcore, onde o brasileiro em sua maioria não entendeu que tudo era mais o conceito do que o estilo e sonoridade, acabou limitando tudo nos famosos "one, two, three, four" e 3 acordes. Não há muito o que fazer se o padrão musical foi limitado. Poeticamente, não é diferente, usar de ironia e revolta político social, mais ligada ao relacionamento entre população e orgãos políticos e ideologias. Isso migrou para o hiphop, com o tal do rap denúncia, que narra a injutiça social. Mas a maioria fica só reclamando e não tem uma atitude de efeito contra este mal. E pior quando algum artísta membro da periferia consegue alguma notoriedade e upgrade financeiro, passa a agir como seus opressores burgueses. Tá aí essa cultura do ouro, do "bling", numa atitude exibicionista de "provar" que venceu na vida. Mas na verdade se prostituiu e perdeu seus valores, se é que teve em algum momento.
Com o tempo, o hardcore também se enveredou por outros caminhos além do que era uma alternativa à cultura do consumo descartável. Muitos deste meio estão preocupados em estar "style", tênis tal, guitarra tal(e isso as vezes nem tem haver com a qualidade do instrumento), de serem vistos em lugares de prestígio do cenário, de estar com tal fulano, etc. O cenário musical do punk era estruturado na coletividade e união. Ainda bem que tudo não homogêneo e existem pessoas que fazem pela arte, pelo ideal. Mas coisa poderia ser bem melhor.
Vamos ajustar o microscópio no foco mais fechado: o free jazz e improvisação livre. Aí a coisa fica muito mais difícil. É um tipo de música que não agrada a maioria, pois está oposta ao modelo geral de música como forma de entretenimento. É um tipo de música desafiadora, que o ouvinte tem de parar suas atividades costumeiras para apreciar um terreno que ele não tem controle. O músico Ken Vandermark me disse que as pessoas preferem um papel de parede musical, uma música que seja apenas pano de fundo para suas atividades diárias e não querem ser desafiadas e surpreendidas pela música. E o número de músicos dispostos a se aventurar em um terreno destes, que conta com um reduzido número de apreciadores, também causa uma falta de contingente. Existe até a visão errônea e pré-conceituosa de quem faz este tipo de música, é porque não sabe tocar direito. Mas aí nem se perde tempo com este tipo de pensamento.
Em São Paulo quase não existem músicos que tocam free jazz e improvisação livre, e muito menos lugares para se prestigiar. Ainda bem que SP, seguiu a tendência internacional e este tipo de música encontra espaço em lugares como centros culturais, galerias de arte. Mas o pensamento provinciano coloca em xeque o crescimento deste setor musical. Nestes poucos anos em que surgiram poucas manifestações da música mais radical, já ocorreu a setorização do minúsculo meio. Houveram dois eventos coletivos de improvisação que não foram capazes de criar uma orquestra de improvisação, como é a tendência nos países consolidados no estilo. E isso não tem haver com o número de músicos. Os interesses pessoais, vaidade, ego, sempre prevalecem e emperram o progresso, a evolução musical. No curto espaço de tempo, escutei uma série de falácias neste reduzido meio. Um tal de um não falar com outro, de depreciar as habilidades alheias. Teve caso de parecer que se reinvindicavam um título de pioneiro do free jazz ou coisa parecida. Eu me descuidei e me encontrei no meio desta sujeira, mas pela misericórdia de Deus, rapei fora. A música é importante para mim, mas não ocupa o primeiro lugar em minha vida. Não adiantou muita coisa o Phil Minton, Veryan Weston e Peter Brötzmann tocarem por aqui. Se tornou apenas um evento social, não um aprendizado de humildade e respeito ao próximo. No caso do Brötzmann, o qual conversei rapidamente da vez que esteve aqui, me passou muita serenidade, simpatia e humildade, em contraste à sua arte, que é audaz, selvagem e em alto volume. Se deveria tomar como exemplo a se praticar, o título da gravação do Sonore, trio formado por Peter Brötzmann, Mats Gustafson e Ken Vandermark:
No One Ever Works Alone.
E assim as coisas por aqui caminham com uma dificuldade um tanto quanto desnecessária. E olha que tem gente falando em "energia positiva", "luz", "muito amor"...

"Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os hipócritas também o mesmo?
E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os
hipócritas também assim?"

Evangelho de Mateus capítulo 5, versos de 44 a 47.

sexta-feira, abril 09, 2010

David S. Ware está de volta

Em Janeiro de 2009 o compositor e saxofonista David S. Ware se encontrava em um delicado estado de saúde, precisando urgentemente de um transplante de rim.
Mas as boas novas chegaram e ele está de volta:

"I’m Back !The expression is flying !The practice has the serpent’s tongue.The dexterity is effortless. I’ll perform as much as
karma allows. There may even be some timely surprises. So keep those third ears wide open.
Being a son of Arjuna I continuously contemplate “Be Without the 3 gunas” Yes there’s much action to be engaged in. Father time marches on. Namaste"

David Spencer Ware

quinta-feira, abril 08, 2010

Bomb The Bass - Beat Dis (1988)

Bomb The Bass é o trabalho do músico e produtor inglês Tim Simenon, filho de imigrantes da Malasia. No final dos anos 80 o acid house, um sub-gênero da house music de Chicago, se espalhou pelas pistas de dança e rádios com vários artístas e um deles que emplacou um hit foi o Bomb The Bass com Beat Dis. Beat Dis se tornou um ícone do acid house assim como "Pump Up The Volume" do M.A.R.R.S.
Aqui no Brasil o Bomb The Bass chegou quase que simultaneamente por conta de dj's de pequenas casas noturnas. Eu e meus amigos de bairro nos divertimos muito ao som de Beat Dis, Megablast e Don't Make Me Wait na pista da falecida Phoenix, que ficava na Av. Henrique Schaumann e o logotipo da casa era declaradamente acid house, com o símbolo "smile". Lá era um lugar onde se encontravam muitos amigos e o som era bem variado, onde tocava EBM e hiphop. Inclusive um dos pioneiros do hiphop, o falecido Jr. Blow do Stylo Selvagem, chegou a se apresentar por lá.
Beat Dis foi um sucesso instantaneo não só nas pistas de dança, mas também nas skate sessions nas pistas de skate e ruas de São Paulo.
O single de Beat Dis em vinil se tornou um ítem disputado entre os novos dj's depois do advento do breakbeat no fim dos anos 90. Originalmente são 3 versões diferentes das 2 que estão no lp Into The Dragon, uma versão extendida, uma dub (praticamente a base sem os samplers de voz) e outra remixada.
Clique na foto da capa para acessar o arquivo que além do single original, possui a versão Beat Dat, que está no lp Into The Dragon e a Radio Edit.

quinta-feira, abril 01, 2010

O retrato da cultura do paulistano, do brasileiro

Nesta última terça me encontrei com um amigo que está de mudança para Curitiba. Ele me convidou para tomar um café na rede Starbucks. Sempre que aparece este tipo de coisa, fico um tanto quanto arisco, pois aqui nesta cidade, uma coisa corriqueira se torna fonte de status. E lá fomos ao Starbucks localizado no cruzamento da Alameda Campinas e Alameda Santos, um endereço "nobre"(blergh!) de sampa. Primeiro o lado bom, o local é agradável, ar condicionado um tanto quanto frio, mas os produtos são bons. Tomamos um café com baunilha acompanhado de pão de queijo e muffin de blueberry. Tudo com um ótimo sabor, tamanho satisfatório, o café foi servido naqueles copos grandes com tampa, como se vê nos filmes norte americanos e o muffin era de massa úmida e boa quantidade de fruta como recheio e o pão de queijo crocante por fora e macio por dentro. Não é como boa parte de lugares em São Paulo que servem estas iguarias com preço alto e o muffin parece um bolinho da Seven Boys com prazo de validade vencido e o pão de queijo como aqueles instantâneos de supermercado.
Bem, vamos ao assunto do post. Algumas pessoas agem de modo mais saudável, estão desfrutando apenas de um serviço gastronômico de boa qualidade, apenas isso. Mas a maioria se deixa levar pelas suas própias ambições e acreditam que estão se elevando socialmente. Querem ser vistas nestes locais e se sentirem especiais, mais nobres. Mas numa rede fastfood? Isso ocorre na loja de alfajores Havana, Häagen-Dasz, Burguer King. Como se este tipo de atitude pudesse proporcionar um upgrade intelectual e de status. Passamos na loja da Fnac, que tinha como intuito inicial, ser um megastore mais voltado à cultura. Mas o povo vai lá é para folear semanário e paquerar produtos eletrônicos. A variedade de cd's caiu mais de 65% e deu lugar a prateleiras forradas de dvd's da Ivete, Claudia e etc. Livros? Costuma ser o carro chefe da Fnac, mas a maioria dos exemplares são livros são de um tipo de literatura um tanto quanto, o que posso dizer, Paulo Coelho? Dan Brown? Crime e Castigo? Ora, Dostoievski eu encontro numa maquina de livros pocket na estação de metrô.
Aí fomos ao outro extremo. Descemos a rua Augusta, onde a modernidade jovem voltou a habitar, junto das casas de strip tease degradantes. Um fim de feira livre tem uma aparência mais digna. Vistamos amigos, isso já ao lado do edifício Copan e fomos numa churrascaria com sistema de rodízio, que fica na praça da República. A Trilha Gaúcha, é o oposto do Starbucks. Quem está na churrasqueira é o "Ceará", o piso está sempre seboso, as carnes nem sempre estão no ponto, as vezes salgadas demais, as vezes queimadas e endurecidas. Mas as pessoas que frequentam o Trilha não ligam pra isso, o negócio é a quantidade. O sistema de rodízio lhes permitem se empanturrar de carne, pois não podem gastar tanto dinheiro com carne em seus lares. Ou se come uma costela em casa ou deixa de pagar umas das 20 pretações da tv de lcd comprada nas Casas Bahia.
Isso tudo já não é novidade, pois em São Paulo, sempre foi assim. Então se torna um tanto quanto alienígena escrever sobre jazz, afrobeat, volta dos discos de vinil para colecionadores. Ainda bem que isto aqui é só um blog.
 
 
Studio Ghibli Brasil