quinta-feira, março 30, 2006

Rising Tones Cross

Filmado em 16mm em 1984, este belíssimo filme mostra o cenário novaiorquino do chamado "avant-garde" do Jazz. Teve sua premiere no Festival Anual de Cinema de Berlin. Raríssimos depoimentos de Charles Gayle, que até então residia em um prédio abandonado em New York, onde estudava, praticava e lutava por sua sobrevivência e fortalecia sua fé. Gayle exibe sua arte seja solitário nas ruas, trio e conjuntos maiores. Peter Kowald expõe suas opiniões sobre música e sociedade. Frank Wright, Don Cherry, William Parker, Peter Brötzmann, Jeanne Lee, Rashied Ali, Charles Tyler entre outros em performances únicas no Sound Unity Festival de 1984, que foi pré-cursor do Annual Vision Festival, organizado atualmente por William Parker. Belas imagens de uma New York desconhecida para muitos, longe da Times Square ou 5th Avenue.

sábado, março 25, 2006

Morton Feldman


Nasceu em 12/01/1926 em New York. Aos 12 anos de idade estudou piano com Madame Maurina-Press que foi aluna de Busoni. Nesta época Feldman compôs curtas peças com influência de Scriabin, até iniciar estudo de composição com Wallingford Riegger. Três anos depois foi aluno de Stefan Wolpe, mas passaram mais tempo juntos conversando sobre música.
Então em 1949 conheceu John Cage, um encontro que foi muito importante para a música nos E.U.A. nos anos 50. Cage incentivou Feldman a confiar em seus instintos, resultando em composições totalmente intuitivas. Tornou-se amigo dos compositores Earle Brown e Christian Wolff, os pintores Mark Rothko, Philip Guston, Franz Kline, Jackson Pollock, Robert Rauschenberg e o pianista David Tudor. Os pintores em particular influenciaram Feldman a buscar o seu próprio mundo sonoro, mais físico e imediato do que havia antes, resultando na experimentação de notação gráfica. "Projection 2" foi uma de suas primeiras peças neste idioma, em que os músicos selecionavam suas notas de uma estrutura de tempo e registro. Mas o processo jogava o músico a total improvisação que deixou feldman desconfortável com essa liberdade e abandonou a notação gráfica entre 1953 e 1958. Nas peças "Atlantis" de 1958 e "Out of Last Pieces" de 1960, voltou a usar o sitema gráfico. Logo depois na série de trabalhos instrumentais intitulada de "Durations", as notas tocadas simultaneamente eram escritas com precisão, mas a duração era de livre escolha no tempo dado.
Apartir de 1970, tornou-se professor da Universidade de New York em Buffalo. Suas composições passaram a expandir seu tempo de duração, com mais de 20 minutos.
Em Junho de 1987 se casa com a compositora Barbara Monk. Morre em sua casa em Buffalo, aos 61 anos, em 03/09/1987. Clique no título do post que é um link para o site de Morton Feldman.

quinta-feira, março 23, 2006

Fred Frith


Compositor, improvisador e multi-instrumentista. Co-fundador da banda underground inglesa Henry Cow(1968-78), tocou com John Zorn, Bill Laswell, Tom Cora, Zeena Parkins, Bob Ostertag entre muitos outros. São célebres seus registros com os grupos Naked City, Massacre, Art Bears, Skeleton Crew. Mais conhecido como guitarrista de improvisação, também toca outros instrumentos, como baixo, e violino, além de compor peças para o Rova Saxofone Quartet por exemplo. Frith além de todos os predicados como artísta, é muito gente fina, humilde, que dá extrema importância ao público, que para ele, tem participação fundamental na improvisação, mesmo que seja apenas uma pessoa. Muito de sua pessoa e artísta está registrado no premiado filme documentário Steps Across The Border de Nicolas Humbert e Werner Penzel, que inclusive foi exibido na mostra de cinema em São Paulo, poucos anos atrás. Vale a pena entrar em contato com sua música, uma experiencia única e gratificante. Clique no título do post que é um link para o site oficial de Fred Frith.

quarta-feira, março 22, 2006

Charles Gayle

Nascido em 28/02/1939, Buffalo, New York, E.U.A.. Participou do chamado cenário Free Jazz da década
de 60 e começo de 70. Até meados da década de 80,
Gayle não tinha casa para morar, nem merecido reconhecimento, restando-lhe tocar seu saxofone tenor por 20 anos nas ruas de New York. Isso lhe rendeu dedicação aos estudos, perseverança, fé, vontade de viver. Tocando debaixo de viadutos e morando em prédios abandonados, segundo suas palavras, não tinha certeza se sobrevivería a cada inverno novairoquino. Recentemente voltou a tocar seu primeiro instrumento,
o piano. Também experimentou o clarinete-baixo, bateria e viola, registrados em alguns de seus discos.Tocou e gravou com Cecil Taylor, Sunny Murray, John Tchicai, Henry Grimes e Rashied Ali. Como também Henry Rollins e Thurston Moore.
O som e poder de seu saxofone é conhecido no meio artístico. Composições longas e vigorosas, com temas que falam de simples coisas do cotidiano ou sobre Deus. Aliás Gayle trata sua questão de fé de um modo estritamente particular, sem impor uma pregação religiosa. segundo suas palavras, Deus é uma coisa tão natural pra ele, como respirar.
Somente depois da metade da década de 80 Gayle conseguiu registrar sua música em discos. A Knitting Factory foi fundamental para Gayle, proporcionando-lhe condições para se apresentar e gravar. Atualmente Gayle está em plena atividade, feliz e agradecido por finalmente ter um lugar para morar, um humilde apartamento no centro de New York.
Infelizmente, há poucas informações registradas sobre Gayle, apenas a superfície de sua vasta obra musical. Mas vale a pena pesquisar e ter contato com sua música.

terça-feira, março 21, 2006

Dossiê Hardcore em SP nos anos 90 pt.3

A nossa falta de preocupação com o lado profissional de ter uma banda, nos levou a atitudes nada sensatas. Nosso primeiro show, eu Carlos e André, estávamos alterados antes de subir no palco. Nossas baladas nos bares do bairro de Pinheiros e casas noturnas do Centro, eram acompanhadas de cola de sapateiro, anfetaminas, alcool, etc. Eu e André acreditávamos numa suposta ampliação mental pelo uso de substâncias que alteravam a percepção. Literatura Beatnik levada ao pé da letra não dá coisa boa, ou Punk, como a letra dos Ramones falando sobre cheirar cola ou inúmeras falando de encher a cara, como Gang Green.
Não pode dar pala pro baterista!
É... as coisas tavam indo muito bem e como o Marcelo não era amigo de infância ou de bairro, não sabiámos como ele reagiría a nossa conduta cavalo doido. Tinhamos medo dele sair da banda por achar a gente uns drogados de merda. E achar gente que tocasse esse tipo de som era quase impossível. Num dia após um ensaio, convidamos nosso baterista pra curtir com a gente na casa de um amigo, ao lado do estúdio, onde ficaríamos a noite toda escutando um som e... ingerindo drogas! Estávamos alterados de novo e estávamos preocupados com a reação do Marcelo. Nosso amigo de bairro Fran, gostava de cheirar cola e cantar em castelaño, se jogar no chão. Aí falamos pra ele se comportar e não dar pala pro baterista.Nós tentando controlar a euforia e o Fran aparece na frente do Marcelo, com um saco de cola na mão dizendo: "Eu só sei que não pode dar pala pro baterista!" Como a reação do Marcelo foi achar tudo muito engraçado, relaxamos e contínuamos juntos, mesmo com atitudes absurdas do Carlos e André(cabeças de bagre...), que cheiraram dentro do estúdio para rebater a ressaca da noitada anterior. Ainda bem que pecerbemos que esse negócio de drogas era perda de tempo, que não traria nada de bom para nós, como não traz coisas boas para ninguém. Isso tudo era um mero reflexo da nossa atitude de desprezar a hierarquização presente no underground, queríamos sempre desafiar as coisas, desde tocar covers inusitados até avacalhar apresentadores notórios de rádio, como na festa do Rock Report no teatro Mars, onde o André pesou na do Tatola(ex-Não Religião).
Sem querer agradar ninguém, chegamos bem além de nossas aspirações. É claro que isso gerou inveja de gente pobre de espírito, pois o que conseguímos, não era nada demais. Tanto que uma vez que tocamos em Curitiba, só tinha umas dez pessoas e tocamos felizes.
Facada nas costas
Bom, fatos são fatos, as testemunhas estão aí pra confirmar. Coisas boas estavam pra acontecer com a gente em termos profissionais, mas a mesquinharia estava à nossa volta e nem percebemos. Afinal o capitalismo estava apostando no underground e muita gente queria se dar bem, ganhar algum dinheiro e principalmente um status de merda. A nova volta do skate estava rolando, só que com bases muito mais sólidas, marcas e estrutura feita pelos próprios skatistas, não por empresários de merda como no final dos anos 80. Nosso patrocinador a Dirty Money, tinha dois sócios, os skatistas Testa e Alê Viana. O vocalista do Garage Fuzz ficou amigo do Alê nessa época. A Dirty Money estava no auge, tanto que lançaríam um video de skate. Fomos naturalmente chamados pra ter uma música nossa na trilha sonora. Tínhamos uma única fita demo muito bem gravada em sistema digital, que gravamos no estúdio do R.H. Jackson. E não é que o vocalista do Garage Fuzz fez a cabeça do Alê Viana para tirar a nossa música alegando baixa qualidade de gravação?! Nem é preciso adivinhar quem entrou no nosso lugar. O mais irônico, foi o boicote do João Gordo em nós na coletânea de Hardcore de SP, ao ponto de chamar uma banda que já tinha acabado por falta de bandas do gênero. João Gordo fez isso porquê eramos amigos do vocalista do Garage Fuzz, o qual ele tinha sérias desavenças pessoais. Não para por aí. Um amigo do Carlos estava inaugurando um selo independente que só lançaría compactos e queria que o Tube Screamers fosse lançado junto com o Pin Ups. Nessa época, o tal do Grunge estava em baixa, todos nós estávamos atentos a redescoberta do Funk americano que era promovido por alguns jornais. Então uma banda de Surf music se juntou com conhecidos nossos, e se transformou em banda de Funk. Um dos vocalistas fez a cabeça do dono do selo, dizendo que o nosso som Hardcore já era, que não iria vender nada e que o Funk é que tava pegando no momento. Resultado é que essa banda de Funk entrou em nosso lugar e até o dono do selo entrou pra banda de Funk. Agora me pergunta se o selo prosperou...
E como não para por aí, a banda do primo do André, o Muzzarellas, fez das suas. O baixista da banda fez a cabeça do dono da Dirty Money pra não mais investir tanto em nós porquê supostamente não tinhamos público. Que o Muzzarellas era mais famoso, banda que até o momento, não dava a mínima pro skate. Então o Testa cortou nossa verba de ensaio que era o mais importante porquê não tinhamos muita grana. Como roupa e status não nos interessávamos, caímos fora, não bastasse a palhaçada do vídeo de skate.
Uma vez o Carlos teve que viajar e tínhamos show marcado e era muito importante. Então chamei um amigo pra fazer o baixo e eu na guitarra. Foi muito legal. Todo mundo veio elogiar e ironicamente pessoas que eram "amigas" do Carlos, disseram q estava melhor sem ele. Depois um dos integrantes do Pin Ups começou a trabalhar na RoadRunner do Brasil e disse que se tirássemos o baterista, assinaríamos um contrato. Só pra constar, por dar valor a amizade, perdemos oportunidades concretas da banda se dar bem. Ironicamente hoje em dia, os que defendemos não consideram minha amizade e a do André. Isso me refiro ao episódio Dirty Money. Tenho muitas testemunhas para comprovar tudo que escreví até aqui. Não quero honra ao mérito nem nada. Tanto que caí fora dessa tal "cena Hardcore" em 1995. Só quero registrar que não há muita coisa a se orgulhar nesse rolê todo, que há muita gente falsa que continua mentindo em favor de mérito pessoal. Muita gente que desprezava o Skate, o Hardcore e o Rap, que agora depende deles pra ser alguém hoje em dia. Se conseguiram transformar D. Pedro I em herói, é dois palito pro que tá rolando ai, rapper que não sabe rimar, skatista que não anda de skate, gente que se diz das ruas e não sabe pegar um busão direito, etc. Mas tá beleza, os impostores podem enganar os trôxas, mas quando chegam em casa e põem suas pesadas cabeças nos sujos travesseiros, sabem da verdade, de coisas que não há dinheiro que compre

sábado, março 11, 2006

Dossiê Hardcore em SP nos anos 90 pt.2

Bom, logo depois fui à galeria falar com o Zé Antonio. Ele gostou do nosso show e chamou a gente pra abrir o próximo show do Pin Ups no Espaço Retrô, no próximo mês. Felicidade geral, pois tocar no Retrô abrindo pro Pin Ups, era como abrir pro Minor Threat no CBGB! Aí pensamos em chutar o pau da barraca, chega de Sonic Youth e Mudhoney, vamos tocar Hardcore! Ensaiamos covers "You are" do Bad Religion e "Under your Influence" do Dag Nasty, que eram coisas totalmente desconhecidas pra grande maioria das pessoas. Só os que tinham acesso as publicações estrangeiras e intercâmbio, é que conheciam estas bandas. Então se abriu um novo mundo para nós, conhecemos muitas bandas do cenário "Guitar bands", como o Burn(Koala do Hateen), Cold Turkey(Rafael do Planet Hemp), Garage Fuzz, Mickey Junkies, Killing Chainsaw entre outras. O engraçado é que o Pin Ups tinha a fama de ser uma banda arrogante, mas fomos meio que "apadrinhados" por eles e isso gerou uma inveja no meio. Logo o segundo show, já teve comentário no programa de rádio "Garagem" do Barcinsky e Forastieri, como a primeira banda que tocava som do Bad Religion. Naquela época, ninguém falava de HipHop e Hardcore. E as bandas de Hardcore, uma ou duas tinham relação com o skate. Nós eramos discriminados por isso, muita gente fala que era coisa de moleque, o pessoal que hoje em dia está ai se dizendo das antigas do HipHop e Hardcore, só queria saber do que tava em voga no momento, tanto no underground como no tal do mainstream. Mesmo os membros do Garage Fuzz, tendo conhecimento e terem participado de bandas de Hardcore, estavam no contexto das "Guitar bands". E fomos seguindo com a nossa banda, sempre preocupados em fazer um som que nos sentíssemos bem, falando de skate(todos da banda andavam de skate), da vida cotidiana, etc, pois estavamos cansados das letras da época da Guerra Fria das bandas veteranas. E sempre com o intuito de não estagnar. Não sei se já existiam outras bandas, mas o que posso afirmar é que a gente, graças ao Pin Ups, amigos e nosso empenho, ajudamos abrir espaço para o cenário Hardcore em outras áreas. No Violence, IML e tantas outras, conseguiram tocar em outros lugares, gravar em coletâneas e seus próprios compactos e cd's. A indústria musical estava de olho no underground novamente. Como sempre os oportunistas se infiltraram, como os selos Tinitus, Banguela, tentando faturar quando o Nirvana virou febre mundial. À parte do Grunge, que para nós se tinha tornado uma palhaçada, fomos abrindo caminho com o Hardcore e tocando toda semana no Der Tempel do Gigio, que ficava na rua Augusta, centro. Com o tempo apareceram novas bandas, como o Kangaroos in Tilt, Cuervos, Cold Beans, etc. Nesse período o André se mudou pra Campinas e entrou em contato com seu primo que toca no Muzzarellas. Começa um intercâmbio que resulta na amizade com o Testa, que era sócio da marca de roupas de skate "Dirty Money" que estava crescendo muito, com a nova geração do skate. Ele resolve nos patrocinar, dando roupas que não obrigava a gente fazer merchandising, e pagar nossos ensaios em estúdio de aluguel. Começamos a abrir shows do Muzzarellas, que era querida pelos rockeiros e punks de Campinas, pelo seu som influenciado pelo Ramones. Isso tudo culminou na nossa participação do histórico festival "Juntatribo" na Unicamp. Foram 3 dias de shows numa tenda de circo armada dentro do campus da universidade. Detalhe: os organizadores tinham desprezo pelo Hardcore e colocaram as bandas de Hardcore no primeiro dia, que teóricamente seria o mais fraco. Só que o tiro saiu pela culatra, o primeiro dia foi o mais cheio, mais animado e com o som ótimo, ainda revelando o Raimundos desconhecido até então. O segundo dia, das "Guitar bands", foi bem mais fraco, com vários problemas de som. Foi lá que entendí a fama de arrogância do Pin Ups. Todo mundo tocou do jeito que deu, menos eles, que deram o maior escândalo e não fizeram o show direito, desconsiderando o público que alí estava para vê-los, gente de longe, que tinha dormido na relva pro festival, pois a Unicamp é bem afastada do centro de Campinas. Fora isso, foi muito divertido, conhecemos muitas pessoas legais, gente de fanzines, outras bandas, etc. O Fábio Massari que tinha o programa Rock Report na 89 fm e Lado B na MTV, entrevistou a nossa banda, o Kid Vinyl, até um tiozinho mala que era uma espécie de Amaurí Jr. de Campinas. Estava sendo um ano incrível desde o nosso primeiro show, muita coisa legal rolando pra nós, que nunca imaginamos que iríamos tão longe pra quem pensou em fazer um som pra se divertir...

quinta-feira, março 09, 2006

Dossiê Hardcore em SP nos anos 90 pt.1

Bom, eu resolví relatar este período do jeito mais sincero e imparcial possível, pois fiz parte disso e percebí que tem muita gente construindo mitos, se aproveitando da falta de documentação jornalística séria. E outra, não me importo o que as pessoas vão achar, é um simplório blog que poucas pessoas vão ler. Não busco nenhum reconhecimento pessoal. Se na época que eu estava na ativa, tocando, não ligava pra essas bobagens, não vai ser agora que vou buscar uma coisa tão futil.
Tudo começou depois de 1987, quando eu tinha desencanado do Heavy Metal e tava andando de skate, escutando vários sons. Conhecí o Ronaldo, que trampava numa oficina de motos perto da minha casa. Ele tinha me visto com estojo de baixo-elétrico e perguntou se eu estaría afim de tocar com ele. Então conhecí o Marcelinho que cantava, o Marcos na bateria. Naquela época era muito difícil ter acesso a bandas mais atuais de Hardcore. Com eles eu aprendí a trocar correspondência no exterior e obter discos bem mais baratos e impossíveis de ter por aqui. Não tinha internet e cd, era tudo por carta. Tinham pouquíssimas bandas mais atuais, que fugiam do modelo europeu punk. Lógico que tinham as bandas à frente de seu tempo, como o Colera e Olho Seco, mas estas já não tinham tanta atividade depois do boom do punk no Brasil. As poucas bandas que heróicamente tocavam por aqui em casas direcionadas ao público Dark(antes do termo gótico), eram o Síndrome de Down, Hatred, mais sintonizadas com o HC americano. As outras bandas, mesmo que novas, ainda tinham laço com o HC europeu, divulgado pelo selo New Face em SP. Entrei na banda, mas nunca chegamos a tocar em público ou gravar uma fita k-7 de ensaio que fosse. Mas nossa atividade com o intercâmbio no exterior e aquisição de discos e publicações foi muito intenssa. Posso afirmar que o Marcos foi o pioneiro do Straight Edge no Brasil. Lembro quando ele recebeu o LP do Youth Of Today pelo correio, o "We´re not in this alone", e as primeiras bandas que compuseram o cenário Straight Edge. Marcos queria que nossa banda fosse assim e o Marcelinho não quis participar. Então nossa banda, o Energy Induction, nunca saiu de poucos ensaios em estúdio. No começo dos 90, tentei montar uma banda com meu amigo Francisco, que andava de skate comigo. Então coloquei um anúncio na galeria do rock, na loja do Quinha, a "Tok-Entre", uma das únicas lojas da galeria que tinha LP's usados importados de HC americano, como 7 Seconds, Suicidal, Minor Threat, etc. Mas queria gente que curtísse coisas como Mudhoney, Sonic Youth, Chili Peppers, etc. Detalhe, o Marcelinho foi um dos pioneiros do som de Seattle por aqui, comprou o "Bleach" do Nirvana, em 1990, por minha indicação. O André(que posteriormente se tornaria um grande amigo e parceiro de banda) também, pois tinha viajado pro exterior e comprado os primeiros cd's do Mudhoney. Então apenas duas pessoas responderam nosso anúncio. O Luís, que estava mais afins de tocar o chamado som "Guitar" e "Garage", tinha influências do Stooges, Television, e não HardCore e Skate Rock. Mais tarde ele tocaría no Slugmen. O outro que respondeu nosso anúncio foi o Marcelo Fusco, que estava mais sintonizado com a gente, andava de skate e tocava bateria na banda que tinha com seu irmão, o Torture Squad, de Thrash Metal. Mas essa banda nem teve tempo de ter nome, pois o Franciso começou a devorar a guitarra e quería tocar mais na linha do Led Zeppelin, Black Sabbath, Iron Maiden. Nas amizades de bairro, conhecí o André e ficamos amigos. Papo vai, papo vem, resolvemos transformar em uma banda só as que tínhamos pela metade. Incentivei o André a cantar mais e seu amigo Carlinhos, o Gaúcho, a tocar guitarra, pois ele tocava baixo e violão, mas não levava muito à sério. Assim montamos a banda, mas sem nome ainda. Lembrando do nome do disco do Mudhoney, "Superfuzz Bigmuff" que era o nome de pedais de efeito para guitarra, ví o pedal que meu irmão tinha em casa, um Ibanez "Tube Screamer" e achei legal. Falei com o pessoal e toparam adotar como nome da banda. Nascia o "Tube Screamers". Nos meu rolês pelas galerias do centro, na galeria do rap como é conhecida hoje, tinham as lojas Final Solution, London Calling e Bizarre que tinham LP´s e alguns poucos cd's de Punk e Hardcore, onde eu ia gravar fitas k-7 dos LP's, que eram muito caros. E a Final Solution do Gino e Beto, foi a pioneira nos sons de Seattle e coisas ligadas à cena de New York, como o Sonic Youth, Dinosaur Jr, etc. Depois de um tempo o Zé Antonio do Pin Ups começou a trabalhar na Final Solution. Eu gostava do Pin Ups, que só tocava em lugares como o Espaço Retrô do Roberto Cotrin, reduto de góticos pessoal do EBM, alguns punks, etc. E o Pin Ups fazia uma barulheira infernal, no estilo do Jesus & Mary Chain, My Bloody Valentine, mas tocavam sons do Stooges. O Pin Ups era mais na onda de Guitar bands, o pessoal da Inglaterra. Aí fiz amizade com o Zé, falei que tinha curtido os shows do Pin Ups, falei que tava começando o Tube Screamers, que curtíamos o novo som de Seattle, o Sonic Youth e tal. Aí ele achou legal uns moleques tarem fazendo uma parada assim. E paralelamente o Carlinhos Gaúcho, que era figura presente nas baladas do rock, conhecia muita gente, falou da nossa banda pra Alexandra, que era baixista do Pin Ups. Ela iria comemorar seu noivado com o João Gordo do Ratos de Porão no Der Tempel do Gigio, com um monte de bandas tocando. Aí ela quis que a gente tocasse, por ser amiga do Carlinhos. Mas a banda tava muito recente e não tinha dado tempo de fazer nem 3 músicas próprias. À um mês da nossa primeira apresentação, montamos às pressas, um repertório com vários "covers", como "Mote" do recém lançado "Goo" do Sonic Youth e "Hate the Police", do Dickies, na versão do Mudhoney. Mais de 10 bandas querendo tocar, muita briga pra quem iria tocar primeiro, pois o pessoal tava com receio de não ser visto e tal. Acabou que tocamos pra lá das 4 da madrugada, mas foi muito legal e emocionante, nosso primeiro show

segunda-feira, março 06, 2006

Pensei que estava livre disso...

É só dar uma trégua que golpe baixo rola bunito. Coitada da nova geração que depende de um medíocre caderno de jornal mais podre ainda, pra ter alguma informação. Já começa com esse papo de banda de garagem(vai graxa ae?). Banda de Hardcore Emo... tá parecendo banda de Metrosexual Hardcore, pois o povo se preocupa em sair galã na foto, fazer poses e tudo mais.
A maioria das bandas paga caro para ensaiar em estúdios de aluguel, com ar condicionado, aguinha gelada, etc. E novamente, até aí beleza, mas não venham com esse papo de banda de garagem. Sobre a matéria, os que se intitulam independentes ou do Hardcore, não fazem mais que a obrigação em liberar os sons na Net. E outra, isso não foi criado pelos "indies". É uma antiga tática de marketing praticada por grandes corporações, dar a amostra grátis pras pessoas comprarem depois. Rapaziada, vamos assumir a fita toda de uma vez! Chega desse discursinho barato de pseudo comunista universitário alimentado com leite tipo A.
Bom, agora sobre o desespero da Universal em ganhar uma grana da molecada. Sempre fui à favor dos catálogos das gravadoras sempre estarem disponíveis, até mesmo de títulos de qualidade duvidosa. Esse papinho de "pré-não sei o quê", "proto-escambau"... Faça-me o favor né? Os ditos jornalistas deveriam pesquisar mais antes de sair falando qualquer coisa. O Kiss não definiria nada do que viria a ser o Heavy Metal, tanto que tá cheio de registros de bandas dos anos 60 que teríam algo em relação, musicalmente. Visual então nem se fala, mais bandas ainda. Só pra registrar, o Secos & Molhados tinham essa fita da maquiagem antes do Kiss. Quando os Beatles acabaram, a EMI queria por alguém no lugar e descobriu o Secos. Só que a banda não aceitou cantar em inglês e se moldar aos padrões ao gosto da gravadora. Logo depois surge uma banda de mascarados chamada Kiss... The Cure, na boa, tem muitas e muitas músicas muito boas mesmo! Mas não tem nada que "ter" sua discografia completa lançada no Brasil. Se fosse do Jards Macalé, Itamar Assumpção, por exemplo, aí sim. O Cure é querido, mas por um público restrito e selecionado. Amigos, parem de colocar o Sonic Youth nessa farsa de marketing que foi o Grunge! Primeiro que a turma do Sonic vêm de outra fita, de música experimental de vanguarda, etc e etc. Segundo, que quando saiu o "Goo", já tava consolidado o tal do Grunge, pelo eficiente marketing do selo Sub Pop. O disco do Nirvana, "Bleach", saiu em 90 e chamou a atenção da Geffen, mas não estourou e sim, com o "Nevermind". Soundgarden, "Badmotorfinger". Que papo é esse de Chris Cornell com "voz negróide"?! É um disco de hardrock bem produzido, ou heavy metal. Uma coisa tá certa, tem lá seus épicos, como no metal. O lado mais visceral do grunge? Olha, tem até o cd nacional do Mudhoney pra por em questão essa afirmação. Ou os discos do Melvins, que influenciram muito o Nirvana. E aí amigos, vocês ganharam algum agrado da Universal pra escreverem as resenhas?

domingo, março 05, 2006

É só jogar terra em cima que já morreu...

Pelo visto, teremos que esperar a nova geração de tudo que se relaciona a arte, pois a dos anos 90 já está comprometida mesmo. A estética comanda o jogo, não importam os meios para os fins. Mas é claro, seguindo o histórico, muita coisa boa continua rolando sem quase ninguém ficar sabendo. Se o dito foco de resistência chamado Hardcore abriu as pernas geral pro consumismo estético, o que fazer? Até a Rock Brigade, que resistiu heróicamente desde seus primórdios como fanzine em fotocópia, anúncia pré-fabricados da indústria fonográfica. A maioria dos releases de discos, são coisas que quase ninguém compra, produtos que as gravadoras mandam pras revistas e geralmente, rola um favorecimento por conta de anúncios. Fazer o quê, né? Ainda bem que tem a Net pra contra-balancear a parcialidade da imprensa musical no Brasil. Mas quem sofre, é quem não tem tempo e dinheiro pra usar a Net.
Espero não ter mais que escrever posts sobre aberrações escritas pelos pseudo-jornalistas que estão no comando desse bonde sinistro. Como não vai rolar o "micro-ondax" prus X-9, por conta da liberdade de expressão, joga terra em cima e segue em frente...
 
 
Studio Ghibli Brasil