Não, nada haver com a besta de 7 cabeças, trombetas e o fim dos tempos. O título do post apenas pelo significado da palavra: revelação. Sim, este ano que se encerra foi de muitas revelações.
Nada de misticismos, mas muitas questões práticas do mundo social do ser humano. O ano de 2006 marca o fim de um longo período de estudos específicos, de análises, experiências e transição.
Entre 2004 e 2006, foi um período em que voltei a prestar mais atenção ao que acontecia em termos de novidades no universo musical em termos mais comerciais, seja no âmbito mais popular, seja nos guetos culturais. Enquanto as más línguas decretavam a minha "insanidade" e isolamento no estranho mundo do "freejazz", observava atentamente o cotidiano, enquanto apurava meu aprendizado. Sim, tivemos grandes mudanças, a música para dançar imperou em muitos setores sociais. Muitos decretaram a morte da música orgânica, sendo que irônicamente os criadores da música eletrônica foram buscar inspiração no malhado Rock'n'Roll e seus derivados. Um fato bem peculiar foi a migração da classe média para costumes ditos do povão. Pessoas que antes queriam se diferenciar da massa, agora em festas de rua, como as de dub que proliferaram na zona centro-oeste de SP. O Ragamuffin, quando surgiu, foi ignorado e banido dos meios descolados da juventude paulista. Hoje é muito "cool". O caso do HipHop é o mais notório, à ponto da classe média querer usurpar o "direito" legítimo de propriedade. Como aconteceu com o samba, o choro, forró entre outros.
Em contrapartida, a juventude popular redescobriu coisas que a elite já não mais se interessava. Graças a Internet e barateamento da tecnologia, quebrou-se a muralha de exclusão econômica, onde só tinha informação contemporânea com o resto do mundo, se tivesse grana para comprar revistas, zines, cd's importados ou viajar para o exterior. Também houve uma grande onda de saudosismo, seja de décadas passadas, estilos, bandas, tendências. É só conferir o grande número de bandas do passado que voltaram à ativa, seja qual for o motivo. Ah, quase me esquecí, quem diria que um dos últimos focos de resistência do consumismo iria parar nas prateleiras de megastores e vinhetas de novela? Sim, o dito "hardcore" agora é ítem de consumo.
Mas na questão das ditas novidades, tenho que recorrer a desgastada analogia com os produtos do fast food. Tudo é muito atrativo, aromas artificiais instigam nosso apetite, muito apelo visual, propagandas agressivas, etc. Daí você consome e 1 hora depois já está com fome. Nem parece que comeu um sanduíche de dois andares, uma generosa porção de batatas e meio litro de refrigerante. Foi a sensação que tive com o tal drum'n'bass, grime, neo-electro, disco-punk, post-rock e muitos ítens que surgiram neste início de século XXI. Mas isso não é novidade, pois mudam-se o cenário e alguns atores e diretores, mas o texto continua o mesmo.
Me lembro dos primeiros posts deste simplório blog, nos quais eu quis questionar as versões oficiais do mundo artístico. E isso chegou a gerar problemas, à ponto de receber atitudes nada amistosas, desde "amigos" que viraram as costas até coisas de baixo nível. Então o que me foi revelado é desejar o melhor justamente para quem me destrata, sem ironias, de coração mesmo. Não estou tentando parecer bonzinho perante a vista dos humanos, pois Deus conhece meu coração. Que essas pessoas que conhecí e que não conheço, encontrem o que procuram em suas vidas e sejam realmente felizes.
domingo, dezembro 17, 2006
quarta-feira, novembro 29, 2006
Outra vez a morte da tal da "Arte"...
Da mesma forma que a fatídica frase decreta o óbito do Rock'n'Roll, temos o equivalente na arte em geral. Terminamos mais um ano nesta capital brazuca com aspirações de metrópole cosmopolita. Mas São Paulo na verdade parece mais um imundo burgo europeu pós idade média, sem saneamento básico, ratos pelas ruas juntos com lixo e esgoto à céu aberto. O pior é a mentalidade paulistana, sobretudo da elite e classe média, uma horda de pessoas que não têm cacife para serem do "primeiro mundo". Tudo é estritamente superficial, onde agora brota um contingente de enólogos, baristas, jazzófilos etc e etc. Só que é tudo meia boca, como são os "alfajores" vendidos por ai, como o "yakissoba" de rua, a "esfiha" do Habib's... Ultimamente a nova palhaçada burguesa paulistana, é querer ser simples, frequentar "botecos", comer petiscos, curtir um samba de raiz, comer pastel de bacalhau e sanduíche de mortadela no mercado municipal. Ora, e o que isso tudo tem haver com a suposta morte da arte? Quase tudo! Os setores da sociedade que deveriam alavancar a produção artística, estimular, quando tem condições para isso, simplesmente fecham os olhos para a realidade e se trancam em seus feudos feitos de ego, vaidade e é claro, ignorância. Muitos talentos ficam à margem das mínimas condições dignas de existirem como artístas enquanto os herdeiros da burguesia brincam de serem artístas, nos presenteando com uma penca de trabalhos inexpressivos, desprovidos de talento, mas com uma ótima estrutura material, estética. É a maioria avassaladora que está em evidência na mídia especializada. Mas e a tal da morte anunciada da arte? Ela vai sobreviver, com roupas baratas, se alimentando de churrasco grego, "dogão" à R$1,00, aproveitando a baldeação do bilhete único.
sexta-feira, novembro 17, 2006
Dewey Redman - Tarik
Independente do fato que o selo BYG/Actuel lucrar às custas dos artístas, não pagar direitos autorais e até ameaçar com violência Steve Lacy e Sunny Murray, a coleção Actuel é de valor artístico inestimável. Aqui temos a capa de um grande disco de Dewey, Tarik, gravado em 01/10/1969 em Paris.
É um trio que conta com Malachi Favors no baixo e Ed Blackwell na bateria. Bem, a música fala por sí só. Então eu coloquei um link para o site da Amazon onde é possível ouvir as músicas deste maravilhoso trabalho. Clique no título do post para o link
É um trio que conta com Malachi Favors no baixo e Ed Blackwell na bateria. Bem, a música fala por sí só. Então eu coloquei um link para o site da Amazon onde é possível ouvir as músicas deste maravilhoso trabalho. Clique no título do post para o link
quarta-feira, novembro 08, 2006
My Name Is Albert Ayler
Em breve estará disponível em DVD o documentário do cineasta sueco Kasper Collin sobre Albert Ayler de 2005. O filme contém detalhados depoimentos do pai de Ayler, Edward Ayler, e de seu irmão, Donald Ayler. Também as únicas e raríssimas imagens do conjunto de Ayler filmadas na França e Suécia. Clique no título do post que é um link para o site oficial do documentário.
quinta-feira, novembro 02, 2006
VAIDADE
Vaidade. S. f. 1. Qualidade do que é vão, ilusório, instável ou pouco duradouro. 2. Desejo imoderado de atrair admiração ou homenagens. 3. V. vanglória. 4. Presunção, fatuidade. 5. Coisa fútil ou insignificante; frivolidade, futilidade, tolice.
Vaidoso (ô). Adj. Que tem ou denota vaidade; presunçoso, jactancioso, fátuo, vão.
Vanglória. S. f. Presunção infundada; jactância, bazófia, vaidade. (Cf. vangloria, do v. vangloriar)
Vangloriar. V. t. d. 1. Inspirar vanglória ou desvanecimento a; tornar vaidoso; envaidecer, desvanecer. P. 2. Tornar-se vaidoso; ufanar-se em demasia e/ou sem razão; envaidecer-se, desvanecer-se (Pres. ind.: vanglorio, vanglorias, vangloria, etc. Cf. vanglória, s. f. e Vanglória, top.)
Vaidoso (ô). Adj. Que tem ou denota vaidade; presunçoso, jactancioso, fátuo, vão.
Vanglória. S. f. Presunção infundada; jactância, bazófia, vaidade. (Cf. vangloria, do v. vangloriar)
Vangloriar. V. t. d. 1. Inspirar vanglória ou desvanecimento a; tornar vaidoso; envaidecer, desvanecer. P. 2. Tornar-se vaidoso; ufanar-se em demasia e/ou sem razão; envaidecer-se, desvanecer-se (Pres. ind.: vanglorio, vanglorias, vangloria, etc. Cf. vanglória, s. f. e Vanglória, top.)
segunda-feira, outubro 30, 2006
Maestro Rogério Duprat
Bem, a mídia nacional e internacional prestam suas homenagens ao maestro que foi elemento fundamental na estrutura musical da chamada Tropicália. Seguem-se os depoimentos de célebres artístas que foram afortunados com os arranjos do maestro. Mas novamente a história se repete. Só após o seu falecimento é que recebeu atenção digna, como a maioria que parte desta pra melhor. Outro maestro, o Moacir Santos teve a sorte de ser homenageado ainda em vida. Mas é provável que se ele não estivesse no exterior, sua situação seria diferente, de descaso até. O caso de Duprat foi clássico, pois o maestro não gozava lá de muito prestígio nestas últimas décadas, enquanto artístas que praticamente dependeram de Duprat para serem o sucesso que são hoje, vivem uma vida de luxo enquanto o grande maestro levava uma vida quase anônima e austéra. Talvez por opção do próprio? Pouco provável. Agora adianta o "pessoal" ficar lamentando, escrevendo sobre esta perda? Duprat já estava perdido e quase esquecido à tempos.
sexta-feira, outubro 20, 2006
Os fariseus e os documentários
"Your worst enemy could be your best friend..." Este dito popular que Bob Marley cita, continua valendo. A coisa mais fácil de se fazer é repudiar o errado, o mal, quando ele é evidente, explícito. Seja o Bush, Hitler e etc.
Tem um fato que poucas pessoas reparam ou comentam: os aliados da segunda guerra liderados pelos EUA e Inglaterra também fizeram das suas. Não é o mesmo grau de crueldade dos nazistas que intensificaram o extermínio de judeus e minorias mesmo com sua evidente derrota, terem lançado 2 bombas atômicas no Japão mesmo com sua rendição? Não vou prolongar esta parte porquê a lista de incursões do tio Sam por ai afora é notória.
O que reparei nestes últimos anos, foi o crescimento de documentários sobre a situação humilhante das minorias, da maioria pobre, etc. Tá, são documentários bem produzidos, realmente denunciam um país que existe de verdade, longe dos noticiários de grandes emissoras de TV e jornais de grande circulação.
Mas pra que serve isso na questão prática? Pra nada? Também não. Aí é vêm a parte que me enoja. Na maioria dos casos, esses documentários é feita por filhos da burguesia, classe média com consciência pesada, que não tem assunto realmente interessante e de impacto para dizer algo. Aí eles masturbam seus egos sentindo que com seus "documentários denúncia", estão fazendo a sua parte como cidadãos...
Pro inferno com isso! Captam verba pública direta ou indiretamente(pois se a verba vêm de empresas, isso será descontando dos impostos), vivem suas fantasias de cineastas e ganham prestígio com a exibição nos seus respectivos feudos. Geralmente esses documentários só passam em salas de cinema especiais que a maioria da população não terá dinheiro pra pagar o ingresso. E o público na sua maioria, são pessoas que nada farão à respeito das injustiças documentadas, que só terão vistas para detalhes técnicos e estéticos do filme. Geralmente as festas de estréia são em lugares luxuosos com portaria selecionada, regadas de vinho caro, queijo importado e etc. Se tiver alguma pessoa que foi documentada, será exibida como uma atração circense. Claro que toda a equipe ou parte dela nunca mais mais visitará o local que eles parasitaram para promover a sua "arte". Talvez no máximo voltem com uma telinha vagabunda pra mostrar aos nativos "como ficou bonito". E depois? Adiantou alguma coisa? Não está tudo a mesma porcaria? "Ah, mas nós fizemos a nossa parte denunciando algo que estava longe da vista das pessoas. E depois isso é uma obrigação do governo." Irônico é a questão: mas não foram vocês que elegeram o tal governo? Quantos vão a câmara averiguar os projetos e propostas de eleição? Quantos vão lá no Congresso cobrar o prometido. O que a maioria faz é ir em algum orgão público de cultura para sugar mais dinheiro para fazer mais desses "documentários denúncia".
Tem um fato que poucas pessoas reparam ou comentam: os aliados da segunda guerra liderados pelos EUA e Inglaterra também fizeram das suas. Não é o mesmo grau de crueldade dos nazistas que intensificaram o extermínio de judeus e minorias mesmo com sua evidente derrota, terem lançado 2 bombas atômicas no Japão mesmo com sua rendição? Não vou prolongar esta parte porquê a lista de incursões do tio Sam por ai afora é notória.
O que reparei nestes últimos anos, foi o crescimento de documentários sobre a situação humilhante das minorias, da maioria pobre, etc. Tá, são documentários bem produzidos, realmente denunciam um país que existe de verdade, longe dos noticiários de grandes emissoras de TV e jornais de grande circulação.
Mas pra que serve isso na questão prática? Pra nada? Também não. Aí é vêm a parte que me enoja. Na maioria dos casos, esses documentários é feita por filhos da burguesia, classe média com consciência pesada, que não tem assunto realmente interessante e de impacto para dizer algo. Aí eles masturbam seus egos sentindo que com seus "documentários denúncia", estão fazendo a sua parte como cidadãos...
Pro inferno com isso! Captam verba pública direta ou indiretamente(pois se a verba vêm de empresas, isso será descontando dos impostos), vivem suas fantasias de cineastas e ganham prestígio com a exibição nos seus respectivos feudos. Geralmente esses documentários só passam em salas de cinema especiais que a maioria da população não terá dinheiro pra pagar o ingresso. E o público na sua maioria, são pessoas que nada farão à respeito das injustiças documentadas, que só terão vistas para detalhes técnicos e estéticos do filme. Geralmente as festas de estréia são em lugares luxuosos com portaria selecionada, regadas de vinho caro, queijo importado e etc. Se tiver alguma pessoa que foi documentada, será exibida como uma atração circense. Claro que toda a equipe ou parte dela nunca mais mais visitará o local que eles parasitaram para promover a sua "arte". Talvez no máximo voltem com uma telinha vagabunda pra mostrar aos nativos "como ficou bonito". E depois? Adiantou alguma coisa? Não está tudo a mesma porcaria? "Ah, mas nós fizemos a nossa parte denunciando algo que estava longe da vista das pessoas. E depois isso é uma obrigação do governo." Irônico é a questão: mas não foram vocês que elegeram o tal governo? Quantos vão a câmara averiguar os projetos e propostas de eleição? Quantos vão lá no Congresso cobrar o prometido. O que a maioria faz é ir em algum orgão público de cultura para sugar mais dinheiro para fazer mais desses "documentários denúncia".
domingo, outubro 15, 2006
Improvisação em SP
Dia 19 de Outubro, quinta feira, às 21h no MIS(Museu da Imagem e do Som), na av Europa #158, bairro dos Jardins. Ingresso: R$ 6 (R$ 3 meia entrada).Marcio Mattos se apresenta com o grupo Abaetetuba, formado por Antonio "Panda" Gianfratti na percussão, Rodrigo "Kouve" Montoya no violão e shamisen, Renato "Meganha" Ferreira no contrabaixo acústico, saxofone e clarinete e Luiz Gabriel Gubeissi na voz. Thomas Rohrer, saxofone soprano e rabeca, faz participação neste concerto de improvisação livre.
quarta-feira, outubro 11, 2006
domingo, outubro 08, 2006
Melvins e Shirley Temple
Hahaha! Que estranha conexão! Esses dias, aproveitando as maravilhas do sistema rapidshare, fiz download do terceiro disco do Melvins, o "Ozma" de 1989. Nem imagimava a ligação com o Nirvana, que na época, havia acabado de lançar o "Bleach" pela SubPop. Então descobrí como o mundo é pequeno, o baixista original do Mudhoney, Matt Lukin, gravou no primeiro disco do Melvins. Me interessei pelo Melvins, pois tinha escutado uma coletânea da gravadora Boner, onde havia bandas de hardcore que gostava, o Fearless Iranians From Hell e Boneless Ones. Como falavam metaforicamente sobre o som pesado da banda, me interessei e comprei pelo correio o único album disponível, o "Bullhead". Nossa, que som pesado, letárgico! E o Nirvana de começo, tinha uma considerável influência do som de King Buzzo(cabelo bunito!). Aproveitando o lapso de 15 anos até conseguir finalmente o "Ozma", comecei a pesquisar o paradeiro do Melvins. Encontrei alguns sites e os discos que mais gosto, eram com a baixista Lorax, que chegou até gravar algumas faixas do disco "Houdini" que projetou o Melvins em maior escala. Esse disco já era diferente do início, puxando mais a influência do Kiss. Aí eu fui querer saber da Lorax. Foi então que descobrí que Lori "Lorax" Black, é filha de Shirley Temple! Umas das mais famosas artistas infantis de Hollywood, que iniciou sua carreira nos anos 30. Chegou a ser personagem desenhada em produções da Disney. Inclusive me lembro de um episódio do desenho do Pato Donald, em que o pato é um caçador de autógrafos que tenta de todas as maneiras entrar no estúdio de TV para conseguir aumentar sua coleção. E lá ele contracena com Shirley Temple, transformada em desenho animado. Clique no título do post para o site do Melvins
quinta-feira, outubro 05, 2006
Ivo Perelman no programa do jô
Quem pôde assistir na última segunda-feira dia 2 de outubro, o programa do jô, presenciou um breve momento da música livre. Ivo Perelman se apresentou com os músicos Antonio "Panda" Gianfratti e Jimmy nos sets de percussão. Foi uma performance didática, com a versão de Escravos de Jó, velha conhecida do repertório de Ivo e de nossa infância. Na comunidade do orkut houve uma discussão sobre isso. Falei que o jô não gosta deste tipo de música e por isso foi tão curto, não teve entrevista. O resto do programa foi com a chatice do livro sobre um boêmio qualquer do Rio que a irmã estava lançando. E do ator Otávio Augusto, que até é bacana, mas tô a pampa desse rolê. Ai se vê a apatia classe média. Disseram que foi positivo a pequena brecha dada a improvisação na tv de merda com um símbolo redondo. É se contentar com pouco mesmo, tipo uma esmola. Só o fato do Ivo ter tocado com um mundo de grandes artístas lá fora, inclusive o baterista Rashied Ali que tocou nos últimos anos de John Coltrane, já valeria uma entrevista, sem contar com suas qualidades como músico, pintor e como pessoa! Me disseram que o jô é assim mesmo, gosta de brincar, fazer ironias... É assim mesmo que nada! É esse tipo de pensamento que torna possível as piadinhas racistas. O estilo de vida daquele apresentador é um ataque à população de baixa renda. Depois falaram que o Ivo alfinetou a platéia com seu "free". Que papo é esse? O Ivo não tá nessas bobagens, muito pelo contrário, ele fez de um jeito muito didático, pois sabe como é obscuro o cenário de improvisação no mundo. Sabe que não é lucrativo se fechar num gueto, que dá para criar um meio termo, sem se vender e abrir mão de sua arte. Bem, a música fala por si só. Clique no título do post que é o link para assistir o Ivo no programa de tv
segunda-feira, outubro 02, 2006
Um momento para indignação
Num momento crucial de um país, uma generosa fatia das regiões sudeste e sul do Brasil mostra sua postura burguesa nas urnas eleitorais. É isso ae paulistada classe mérdia e ricaços! Acabem com o meio ambiente com seus projetos imobiliários pela cidade, se fechem em condomínios fechados e carros blindados. Vivam com o medo de serem assaltados ou sequestrados! Respirarão o mesmo ar podre que o resto da população pobre respira. E não adianta fugir, pois os cretinos que vocês veneram, estão cuidando de liquidar com o eco-sistema global.
sábado, setembro 23, 2006
Ivo Perelman em SP
Em tempo: Nesta segunda-feira, dia 25 de Setembro, o músico, compositor e pintor brasileiro Ivo Perelman se apresenta com o violoncelista holandês Ernst Reijseger no Tom Jazz. Uma rara chance de apreciar música livre intensa por aqui. Espero ter mais oportunidade de prestigiar seu trabalho. Além de ser um grande músico e compositor, é um ótimo pintor. E além de tudo isso, é um cara muito gente boa o qual tive o prazer de conhecer pessoalmente. Para obter mais informações sobre o Ivo, é só acessar o seu site e para saber mais sobre a apresentação, acesse a sua comunidade no Orkut:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=3974744
Tom Jazz
Av. Angélica, 2331, Higienópolis, tel.: 3255 3655
Clique no título do post que é o link para o site oficial de Ivo Perelman
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=3974744
Tom Jazz
Av. Angélica, 2331, Higienópolis, tel.: 3255 3655
Clique no título do post que é o link para o site oficial de Ivo Perelman
sexta-feira, setembro 22, 2006
Freejazz, pintura e criançada
Bom, na última quarta-feira, dia 20, fui ensaiar com o grupo de improvisação que participo. Meus amigos Ana e Kazi, respectivamente trompete, cornet, flügelhorn e saxofone tenor e clarinete em Bb. Cerca de um mês atrás, meu velho amigo Léo ingressou no conjunto com saxofone tenor e flauta. Ana não pode comparecer ao ensaio no estúdio por conta de viagem à trabalho. Então o Léo chamou um trompetista que é amigo dele, o Leandro. Foi muito bom o ensaio, seguindo a minha proposta inicial, de improvisação total, muita intensidade sonora e uma ótima integração com o Leandro.
Outro fator diferencial, foi o horário, pois avançamos até 1:20h da manhã por conta do remanejamento de horários no estúdio. Nada demais se não fosse a nobre tarefa que me comprometí a realizar às 6:30h da manhã no dia seguinte! E pra ajudar, ainda tomei um chá com o Léo e ficamos conversando no café até quase 3:00h da manhã! Ou seja, o galo canta e eu, zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz de sono...
O que fazer? Descançar um pouco e me preparar para o batente. Meu amigo Cassiano, me propôs a participar da semana de artes da escola na qual ele leciona. Ele preparou o terreno para a criançada formada de pré-adolescentes, onde eu e ele falaríamos sobre a analogia do freejazz e a pintura, especificamente da action painting e dripping de Jackson Pollock.
Então logo de manhã, Cláudia, minha amiga e esposa de Cassiano passam em minha casa para me buscar. Separei capas de discos do Ornette Coleman, Ivo Perelman, capas da gravadora ECM, alguns DVD's para auxiliar o trabalho e, parte de minha bateria! Sim, a proposta era eu tocar enquanto a criançada pintava. Chegamos em Cotia, município de SP, onde se localiza a escola, num ambiente muito agradável, esquema sítio. Cassiano começou falando mais da pintura abstrata, preparando o terreno para a analogia com a música, falando da influência e amizade entre músicos e pintores, poetas, artístas em geral. Falei de como essa integração vai além das capas de disco, que músicos também pintavam e até faziam as próprias capas de disco, como Peter Brötzmann e Ivo Perelman, da ligação entre a abstração visual e a sonora. Incrível como a criançada escutou atentamente sobre o assunto. Um grande momento, passei um video do baterista holandês, o Han Bennink, onde ele improvisa sozinho com parte de um kit de bateria, caixa de papelão e outras quinquilharias e instrumentos. O véio que tocou com Eric Dolphy e The Ex é bem loco "joe", mostrando sua casa, suas pinturas desenhos e esculturas. A criançada adorou, assistindo com silencio e atenção! E o Bennink ajudou muito, pois é um cara muito divertido e hilário. Depois colocamos placas de papelão no chão, tinta acrílica de parede, pigmentos líquidos, pincéis e copos plásticos. Montei meu set que dispunha de um bumbo, caixa, prato e chimbal, o qual tinha esquecido a presilha e não poderia acionar o mecanismo dele. Mostrei pra eles o procedimento, furando o copo com tinta, como Pollock, e como usar os pincéis. Falei pra eles que enquanto eu estivesse tocando, eles pintariam de acordo com o som, o rítmo. Se dividiram em quatro grupos, respectivamente as quatro placas usadas como suporte da pintura. Praticamente eu pintei com a bateria e eles tocaram com as tintas. Foi muito divertido, eu fazendo uma barulheira e a criançada mandando ver nas tintas! No final, todo mundo sujo de tinta e quatro pinturas que ficaram muito bonitas(Espero poder postar as fotos das pinturas em breve).
Outra parada que foi muito bem, é que a criançada teve um contato real com as artes, com o freejazz de um jeito mais natural, não como uma chata conversa de jazzófilos e pseudo-intelectuais. Eles estavam receptivos e tiraram de letra. E mais uma vez a bela história se repete, fui ensinar uma coisa e acabei aprendendo outras... que alegria!
Outro fator diferencial, foi o horário, pois avançamos até 1:20h da manhã por conta do remanejamento de horários no estúdio. Nada demais se não fosse a nobre tarefa que me comprometí a realizar às 6:30h da manhã no dia seguinte! E pra ajudar, ainda tomei um chá com o Léo e ficamos conversando no café até quase 3:00h da manhã! Ou seja, o galo canta e eu, zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz de sono...
O que fazer? Descançar um pouco e me preparar para o batente. Meu amigo Cassiano, me propôs a participar da semana de artes da escola na qual ele leciona. Ele preparou o terreno para a criançada formada de pré-adolescentes, onde eu e ele falaríamos sobre a analogia do freejazz e a pintura, especificamente da action painting e dripping de Jackson Pollock.
Então logo de manhã, Cláudia, minha amiga e esposa de Cassiano passam em minha casa para me buscar. Separei capas de discos do Ornette Coleman, Ivo Perelman, capas da gravadora ECM, alguns DVD's para auxiliar o trabalho e, parte de minha bateria! Sim, a proposta era eu tocar enquanto a criançada pintava. Chegamos em Cotia, município de SP, onde se localiza a escola, num ambiente muito agradável, esquema sítio. Cassiano começou falando mais da pintura abstrata, preparando o terreno para a analogia com a música, falando da influência e amizade entre músicos e pintores, poetas, artístas em geral. Falei de como essa integração vai além das capas de disco, que músicos também pintavam e até faziam as próprias capas de disco, como Peter Brötzmann e Ivo Perelman, da ligação entre a abstração visual e a sonora. Incrível como a criançada escutou atentamente sobre o assunto. Um grande momento, passei um video do baterista holandês, o Han Bennink, onde ele improvisa sozinho com parte de um kit de bateria, caixa de papelão e outras quinquilharias e instrumentos. O véio que tocou com Eric Dolphy e The Ex é bem loco "joe", mostrando sua casa, suas pinturas desenhos e esculturas. A criançada adorou, assistindo com silencio e atenção! E o Bennink ajudou muito, pois é um cara muito divertido e hilário. Depois colocamos placas de papelão no chão, tinta acrílica de parede, pigmentos líquidos, pincéis e copos plásticos. Montei meu set que dispunha de um bumbo, caixa, prato e chimbal, o qual tinha esquecido a presilha e não poderia acionar o mecanismo dele. Mostrei pra eles o procedimento, furando o copo com tinta, como Pollock, e como usar os pincéis. Falei pra eles que enquanto eu estivesse tocando, eles pintariam de acordo com o som, o rítmo. Se dividiram em quatro grupos, respectivamente as quatro placas usadas como suporte da pintura. Praticamente eu pintei com a bateria e eles tocaram com as tintas. Foi muito divertido, eu fazendo uma barulheira e a criançada mandando ver nas tintas! No final, todo mundo sujo de tinta e quatro pinturas que ficaram muito bonitas(Espero poder postar as fotos das pinturas em breve).
Outra parada que foi muito bem, é que a criançada teve um contato real com as artes, com o freejazz de um jeito mais natural, não como uma chata conversa de jazzófilos e pseudo-intelectuais. Eles estavam receptivos e tiraram de letra. E mais uma vez a bela história se repete, fui ensinar uma coisa e acabei aprendendo outras... que alegria!
sexta-feira, setembro 15, 2006
A arte de Don Van Vliet
Don Van Vilet é um grande pintor como podem conferir nas fotos de algumas de suas obras. A primeira se chama "Lion Coloured Fish" da coleção de 1991 e a outra, "Tigerboat" de 1987. Não vou comentar sua obra em termos técnicos e analíticos, pois a arte fala por sí só. É só o simples ato de apreciar o que se vê. Don Van Vliet pode ser um nome não muito popular, mas é um velho conhecido no universo musical, se trata do nosso amigo Captain Beefheart, célebre pela associação com Frank Zappa nos discos "Hot Rats" de 1969 onde canta na faixa "Willie the pimp", o famoso "Bongo Fury" de 1975, no disco "Zoot Allures" de 1975, tocando gaita na faixa "Find her finer", no disco "One size fits all" de 1975 sob o nome de Bloodshot Rollin' Red na faixa "San Ber'dino" e seu famoso disco, o "Trout Mask Replica" de 1969, aquele com a capa que tem um estranho fita com cara de peixe.
Clique no título do post que é um link para o site oficial do Captain Beefheart.
domingo, setembro 03, 2006
Dewey Redman 1931-2006
A música acaba de perder mais um grandioso artísta. Dewey Redman faleceu neste sábado dia 2 de Setembro aos 75 anos em decorrência de problemas no fígado.
Cresceu em Ft. Worth, Texas nos anos 30. Iniciou-se no trompete mas logo mudou para o clarinete com 13 anos. Tocou na mesma banda de colégio que Ornette Coleman. Em 1959 mudou-se para Califórnia, onde trabalhou com Pharoah Sanders e Wes Montgomery. Em meados dos anos 60, se mudou para New York onde reencontrou seu velho colega de escola, Ornette. Dewey tinha um talento especial de se adaptar a uma grande variedade de estilos, tocando com Don Cherry, Ed Blackwell e Charlie Haden no grupo Old and New Dreams, Carlay Bley, Liberation Orchestra, Pat Metheny e seus próprios conjuntos.
Dewey nos deixa um legado musical de rara beleza, como sua colaboração na obra de Ornette, na Liberation Orchestra, nas gravações com Keith Jarret, Old and New Dreams, Ed Blackwell Trio, etc. Costumava a se auto denominar um "sobrevivente": Sobreviveu aos críticos na época do chamado "avant-garde", um câncer na próstata nos anos 90.
Frases de Redman: "Eu gosto de pensar que sou original, que tenho meu som característico. Isso não é fácil e tenho trabalhado nisso por muitos anos. Mas eu gosto de pensar que meu som parace com Dewey Redman". "A primeira coisa que busco alcançar quando toco, é o som. Técnica, talvez, mas a técnica está no som". Aqui fica minha humilde homenagem a este grande artísta, muito obrigado por ter nos presenteado com sua arte Dewey Redman.
segunda-feira, agosto 28, 2006
O underground paulista sempre adorou MPB... tá bom
Depois que a indústria abandonou a barca furada do Grunge, deixando à deriva o contingente de sonhos do underground paulista, ocorreu a migração para outras terras, seja o Rap, Reggae, Jazz, Hardcore, etc e a MPB. É sempre saudável quando o colapso de uma sensação acarreta um amadurecimento ou coisa parecida. Mas é engraçado ouvir dos meus contemporâneos, essa valorização repentina da MPB. Num passado nem um pouco distante, tinha gente que achava que se eu estivesse curtindo MPB, me transformaria num bicho-grilo vendedor de artesanato. Parte de uma geração que cresceu na década de 80 sem o menor apego a arte nacional, influenciada pela mídia que bombardeou a juventude com basicamente rock estrangeiro. Até aí tudo bem, liberdade de expressão e é um saco os nacionalistas de ocasião. Agora é muito fácil dizer que sempre curtiu MPB. O exemplo mais básico, é de novos artístas que dizem sempre ter curtido MPB, seja nos velhos discos dos pais, que ouviam Cartola pra ninar, etc.
Poderia até ser visto de um ângulo positivo esse tardio resgate de valores, mas no geral, isso não é nada bom. Pois o que temos é uma jovem elite cultural ditando regras e se apropriando do que não lhes pertence. E ainda por cima essa elite decide o que é bom e o que é "real". Então de uma hora pra outra, decidem que Jorge Aragão, Fundo de Quintal e Raça Negra, não é samba de verdade(?!), que samba de verdade é igual da velha guarda da Portela e blá, blá, blá... Outros(turminha do samba-rock), dizem que samba paulista não existe!(então de onde era o Geraldo Filme, Adoniran e Germano Mathias?).
Mas pra que brigar por isso não é? Justo agora que tá tudo lindo, na santa paz, todo mundo nasce com o privilégio de curtir música boa. Que geração abençoada a qual pertenço, ninguém curtiu produtos de mercado de qualidade duvidosa, como White Zombie, Lenny Kravitz, Jamiroquai...
Engraçado que se 10 anos atrás eu falasse bem do Caetano Veloso, minha masculinidade seria colocada em dúvida...
Poderia até ser visto de um ângulo positivo esse tardio resgate de valores, mas no geral, isso não é nada bom. Pois o que temos é uma jovem elite cultural ditando regras e se apropriando do que não lhes pertence. E ainda por cima essa elite decide o que é bom e o que é "real". Então de uma hora pra outra, decidem que Jorge Aragão, Fundo de Quintal e Raça Negra, não é samba de verdade(?!), que samba de verdade é igual da velha guarda da Portela e blá, blá, blá... Outros(turminha do samba-rock), dizem que samba paulista não existe!(então de onde era o Geraldo Filme, Adoniran e Germano Mathias?).
Mas pra que brigar por isso não é? Justo agora que tá tudo lindo, na santa paz, todo mundo nasce com o privilégio de curtir música boa. Que geração abençoada a qual pertenço, ninguém curtiu produtos de mercado de qualidade duvidosa, como White Zombie, Lenny Kravitz, Jamiroquai...
Engraçado que se 10 anos atrás eu falasse bem do Caetano Veloso, minha masculinidade seria colocada em dúvida...
quarta-feira, agosto 09, 2006
A revolução não será televisionada simplesmente porque ela não ocorreu
No saldo geral, a geração da dita contra-cultura, que praguejou contra a "alienação" hippie, a indiferença e pessimismo da "geração X", também deu com os burros n'água.
Ao analisar alguns segmentos mais representativos em contingente juvenil, é fácil detectar como seus ideais de origem, perderam sua força de ação, ironicamente, de atitude. Claro que existem os minúsculos focos de resistência, que por romantismo, não abrem mão dos ideais coletivos, mesmo que custando caro para suas vidas particulares. Agora a grande maioria, não vai adimitir que está mergulhada na filosofia neo-liberal, do não me venha contar seus problemas, que está na busca alucinada por conforto material, e isso não quer dizer o desejo por Audi's A3, bolsas Louis Vuitton, tv de plasma, i-pod's. Pois os que almejam ítens assim, já nasceram corrompidos, tem nojo dos pobres, etc e etc.
O caso mais grave é dos indivíduos que se apossaram dos ideais derivados do anarquismo e socialismo, que se julgam "cidadãos conscientes", simplesmente por conhecer bandas estrangeiras de contra-cultura, fanzines e revistas, serem ecológicamente corretos(sendo que boa parte possui automóvel), boicotarem o McDonald's, e outras coisas menores. O que adianta um belo discurso inflamado num bar da rua Augusta ou Vila Madalena, ou numa casa noturna ou chopperia do Sesc, se no dia seguinte, o indivíduo falta com ética e solidariedade à seus próximos, inclusive os ditos amigos?
" Cada um com seus problemas". Pois é, uma frase pra lá de constante no unido underground paulista. Uma associação de 12 donas de casa tem muito mais poder de ação e união do que uma multidão de jovens que se dizem adimiradores de Che Guevara.
Uma coisa a ser reparada, é que as pessoas que tem condições de ajudar, só ajudam se tiver tempo ocioso para gastar ou que a ajuda não cause despesas. E ainda por cima usam a situação para promover mérito pessoal e aliviar um pouco a consciência. É, todo mundo quer ser herói de HQ, com super poderes, uma bela garota e final feliz. Mas quem quer ser herói de verdade? No sentido da mitologia grega, onde o herói tem que estar preparado para o sacrifício supremo.
Bem, mas voltando ao título do post, não haverá revolução, pelo menos por um tempo, até a próxima geração ter autonomia de ação civil e mudar este quadro, pois as gerações anteriores, a mais recente com indivíduos orbitando na faixa etária de 20 à 30 anos aproximadamente, está nesta busca do "El dorado" de consumo, seja DVD do Fela, Minutemen, livro do Noam Chomsky, etc.
Ao analisar alguns segmentos mais representativos em contingente juvenil, é fácil detectar como seus ideais de origem, perderam sua força de ação, ironicamente, de atitude. Claro que existem os minúsculos focos de resistência, que por romantismo, não abrem mão dos ideais coletivos, mesmo que custando caro para suas vidas particulares. Agora a grande maioria, não vai adimitir que está mergulhada na filosofia neo-liberal, do não me venha contar seus problemas, que está na busca alucinada por conforto material, e isso não quer dizer o desejo por Audi's A3, bolsas Louis Vuitton, tv de plasma, i-pod's. Pois os que almejam ítens assim, já nasceram corrompidos, tem nojo dos pobres, etc e etc.
O caso mais grave é dos indivíduos que se apossaram dos ideais derivados do anarquismo e socialismo, que se julgam "cidadãos conscientes", simplesmente por conhecer bandas estrangeiras de contra-cultura, fanzines e revistas, serem ecológicamente corretos(sendo que boa parte possui automóvel), boicotarem o McDonald's, e outras coisas menores. O que adianta um belo discurso inflamado num bar da rua Augusta ou Vila Madalena, ou numa casa noturna ou chopperia do Sesc, se no dia seguinte, o indivíduo falta com ética e solidariedade à seus próximos, inclusive os ditos amigos?
" Cada um com seus problemas". Pois é, uma frase pra lá de constante no unido underground paulista. Uma associação de 12 donas de casa tem muito mais poder de ação e união do que uma multidão de jovens que se dizem adimiradores de Che Guevara.
Uma coisa a ser reparada, é que as pessoas que tem condições de ajudar, só ajudam se tiver tempo ocioso para gastar ou que a ajuda não cause despesas. E ainda por cima usam a situação para promover mérito pessoal e aliviar um pouco a consciência. É, todo mundo quer ser herói de HQ, com super poderes, uma bela garota e final feliz. Mas quem quer ser herói de verdade? No sentido da mitologia grega, onde o herói tem que estar preparado para o sacrifício supremo.
Bem, mas voltando ao título do post, não haverá revolução, pelo menos por um tempo, até a próxima geração ter autonomia de ação civil e mudar este quadro, pois as gerações anteriores, a mais recente com indivíduos orbitando na faixa etária de 20 à 30 anos aproximadamente, está nesta busca do "El dorado" de consumo, seja DVD do Fela, Minutemen, livro do Noam Chomsky, etc.
quinta-feira, julho 27, 2006
The Minutemen
Esta semana, está em cartaz no MIS, em SP, o documentário
sobre o The Minutemen, grupo que mudou os conceitos de punk rock e hardcore. Um trio que fez sua música de uma maneira extremamente original, sem a visão limitada que costuma predominar no cenário underground. Uma banda que tinha sua mente aberta para todo tipo de música, desde o country, rock'n'roll, Funkadelic, até JOhn Coltrane e Ornette Coleman. A dupla Mike Watt e D. Boon era de uma empatia fora do comum, como John Coltrane e Elvin Jones, Bill Evans e Scott LaFaro. E George Hurley, um baterista brilhante, que pode tocar qualquer espécie de ritmo. No documentário há depoismentos de gente conhecida, como Ian MacKaye(Fugazi), Henry Rollins(Black Flag), Thurston Moore(Sonic Youth). O mais precioso do documentário, são as imagens de shows e depoimentos da banda. O Minutemen só não foi mais adiante, por conta do falecimento de D.Boon num acidente automobilístico. Mas Watt, Hurley voltaram com tudo, quando encontraram Ed Fromohio, surgindo o Firehose. Mas isso é uma outra história...
Clique no título do post que é um link para o site oficial do Minutemen.
terça-feira, julho 18, 2006
Malachi Thompson 1949 - 2006
A música acaba de perder mais um grande artísta. Neste último domingo, 16 de Julho de 2006,
o trompetista e compositor Malachi Thompson sucumbiu ao câncer. Tinha 56 anos.
Nasceu em Princetown, Kentucky e se mudou para Chicago ainda criança. Aos 11 anos sua mãe o levou para assistir a banda de Count Basie e ele se apaixonou pelo som do trompete e decidiu tocar.
Em 1968 ingressou para a AACM e no começo dos anos 70, mudou para New York, tendo tocado com Joe Henderson, Jackie McLean e Lester Bowie. Também formou uma das primeiras bandas de metais modernas, a Brass Proud. Em 1989 recebe o diagnóstico de câncer e que tería apenas mais um ano de vida. Isso trouxe uma profunda mudança em sua arte e vida. "Eu tinha que começar a fazer coisas antes que fosse tarde demais" disse Thompson na época do lançamento do seu disco "Lift Every Voice" (Delmark recs) de 1993, onde faz uma profunda pesquisa nas raízes da cultura musical negra.
Após o tratamento por radiação, Thompson viajou para o Egito e tocou seu trompete em uma ilha no Rio Nilo, prestando uma homenagem à Buddy Bolden, que provavelmente foi o primeiro trompetista do Jazz, que tocou seu instrumento ás margens do rio Mississipi. Conseguiu trazer música ao The Sutherland Hotel, na 47th Street com Drexel Boulevard, onde Miles Davis e Louis Armstrong tocaram. Foi uma época próspera, pois por conta do racismo, o capital se acumulou na comidade negra da região. Está registrado em disco, o "47th Street"(Delmark recs), que inclusive tem uma edição nacional.
Depoimento de Fred Anderson, grande saxofonista do Free Jazz em Chicago: "Ele era um grande músico, estava na tradição, era louco por Miles e Coltrane. Sempre empurrando a música para novas direções". De Bill Brimfield, trompetista e um dos mentores de Thompson nos anos 60: "Seus ouvidos eram abertos, sua mente era aberta. Ele escutava coisas que estavam além dele. Sempre pesquisando, sempre se arriscando enquanto tocava". De Orbert Davis, trompetista de Chicago: "Ele tinha uma visão para a comunidade".
o trompetista e compositor Malachi Thompson sucumbiu ao câncer. Tinha 56 anos.
Nasceu em Princetown, Kentucky e se mudou para Chicago ainda criança. Aos 11 anos sua mãe o levou para assistir a banda de Count Basie e ele se apaixonou pelo som do trompete e decidiu tocar.
Em 1968 ingressou para a AACM e no começo dos anos 70, mudou para New York, tendo tocado com Joe Henderson, Jackie McLean e Lester Bowie. Também formou uma das primeiras bandas de metais modernas, a Brass Proud. Em 1989 recebe o diagnóstico de câncer e que tería apenas mais um ano de vida. Isso trouxe uma profunda mudança em sua arte e vida. "Eu tinha que começar a fazer coisas antes que fosse tarde demais" disse Thompson na época do lançamento do seu disco "Lift Every Voice" (Delmark recs) de 1993, onde faz uma profunda pesquisa nas raízes da cultura musical negra.
Após o tratamento por radiação, Thompson viajou para o Egito e tocou seu trompete em uma ilha no Rio Nilo, prestando uma homenagem à Buddy Bolden, que provavelmente foi o primeiro trompetista do Jazz, que tocou seu instrumento ás margens do rio Mississipi. Conseguiu trazer música ao The Sutherland Hotel, na 47th Street com Drexel Boulevard, onde Miles Davis e Louis Armstrong tocaram. Foi uma época próspera, pois por conta do racismo, o capital se acumulou na comidade negra da região. Está registrado em disco, o "47th Street"(Delmark recs), que inclusive tem uma edição nacional.
Depoimento de Fred Anderson, grande saxofonista do Free Jazz em Chicago: "Ele era um grande músico, estava na tradição, era louco por Miles e Coltrane. Sempre empurrando a música para novas direções". De Bill Brimfield, trompetista e um dos mentores de Thompson nos anos 60: "Seus ouvidos eram abertos, sua mente era aberta. Ele escutava coisas que estavam além dele. Sempre pesquisando, sempre se arriscando enquanto tocava". De Orbert Davis, trompetista de Chicago: "Ele tinha uma visão para a comunidade".
sexta-feira, julho 14, 2006
Roger "Syd" Barret
É com pesar que recebo a notícia do falecimento de Syd Barret, em 11 de Julho de 2006, em decorrência de diabetes. Creio que haverá sites e blogs que possuem mais informações e poderão fazer uma homenagem mais à altura deste grande artísta. Me limito a dizer como a descoberta do disco do Pink Floyd, o "Piper at the gates of dawn", mudou literalmente minha vida, além das concepções sobre música. Foi um período de muitas descobertas, tendo como trilha sonora principal, músicas como,"Interstellar overdrive", "Astronomy dominé", etc. Até então eu achava o Pink Floyd uma banda meio "careta", pois estavam em evidência, discos como "The Wall", "Dark side of the moon". Mas desde o início da minha descoberta da primeira fase do Pink Floyd, já tive o conhecimento do estado atual de Syd, como também tive contato com seus discos solo, os quais, mesmo tendo brilhantes composições, denunciavam seu estado debilitado. Sempre ficava triste quando escutava "Madcap laughs", "Opel" e "Barret", imaginando a dificuldade de Syd, que em muitas canções era perceptível. Fique em paz Syd, obrigado por tudo, Shine on crazy diamond!
Clique no título que é um link para o site oficial de Syd Barret
segunda-feira, junho 26, 2006
Um momento de lazer...
terça-feira, junho 13, 2006
György Ligeti
Nesta segunda-feira, 12 de Junho de 2006, faleceu aos 83 anos, o compositor György Ligeti, autor da ópera "Le Grand Macabre" e a trilha sonora do filme de Stanley Kubrick, "2001- Uma Odisséia Espacial". Filho de hungaros na Romenia, região da Transylanavia, nasceu em 1923. Em 1941 estudou música com Ferenc Farkas no conservatório de Cluj, Romenia, depois em Budapest. Mas em 1943, foi preso como judeu e forçado a trabalhar nos campos de concentração até o final da Segunda Guerra Mundial. Após a guerra, continuou seus estudos com Farkas e Sandor Veress na Franz Lizt Academy em Budapest. Em 1949 fez estudos de música folclórica romena e retornou à academia como professor de harmonia, contraponto e análise formal em música. Seus primeiros trabalhos foram censurados pelo regime opressor da Hungria. Mas quando chegou à Viena em 1956, novos caminhos se abriram, tendo contato com músicos do movimento de vanguarda da Europa, como Karlheinz Stockhausen, Gottfried Michael Koenig e Herbert Eimert, sendo convidado para participar em um estúdio de música eletrônica numa rádio estatal em Cologne, antiga Alemanha Ocidental, em 1957. Em 1958, aclamado pela crítica por sua composição eletrônica "Artikulation" e a orquestral "Apparitions". Ficou conhecido por sua técnica que chamou de "micropolifonia", onde juntava cor e textura musical em caminhos que transcendiam os limites tradicionais de harmonia, melodia e rítmo.Trechos de "Atmospheres" e "Lux Aeterna" foram usados na trilha de "2001" - Uma Odiséia no Espaço". Em 1999 Kubrick usou "Musica Ricercata II" (Mesto, rigido e cerimoniale), de Ligeti, como tema do que viria a ser seu último filme, "Eyes Wide Shut" (De Olhos Bem Fechados). Também compôs a sua famosa peça, que escreveu para ser executada por 100 metrônomos(aparelho com mecanisno similar ao de um relógio analógico, usado para determinar o andamento musical). Clique no título para acessar o site sobre o compositor
segunda-feira, junho 12, 2006
Por uma mitologia melhor
domingo, junho 11, 2006
Pete Wooley
É com pesar que informo o falecimento no dia 12 de Maio, de Pete Wooley, baixista de Jazz e Blues, em Angra dos Reis(RJ), aos 66 anos. Era conhecido no meio artístico pela banda de Blues que tocava, Paulo Meyer & Burning Bush, sem contar com sua carreira no Jazz nos anos 70 e 80. Tocou com o baterista Tutti Moreno, entre outros grandes músicos brasileiros. Gravou um cd chamado "Brazilian Jazz", que contou com Cacá Malaquias no saxofone e o grande e saudoso Pedrinho Batera, que fazia parte do grupo Som Nosso de Cada Dia, junto com Manito e Pedrão. Também ficou conhecido por atuar no clip do Rappa, "O que sobrou do céu", do disco "Lado B lado A"(1999), onde fez o papel do sequestrado.
Conhecí Pete pelo meu irmão que tocava junto com ele na banda de Blues do gaitista Paulo Meyer. Quase participei num projeto com ele e a filha dele, onde eu seria o baterista. Tivemos poucos encontros, mas sempre foi muito gentil e atencioso. A última vez que falei com ele foi aproximadamente 2 anos, quando ele veio em casa para falar com meu irmão, e conversamos sobre o Ornette, pois eu estava escutando o disco "Free Jazz - a collective improvisation". Falei sobre eu estar tocando clarinete-baixo e marcamos num futuro indefinido, de tocarmos algo juntos. Aqui fica minha humilde homenagem.
sexta-feira, maio 26, 2006
Tim Maia Racional
A gravadora Trama coloca no mercado pela segunda vez em cd o famoso disco Tim Maia Racional vol. 1.
Existiu um lançamento extra-oficial em cd só que com um detalhe, os dois volumes em 2 LP´s em um só cd. A Trama dividiu em 2 e não convém analisar o porquê disso. Criou-se um mito em cima destes discos, muitos deles por conta de gente querendo faturar em cima, poucas cópias editadas, recolhimento pelo rompimento de Tim com a Cultura Racional, etc. Também criou-se o mito de que eram os melhores trabalhos de Tim. Quem conhece realmente a obra de Tim Maia, sabe que não é bem assim, "Azul da cor do mar", "Padre Cícero", "Ela partiu", não são do Racional. Tive a sorte de adquirir os dois volumes do Racional em LP antes de atingirem os absurdos valores que vão de R$100 à R$500!!! Bem, os discos são muito bons, algumas composições já tinham sido compostas e até gravadas, como é o caso de "Que beleza", e as letras foram adaptadas para a Cultura Racional. Fala-se da riqueza dos arranjos e instrumental, a interpretação de Maia. Como disse seu filho, Leo Maia, Tim estava em estado de plenitude espiritual, cantando mais ainda com a alma, como sempre fez. Então sua interpretação é fascinante, emociona, apesar da pregação em todas as canções. É claro que o instrumental tem qualidade, todos os músicos se doaram, fora a notória linha dura a lá James Brown de Tim com a banda. Mas tudo aquilo era apenas pano de fundo para sua mensagem, pois muitos arranjos eram baseados em arranjos de bandas de funk americanas, como War, Mandrill, JB´s, etc. É só conferir as datas anteriores dos gringos e o Racional. Estava mais do que na hora colocar estes discos no mercado.
Trepudiando em cima de quem não está aqui para se defender
Também é muito provável que se Tim estivesse entre nós, não poderíamos adiquirir este cd. Um dos motivos de até agora não ter sido relançado, era o próprio Tim. Já se falou muito sobre isso por aí, suas entrevistas quando lhe perguntaram à respeito, seu desencanto com aquele universo envolto de goma e resina. Agora que ele está em um lugar melhor, pode-se deitar e rolar em nome dele. Artístas que estavam numa sopa morna, regravando porcamente suas canções de pregação, gravadora lucrando com o suor alheio. Só discordo do Tim na questão de não liberar o relançamento pelo simples fato de ser boa música. Mas entendo completamente o porquê disso e respeito. Ele poderia ter refeito a poética das músicas, lançado um grande disco. Mas como Tim era um grande ARTÍSTA, não tinha apego as suas criações a ponto de se expor ao ridículo e contradizer a si próprio.
Agora me aparece a banda que toca o Racional em homenagem à Tim Maia... Até seu filho entrou nessa! Como diz a expressão popular, "Tim deve estar rolando no caixão". Para as pessoas de plástico ou da "sala de jantar", pode ser um momento de alto nível da música brasileira. Mas é aquela coisa, teremos um produto bem acabado, de qualidade, mas... sem alma. Aquilo não pertence a nenhum músico envolvido, nem pro Carlos Dafé que participou da Cultura Racional. Aquilo é bom simplesmente porque é uma pessoa cantando com todo seu sentimento, acreditando em cada palavra cantada. Dos membros alí presentes para esse revival, quem por acaso dormiu na rua, quem pediu ajuda? Talvez continuem a fazer coisas erradas.
quinta-feira, maio 18, 2006
Rap do dia das mães
Domingão do dia das mães típico. Aquele friozinho de outono, mas com um belo céu azul e sol. Encontrei meus amigos do grupo de HipHop, o Julgados Culpados uma semana antes, perto da Pça Benedito Calixto em Pinheiros, zona oeste, SP. O lugar é notório pela feira de antiguidades e o comércio hippie em volta. Hoje é um ponto de encontro do pessoal mais sintonizado com a cultura em geral. Eles me convidaram para o evento das mães no domingo, lá no Jd. Nakamura, zona sul. Peguei o ônibus até o Terminal Sto.Amaro, de onde sai uma lotação em direção a represa de Guarapiranga, onde fica o Jd. Nakamura. Fui a casa de meu amigo de infância, o Serginho, que mora no Riviera, ao lado do Nakamura. Fomos a pé até lá, passando pela comunidade local e procurando amigos para nos acompanharem. Pra quem acha que favela é só no "Cidade de Deus", lá na zona sul de SP, passei pelas vielas agora cimentadas da favela, onde a luz do dia, crianças brincam, donas de casa conversam na porta de casa, trabalhadores se descontraem no boteco, no churrasco ou com o jogo na tv. O mesmo lugar que na calada da noite, ocorreram atos brutais. As periferias são muito parecidas em muitas partes do país, casas com engenharia ousada que beira ao perigo, o tijolinho baiano à mostra, as lajes, as rabiólas de pipa presas nos fios elétricos, etc. Mas tem uma coisa muito característica mesmo: o calor humano. A maioria te cumprimenta, mesmo sem te conhecer, se vc é amigo de alguém de lá, já é bem vindo em lares que nunca esteve, te oferecem o pouco que têm com a maior generosidade. Um fato engraçado, mesmo o bairro tendo um nome japonês, eu em certos momentos fui visto como uma curiosidade, pois sou descendente de japoneses. Mesmo tendo meus pais nascidos aqui e eu também, em certas situações não sou visto como um simples brasileiro. Mas o pessoal mais humilde é mais descolado mesmo, te perguntam pra ver se eu sou daqui mesmo, e quando eu falo que gosto de feijão de corda, fica tudo em casa. No meio do caminho, numa rua estava rolando um forró, mas daqueles mais modernos, só com teclados. Não conseguí chegar ao evento desde o início, pois é quase 2 horas da minha casa. Mas conseguí ver boa parte do show do Julgados Culpados, que tem muito talento, misturando elementos da música brasileira e jamaicana de uma forma natural e interessante. Com muito pouco se fez a alegria da juventude da periferia. Artístas querendo fazer bonito para os presentes, sem a pompa de casas noturnas, etc. Tudo que é bom dura pouco, precisava ir embora. Meu amigo estranhou de não haver ronda na area, pois rola o tráfico geral. E para quem acha que isso só tem haver com bandido, gente armada, tem uma parte que foi pega pelo vício e falta de perspectiva, gente que é pai de família, mãe, que trabalha na obra e gasta com vício. Quando cheguei em casa, ví o q tinha acontecido na TV. E olha que na volta ainda esperei o ônibus dentro do Terminal Sto Amaro. Não fiquei surpreso. Já esperava por coisas assim. A burguesia causou isso literalmente, sei que é um discurso gasto, mas é a pura realidade. Falando em coisas gastas, vai o ditado, quem planta colhe. E enquanto o caos rolava no estado inteiro, a periferia estava em paz.
quinta-feira, maio 04, 2006
Uma tarde com o tio Phil
Não, não é o pai do Carlton(Não podia perder a piada). Beleza, chega de hahahas e vamos ao post.
Eis que na manhã de terça feira, 2 de Maio, o Tiago me liga perguntando se eu estaría afim de fazer um rolê no centro da cidade com o Phil Minton, Thomas Rohrer e o Lauro, com a intenção de fazer um som com crianças de rua, desempregados, moradores de rua, músicos de rua. Vixi doido, nem pensei nada, batí a xepa, catei um trompete, um pífano de plástico e caí pro centrão e encontrei eles no metrô Anhangabaú. Feitas as apresentações, fomos à um kilo na 7 de Abril para eles almoçarem. Phil falava das impressões sobre SP, que não esperava encontrar algo tão similar às cidades européias e como SP é populosa. Primeira parada foi no Vale do Anhangabaú, estavamos indecisos se tentaríamos primeiro com as crianças ou com os adultos. Bem, com os adultos, só conseguimos bater um papo e ouvir alguns cantarem, pois eles não estavam no barato de participarem da fita, queriam chapar de cachaça mesmo. Com as crianças, mesmo sendo muito difícil por estarem entorpecidas por solventes, rolou uma interação, que não durou muito, pois logo elas perderam o interesse. Fomos a pé em rumo a Praça da Sé. No caminho, nas ruas do centro velho, Phil deu algumas moedas à um sanfoneiro cego que estava na rua. Na praça, não encontramos ninguém que estivesse receptivo ou algum músico. O ambiente lá é tenso e triste. Sugerí o Parque da Luz, pois lá é bem mais tranquilo. Foi muito legal, pois encontramos alguns adultos que foram muito receptivos e conseguímos fazer um som com eles. Bem, no saldo geral, foi bem divertido. Foi um passeio muito instrutivo, inclusive aprendí que o interior da igreja do Largo São Bento serve de negociata para celulares roubados. Mas o principal foi que a cidade está triste, carente, muito mais do que parece.
Eis que na manhã de terça feira, 2 de Maio, o Tiago me liga perguntando se eu estaría afim de fazer um rolê no centro da cidade com o Phil Minton, Thomas Rohrer e o Lauro, com a intenção de fazer um som com crianças de rua, desempregados, moradores de rua, músicos de rua. Vixi doido, nem pensei nada, batí a xepa, catei um trompete, um pífano de plástico e caí pro centrão e encontrei eles no metrô Anhangabaú. Feitas as apresentações, fomos à um kilo na 7 de Abril para eles almoçarem. Phil falava das impressões sobre SP, que não esperava encontrar algo tão similar às cidades européias e como SP é populosa. Primeira parada foi no Vale do Anhangabaú, estavamos indecisos se tentaríamos primeiro com as crianças ou com os adultos. Bem, com os adultos, só conseguimos bater um papo e ouvir alguns cantarem, pois eles não estavam no barato de participarem da fita, queriam chapar de cachaça mesmo. Com as crianças, mesmo sendo muito difícil por estarem entorpecidas por solventes, rolou uma interação, que não durou muito, pois logo elas perderam o interesse. Fomos a pé em rumo a Praça da Sé. No caminho, nas ruas do centro velho, Phil deu algumas moedas à um sanfoneiro cego que estava na rua. Na praça, não encontramos ninguém que estivesse receptivo ou algum músico. O ambiente lá é tenso e triste. Sugerí o Parque da Luz, pois lá é bem mais tranquilo. Foi muito legal, pois encontramos alguns adultos que foram muito receptivos e conseguímos fazer um som com eles. Bem, no saldo geral, foi bem divertido. Foi um passeio muito instrutivo, inclusive aprendí que o interior da igreja do Largo São Bento serve de negociata para celulares roubados. Mas o principal foi que a cidade está triste, carente, muito mais do que parece.
quinta-feira, abril 27, 2006
Direto de PiEi
Bom, para quem não sabe, "PiEi" é o apelido para Pouso Alegre, MG, cidade natal dos meus amigos Lauro e Tiago. Lauro, guitarrista do Space Invaders, conhecí quando eu trabalhava de vendedor na Bizarre, na R.24 de Maio. O Tiago também, pois frequentava a loja. Muitos pontos em comum, afinidades, renderam boas conversas sobre arte, com concordâncias e discordâncias, como um bom diálogo deve ser. Como o mundo é pequeno, na minha adolescência, passei um tempo em piei na casa de familiares de um amigo, onde fui a uma festa junina de rua, fui ao único cinema da cidade, que na época estava passando o horrível filme "A Prometida", com Sting. Também rolou um baile ao estilo do interior da época, perto da praça, no clube social da cidade. Nem imaginava que iria conhecer o Lauro e o Tiago quase 20 anos depois. Quanto ao "Direto de PiEi" do Lauro, teremos só a ganhar com sua publicação. Clique no título do post que é o link para o blog ou na lista de links do Sonorica
segunda-feira, abril 24, 2006
Phil Minton no Brasil 2
Aí vai a programação:
Música na MariAntonia - Extra com Phil Minton
Dia 03 de Maio, às 20:30h
Centro Universitário Maria Antonia da USP
R. Maria Antonia, 294, Vila Buarque
tel: 11 3255 7182
Entrada gratuita;
Workshop na União dos Movimentos de Moradia (UMM)
Dia 04 de Maio, às 18h
R. João de Barros, 76, Barra Funda.
Tel: 11 3825 5725.
Entrada gratuita;
Workshop no CEU Inácio Monteiro, organizado pelo Mutirão Paulo Freire
Dia 06 de Maio, às 9h
R. Barão Barroso do Amazonas, 50, Cidade Tiradentes
tel: 11 6556 9970 Entrada Gratuita
O cantor é um nome de destaque no cenário de improvisação inglesa, conhecido por seus trabalhos com John Zorn, Tom Cora, Fred Frith e Albert Harth, entre outros, como também com o diretor de teatro Mike Figgs. Em 1988 recebeu da International Jazz Forum, o prêmio de melhor cantor europeu. Em 1991, recebeu o prêmio Cornelius Cardew de composição.
quinta-feira, abril 20, 2006
Joe Harriot
Joe Harriot(1928-1973), nasceu na Jamaica e estudou na famosa
The Alpha Boys School em South Camp Road, Kingston, com Dizzy Reece, Manuel "Rico" Rodriguez entre outros. Imigrou para Inglaterra em 1951. Seu estilo muito influenciado por Charlie Parker evoluiu paralelamente similar ao de Ornette Coleman, sendo até injustamente criticado por isso, sendo que tinham uma diferença distinta. Foram relançados os discos "Southern Horizons"(1959), "Free Form"(1960), "Abstract"(1961), "Indo Jazz Fusions"(1966) com John Mayer-Joe Harriot double quintet, "Indo Jazz Suite"(1966), "Swings High"(1967).
Vale a pena conferir o disco "Straight Lines" do Vandermark Quartet que regravou as composições de Harriot, dos discos "Abstract" e "Free Form", dando uma textura diferente, já que não há piano e trompete da formação gravada por Harriot.
quinta-feira, abril 13, 2006
Takashi Nemoto
Takashi Nemoto nasceu em Tokyo, 1958. Em 1981 se tornou desenhista de mangá na mais famosa revista underground de quadrinhos no Japão, a revista "Garo", que produziu inúmeros talentos como Yoshiharu Tsuge e Suehiro Maruo(O Vampiro que Rí, ilustrações para discos do Naked City de John Zorn). Nemoto também é profundo conhecedor e colecionador de música, tendo suas histórias publicadas até em uma revista especializada em Hip Hop. A imagem acima é da família de seu principal personagem, Toukishi Murata, uma versão mais pesada dos Simpsons onde o sr. Murata sofre a pior sorte de absurdos. Clique no título para o site em inglês de Nemoto.
terça-feira, abril 11, 2006
Phil Minton no Brasil
O cantor e improvisador inglês estará no Brasil na primeira semana de Maio para concertos e workshops. No dia 3 de Maio se apresenta no teatro do CEUMA às 20h. No dia 6 workshop no CEU próximo ao Mutirão Paulo Freire, zona leste de São Paulo.
O evento tem o apoio do British Council, Centro Universitário Maria Antônia(CEUMA), União dos Movimentos de Moradia(UMM) e o Conservatório Estadual de Música Jucelino Kubitscheck de Pouso Alegre, MG. Clique no título para ouvir o trabalho de Minton
O evento tem o apoio do British Council, Centro Universitário Maria Antônia(CEUMA), União dos Movimentos de Moradia(UMM) e o Conservatório Estadual de Música Jucelino Kubitscheck de Pouso Alegre, MG. Clique no título para ouvir o trabalho de Minton
IRÈNE SCHWEIZER
IRÈNE SCHWEIZER
a film by Gitta Gsell
Escrito e dirigido por Gitta Gsell
Produção : Reck Filmproduction Zürich
Co-produção : Intakt Records
Música por : Irène Schweizer, Louis Moholo, Maggie Nicols, Joëlle Leandre, Pierre Frave,
Co Streiff, Han Bennink, Fred Anderson,
Hamid Drake, La Lupa, Jürg Wickihalder.
75 minutos PAL
Legendas em alemão, inglês, francês e espanhol
2006
Filme sobre a pianista suiça que tem como raízes o Jazz e a música de improvisação. Uma visão da vida de um grande artísta, onde a amizade e relacionamento tem segundo lugar em relação a música, desviados entre turnês e ensaios, entre inspiração e criação.
Especiais de Irène Schweizer com Fred Anderson e Hamid Drake no Jazzfestival de Willisau em 2004(22 minutos) e com Han Bennink no Moods Zürich 2003(34 minutos)
a film by Gitta Gsell
Escrito e dirigido por Gitta Gsell
Produção : Reck Filmproduction Zürich
Co-produção : Intakt Records
Música por : Irène Schweizer, Louis Moholo, Maggie Nicols, Joëlle Leandre, Pierre Frave,
Co Streiff, Han Bennink, Fred Anderson,
Hamid Drake, La Lupa, Jürg Wickihalder.
75 minutos PAL
Legendas em alemão, inglês, francês e espanhol
2006
Filme sobre a pianista suiça que tem como raízes o Jazz e a música de improvisação. Uma visão da vida de um grande artísta, onde a amizade e relacionamento tem segundo lugar em relação a música, desviados entre turnês e ensaios, entre inspiração e criação.
Especiais de Irène Schweizer com Fred Anderson e Hamid Drake no Jazzfestival de Willisau em 2004(22 minutos) e com Han Bennink no Moods Zürich 2003(34 minutos)
sábado, abril 01, 2006
Jackie McLean
John Lenwood McLean faleceu nesta sexta-feira, 31 de Março aos 73 anos. Nasceu em New York, 17 de Maio de 1932. Passou a adolescência com vizinhos como Coleman Hawkins, Duke Ellington, Miles Davis e Thelonious Monk. Começou a tocar alto saxofone aos 15 anos e junto com seu amigo Sonny Rollins, frequentavam a casa de Bud Powell que muito lhes ensinou. Conheceu Charlie Parker que foi sua maior influência. Em 1951 aos 19 anos, gravou sua primeira sessão com Miles davis para a Prestige. Tocou com Art Blakey and The Jazz Messengers entre 1956 e 1958. Tocou também com Charles Mingus. Seu primeiro album como líder, "Jackie's Bag" foi uma revelação tanto para o grande público, como a "ponte" entre o Hard Bop e o Free Jazz. Atualmente foi diretor artístico da Hartt School of University of Hartford African American Music Department. Em 1970 com sua esposa Dollie McLean, fundaram a The Artists Collective. Clique no título do post que é um link para o site do Artists Collective.
quinta-feira, março 30, 2006
Rising Tones Cross
Filmado em 16mm em 1984, este belíssimo filme mostra o cenário novaiorquino do chamado "avant-garde" do Jazz. Teve sua premiere no Festival Anual de Cinema de Berlin. Raríssimos depoimentos de Charles Gayle, que até então residia em um prédio abandonado em New York, onde estudava, praticava e lutava por sua sobrevivência e fortalecia sua fé. Gayle exibe sua arte seja solitário nas ruas, trio e conjuntos maiores. Peter Kowald expõe suas opiniões sobre música e sociedade. Frank Wright, Don Cherry, William Parker, Peter Brötzmann, Jeanne Lee, Rashied Ali, Charles Tyler entre outros em performances únicas no Sound Unity Festival de 1984, que foi pré-cursor do Annual Vision Festival, organizado atualmente por William Parker. Belas imagens de uma New York desconhecida para muitos, longe da Times Square ou 5th Avenue.
sábado, março 25, 2006
Morton Feldman
Nasceu em 12/01/1926 em New York. Aos 12 anos de idade estudou piano com Madame Maurina-Press que foi aluna de Busoni. Nesta época Feldman compôs curtas peças com influência de Scriabin, até iniciar estudo de composição com Wallingford Riegger. Três anos depois foi aluno de Stefan Wolpe, mas passaram mais tempo juntos conversando sobre música.
Então em 1949 conheceu John Cage, um encontro que foi muito importante para a música nos E.U.A. nos anos 50. Cage incentivou Feldman a confiar em seus instintos, resultando em composições totalmente intuitivas. Tornou-se amigo dos compositores Earle Brown e Christian Wolff, os pintores Mark Rothko, Philip Guston, Franz Kline, Jackson Pollock, Robert Rauschenberg e o pianista David Tudor. Os pintores em particular influenciaram Feldman a buscar o seu próprio mundo sonoro, mais físico e imediato do que havia antes, resultando na experimentação de notação gráfica. "Projection 2" foi uma de suas primeiras peças neste idioma, em que os músicos selecionavam suas notas de uma estrutura de tempo e registro. Mas o processo jogava o músico a total improvisação que deixou feldman desconfortável com essa liberdade e abandonou a notação gráfica entre 1953 e 1958. Nas peças "Atlantis" de 1958 e "Out of Last Pieces" de 1960, voltou a usar o sitema gráfico. Logo depois na série de trabalhos instrumentais intitulada de "Durations", as notas tocadas simultaneamente eram escritas com precisão, mas a duração era de livre escolha no tempo dado.
Apartir de 1970, tornou-se professor da Universidade de New York em Buffalo. Suas composições passaram a expandir seu tempo de duração, com mais de 20 minutos.
Em Junho de 1987 se casa com a compositora Barbara Monk. Morre em sua casa em Buffalo, aos 61 anos, em 03/09/1987. Clique no título do post que é um link para o site de Morton Feldman.
quinta-feira, março 23, 2006
Fred Frith
Compositor, improvisador e multi-instrumentista. Co-fundador da banda underground inglesa Henry Cow(1968-78), tocou com John Zorn, Bill Laswell, Tom Cora, Zeena Parkins, Bob Ostertag entre muitos outros. São célebres seus registros com os grupos Naked City, Massacre, Art Bears, Skeleton Crew. Mais conhecido como guitarrista de improvisação, também toca outros instrumentos, como baixo, e violino, além de compor peças para o Rova Saxofone Quartet por exemplo. Frith além de todos os predicados como artísta, é muito gente fina, humilde, que dá extrema importância ao público, que para ele, tem participação fundamental na improvisação, mesmo que seja apenas uma pessoa. Muito de sua pessoa e artísta está registrado no premiado filme documentário Steps Across The Border de Nicolas Humbert e Werner Penzel, que inclusive foi exibido na mostra de cinema em São Paulo, poucos anos atrás. Vale a pena entrar em contato com sua música, uma experiencia única e gratificante. Clique no título do post que é um link para o site oficial de Fred Frith.
quarta-feira, março 22, 2006
Charles Gayle
Nascido em 28/02/1939, Buffalo, New York, E.U.A.. Participou do chamado cenário Free Jazz da década
de 60 e começo de 70. Até meados da década de 80,
Gayle não tinha casa para morar, nem merecido reconhecimento, restando-lhe tocar seu saxofone tenor por 20 anos nas ruas de New York. Isso lhe rendeu dedicação aos estudos, perseverança, fé, vontade de viver. Tocando debaixo de viadutos e morando em prédios abandonados, segundo suas palavras, não tinha certeza se sobrevivería a cada inverno novairoquino. Recentemente voltou a tocar seu primeiro instrumento,
o piano. Também experimentou o clarinete-baixo, bateria e viola, registrados em alguns de seus discos.Tocou e gravou com Cecil Taylor, Sunny Murray, John Tchicai, Henry Grimes e Rashied Ali. Como também Henry Rollins e Thurston Moore.
O som e poder de seu saxofone é conhecido no meio artístico. Composições longas e vigorosas, com temas que falam de simples coisas do cotidiano ou sobre Deus. Aliás Gayle trata sua questão de fé de um modo estritamente particular, sem impor uma pregação religiosa. segundo suas palavras, Deus é uma coisa tão natural pra ele, como respirar.
Somente depois da metade da década de 80 Gayle conseguiu registrar sua música em discos. A Knitting Factory foi fundamental para Gayle, proporcionando-lhe condições para se apresentar e gravar. Atualmente Gayle está em plena atividade, feliz e agradecido por finalmente ter um lugar para morar, um humilde apartamento no centro de New York.
Infelizmente, há poucas informações registradas sobre Gayle, apenas a superfície de sua vasta obra musical. Mas vale a pena pesquisar e ter contato com sua música.
de 60 e começo de 70. Até meados da década de 80,
Gayle não tinha casa para morar, nem merecido reconhecimento, restando-lhe tocar seu saxofone tenor por 20 anos nas ruas de New York. Isso lhe rendeu dedicação aos estudos, perseverança, fé, vontade de viver. Tocando debaixo de viadutos e morando em prédios abandonados, segundo suas palavras, não tinha certeza se sobrevivería a cada inverno novairoquino. Recentemente voltou a tocar seu primeiro instrumento,
o piano. Também experimentou o clarinete-baixo, bateria e viola, registrados em alguns de seus discos.Tocou e gravou com Cecil Taylor, Sunny Murray, John Tchicai, Henry Grimes e Rashied Ali. Como também Henry Rollins e Thurston Moore.
O som e poder de seu saxofone é conhecido no meio artístico. Composições longas e vigorosas, com temas que falam de simples coisas do cotidiano ou sobre Deus. Aliás Gayle trata sua questão de fé de um modo estritamente particular, sem impor uma pregação religiosa. segundo suas palavras, Deus é uma coisa tão natural pra ele, como respirar.
Somente depois da metade da década de 80 Gayle conseguiu registrar sua música em discos. A Knitting Factory foi fundamental para Gayle, proporcionando-lhe condições para se apresentar e gravar. Atualmente Gayle está em plena atividade, feliz e agradecido por finalmente ter um lugar para morar, um humilde apartamento no centro de New York.
Infelizmente, há poucas informações registradas sobre Gayle, apenas a superfície de sua vasta obra musical. Mas vale a pena pesquisar e ter contato com sua música.
terça-feira, março 21, 2006
Dossiê Hardcore em SP nos anos 90 pt.3
A nossa falta de preocupação com o lado profissional de ter uma banda, nos levou a atitudes nada sensatas. Nosso primeiro show, eu Carlos e André, estávamos alterados antes de subir no palco. Nossas baladas nos bares do bairro de Pinheiros e casas noturnas do Centro, eram acompanhadas de cola de sapateiro, anfetaminas, alcool, etc. Eu e André acreditávamos numa suposta ampliação mental pelo uso de substâncias que alteravam a percepção. Literatura Beatnik levada ao pé da letra não dá coisa boa, ou Punk, como a letra dos Ramones falando sobre cheirar cola ou inúmeras falando de encher a cara, como Gang Green.
Não pode dar pala pro baterista!
É... as coisas tavam indo muito bem e como o Marcelo não era amigo de infância ou de bairro, não sabiámos como ele reagiría a nossa conduta cavalo doido. Tinhamos medo dele sair da banda por achar a gente uns drogados de merda. E achar gente que tocasse esse tipo de som era quase impossível. Num dia após um ensaio, convidamos nosso baterista pra curtir com a gente na casa de um amigo, ao lado do estúdio, onde ficaríamos a noite toda escutando um som e... ingerindo drogas! Estávamos alterados de novo e estávamos preocupados com a reação do Marcelo. Nosso amigo de bairro Fran, gostava de cheirar cola e cantar em castelaño, se jogar no chão. Aí falamos pra ele se comportar e não dar pala pro baterista.Nós tentando controlar a euforia e o Fran aparece na frente do Marcelo, com um saco de cola na mão dizendo: "Eu só sei que não pode dar pala pro baterista!" Como a reação do Marcelo foi achar tudo muito engraçado, relaxamos e contínuamos juntos, mesmo com atitudes absurdas do Carlos e André(cabeças de bagre...), que cheiraram dentro do estúdio para rebater a ressaca da noitada anterior. Ainda bem que pecerbemos que esse negócio de drogas era perda de tempo, que não traria nada de bom para nós, como não traz coisas boas para ninguém. Isso tudo era um mero reflexo da nossa atitude de desprezar a hierarquização presente no underground, queríamos sempre desafiar as coisas, desde tocar covers inusitados até avacalhar apresentadores notórios de rádio, como na festa do Rock Report no teatro Mars, onde o André pesou na do Tatola(ex-Não Religião).
Sem querer agradar ninguém, chegamos bem além de nossas aspirações. É claro que isso gerou inveja de gente pobre de espírito, pois o que conseguímos, não era nada demais. Tanto que uma vez que tocamos em Curitiba, só tinha umas dez pessoas e tocamos felizes.
Facada nas costas
Bom, fatos são fatos, as testemunhas estão aí pra confirmar. Coisas boas estavam pra acontecer com a gente em termos profissionais, mas a mesquinharia estava à nossa volta e nem percebemos. Afinal o capitalismo estava apostando no underground e muita gente queria se dar bem, ganhar algum dinheiro e principalmente um status de merda. A nova volta do skate estava rolando, só que com bases muito mais sólidas, marcas e estrutura feita pelos próprios skatistas, não por empresários de merda como no final dos anos 80. Nosso patrocinador a Dirty Money, tinha dois sócios, os skatistas Testa e Alê Viana. O vocalista do Garage Fuzz ficou amigo do Alê nessa época. A Dirty Money estava no auge, tanto que lançaríam um video de skate. Fomos naturalmente chamados pra ter uma música nossa na trilha sonora. Tínhamos uma única fita demo muito bem gravada em sistema digital, que gravamos no estúdio do R.H. Jackson. E não é que o vocalista do Garage Fuzz fez a cabeça do Alê Viana para tirar a nossa música alegando baixa qualidade de gravação?! Nem é preciso adivinhar quem entrou no nosso lugar. O mais irônico, foi o boicote do João Gordo em nós na coletânea de Hardcore de SP, ao ponto de chamar uma banda que já tinha acabado por falta de bandas do gênero. João Gordo fez isso porquê eramos amigos do vocalista do Garage Fuzz, o qual ele tinha sérias desavenças pessoais. Não para por aí. Um amigo do Carlos estava inaugurando um selo independente que só lançaría compactos e queria que o Tube Screamers fosse lançado junto com o Pin Ups. Nessa época, o tal do Grunge estava em baixa, todos nós estávamos atentos a redescoberta do Funk americano que era promovido por alguns jornais. Então uma banda de Surf music se juntou com conhecidos nossos, e se transformou em banda de Funk. Um dos vocalistas fez a cabeça do dono do selo, dizendo que o nosso som Hardcore já era, que não iria vender nada e que o Funk é que tava pegando no momento. Resultado é que essa banda de Funk entrou em nosso lugar e até o dono do selo entrou pra banda de Funk. Agora me pergunta se o selo prosperou...
E como não para por aí, a banda do primo do André, o Muzzarellas, fez das suas. O baixista da banda fez a cabeça do dono da Dirty Money pra não mais investir tanto em nós porquê supostamente não tinhamos público. Que o Muzzarellas era mais famoso, banda que até o momento, não dava a mínima pro skate. Então o Testa cortou nossa verba de ensaio que era o mais importante porquê não tinhamos muita grana. Como roupa e status não nos interessávamos, caímos fora, não bastasse a palhaçada do vídeo de skate.
Uma vez o Carlos teve que viajar e tínhamos show marcado e era muito importante. Então chamei um amigo pra fazer o baixo e eu na guitarra. Foi muito legal. Todo mundo veio elogiar e ironicamente pessoas que eram "amigas" do Carlos, disseram q estava melhor sem ele. Depois um dos integrantes do Pin Ups começou a trabalhar na RoadRunner do Brasil e disse que se tirássemos o baterista, assinaríamos um contrato. Só pra constar, por dar valor a amizade, perdemos oportunidades concretas da banda se dar bem. Ironicamente hoje em dia, os que defendemos não consideram minha amizade e a do André. Isso me refiro ao episódio Dirty Money. Tenho muitas testemunhas para comprovar tudo que escreví até aqui. Não quero honra ao mérito nem nada. Tanto que caí fora dessa tal "cena Hardcore" em 1995. Só quero registrar que não há muita coisa a se orgulhar nesse rolê todo, que há muita gente falsa que continua mentindo em favor de mérito pessoal. Muita gente que desprezava o Skate, o Hardcore e o Rap, que agora depende deles pra ser alguém hoje em dia. Se conseguiram transformar D. Pedro I em herói, é dois palito pro que tá rolando ai, rapper que não sabe rimar, skatista que não anda de skate, gente que se diz das ruas e não sabe pegar um busão direito, etc. Mas tá beleza, os impostores podem enganar os trôxas, mas quando chegam em casa e põem suas pesadas cabeças nos sujos travesseiros, sabem da verdade, de coisas que não há dinheiro que compre
Não pode dar pala pro baterista!
É... as coisas tavam indo muito bem e como o Marcelo não era amigo de infância ou de bairro, não sabiámos como ele reagiría a nossa conduta cavalo doido. Tinhamos medo dele sair da banda por achar a gente uns drogados de merda. E achar gente que tocasse esse tipo de som era quase impossível. Num dia após um ensaio, convidamos nosso baterista pra curtir com a gente na casa de um amigo, ao lado do estúdio, onde ficaríamos a noite toda escutando um som e... ingerindo drogas! Estávamos alterados de novo e estávamos preocupados com a reação do Marcelo. Nosso amigo de bairro Fran, gostava de cheirar cola e cantar em castelaño, se jogar no chão. Aí falamos pra ele se comportar e não dar pala pro baterista.Nós tentando controlar a euforia e o Fran aparece na frente do Marcelo, com um saco de cola na mão dizendo: "Eu só sei que não pode dar pala pro baterista!" Como a reação do Marcelo foi achar tudo muito engraçado, relaxamos e contínuamos juntos, mesmo com atitudes absurdas do Carlos e André(cabeças de bagre...), que cheiraram dentro do estúdio para rebater a ressaca da noitada anterior. Ainda bem que pecerbemos que esse negócio de drogas era perda de tempo, que não traria nada de bom para nós, como não traz coisas boas para ninguém. Isso tudo era um mero reflexo da nossa atitude de desprezar a hierarquização presente no underground, queríamos sempre desafiar as coisas, desde tocar covers inusitados até avacalhar apresentadores notórios de rádio, como na festa do Rock Report no teatro Mars, onde o André pesou na do Tatola(ex-Não Religião).
Sem querer agradar ninguém, chegamos bem além de nossas aspirações. É claro que isso gerou inveja de gente pobre de espírito, pois o que conseguímos, não era nada demais. Tanto que uma vez que tocamos em Curitiba, só tinha umas dez pessoas e tocamos felizes.
Facada nas costas
Bom, fatos são fatos, as testemunhas estão aí pra confirmar. Coisas boas estavam pra acontecer com a gente em termos profissionais, mas a mesquinharia estava à nossa volta e nem percebemos. Afinal o capitalismo estava apostando no underground e muita gente queria se dar bem, ganhar algum dinheiro e principalmente um status de merda. A nova volta do skate estava rolando, só que com bases muito mais sólidas, marcas e estrutura feita pelos próprios skatistas, não por empresários de merda como no final dos anos 80. Nosso patrocinador a Dirty Money, tinha dois sócios, os skatistas Testa e Alê Viana. O vocalista do Garage Fuzz ficou amigo do Alê nessa época. A Dirty Money estava no auge, tanto que lançaríam um video de skate. Fomos naturalmente chamados pra ter uma música nossa na trilha sonora. Tínhamos uma única fita demo muito bem gravada em sistema digital, que gravamos no estúdio do R.H. Jackson. E não é que o vocalista do Garage Fuzz fez a cabeça do Alê Viana para tirar a nossa música alegando baixa qualidade de gravação?! Nem é preciso adivinhar quem entrou no nosso lugar. O mais irônico, foi o boicote do João Gordo em nós na coletânea de Hardcore de SP, ao ponto de chamar uma banda que já tinha acabado por falta de bandas do gênero. João Gordo fez isso porquê eramos amigos do vocalista do Garage Fuzz, o qual ele tinha sérias desavenças pessoais. Não para por aí. Um amigo do Carlos estava inaugurando um selo independente que só lançaría compactos e queria que o Tube Screamers fosse lançado junto com o Pin Ups. Nessa época, o tal do Grunge estava em baixa, todos nós estávamos atentos a redescoberta do Funk americano que era promovido por alguns jornais. Então uma banda de Surf music se juntou com conhecidos nossos, e se transformou em banda de Funk. Um dos vocalistas fez a cabeça do dono do selo, dizendo que o nosso som Hardcore já era, que não iria vender nada e que o Funk é que tava pegando no momento. Resultado é que essa banda de Funk entrou em nosso lugar e até o dono do selo entrou pra banda de Funk. Agora me pergunta se o selo prosperou...
E como não para por aí, a banda do primo do André, o Muzzarellas, fez das suas. O baixista da banda fez a cabeça do dono da Dirty Money pra não mais investir tanto em nós porquê supostamente não tinhamos público. Que o Muzzarellas era mais famoso, banda que até o momento, não dava a mínima pro skate. Então o Testa cortou nossa verba de ensaio que era o mais importante porquê não tinhamos muita grana. Como roupa e status não nos interessávamos, caímos fora, não bastasse a palhaçada do vídeo de skate.
Uma vez o Carlos teve que viajar e tínhamos show marcado e era muito importante. Então chamei um amigo pra fazer o baixo e eu na guitarra. Foi muito legal. Todo mundo veio elogiar e ironicamente pessoas que eram "amigas" do Carlos, disseram q estava melhor sem ele. Depois um dos integrantes do Pin Ups começou a trabalhar na RoadRunner do Brasil e disse que se tirássemos o baterista, assinaríamos um contrato. Só pra constar, por dar valor a amizade, perdemos oportunidades concretas da banda se dar bem. Ironicamente hoje em dia, os que defendemos não consideram minha amizade e a do André. Isso me refiro ao episódio Dirty Money. Tenho muitas testemunhas para comprovar tudo que escreví até aqui. Não quero honra ao mérito nem nada. Tanto que caí fora dessa tal "cena Hardcore" em 1995. Só quero registrar que não há muita coisa a se orgulhar nesse rolê todo, que há muita gente falsa que continua mentindo em favor de mérito pessoal. Muita gente que desprezava o Skate, o Hardcore e o Rap, que agora depende deles pra ser alguém hoje em dia. Se conseguiram transformar D. Pedro I em herói, é dois palito pro que tá rolando ai, rapper que não sabe rimar, skatista que não anda de skate, gente que se diz das ruas e não sabe pegar um busão direito, etc. Mas tá beleza, os impostores podem enganar os trôxas, mas quando chegam em casa e põem suas pesadas cabeças nos sujos travesseiros, sabem da verdade, de coisas que não há dinheiro que compre
sábado, março 11, 2006
Dossiê Hardcore em SP nos anos 90 pt.2
Bom, logo depois fui à galeria falar com o Zé Antonio. Ele gostou do nosso show e chamou a gente pra abrir o próximo show do Pin Ups no Espaço Retrô, no próximo mês. Felicidade geral, pois tocar no Retrô abrindo pro Pin Ups, era como abrir pro Minor Threat no CBGB! Aí pensamos em chutar o pau da barraca, chega de Sonic Youth e Mudhoney, vamos tocar Hardcore! Ensaiamos covers "You are" do Bad Religion e "Under your Influence" do Dag Nasty, que eram coisas totalmente desconhecidas pra grande maioria das pessoas. Só os que tinham acesso as publicações estrangeiras e intercâmbio, é que conheciam estas bandas. Então se abriu um novo mundo para nós, conhecemos muitas bandas do cenário "Guitar bands", como o Burn(Koala do Hateen), Cold Turkey(Rafael do Planet Hemp), Garage Fuzz, Mickey Junkies, Killing Chainsaw entre outras. O engraçado é que o Pin Ups tinha a fama de ser uma banda arrogante, mas fomos meio que "apadrinhados" por eles e isso gerou uma inveja no meio. Logo o segundo show, já teve comentário no programa de rádio "Garagem" do Barcinsky e Forastieri, como a primeira banda que tocava som do Bad Religion. Naquela época, ninguém falava de HipHop e Hardcore. E as bandas de Hardcore, uma ou duas tinham relação com o skate. Nós eramos discriminados por isso, muita gente fala que era coisa de moleque, o pessoal que hoje em dia está ai se dizendo das antigas do HipHop e Hardcore, só queria saber do que tava em voga no momento, tanto no underground como no tal do mainstream. Mesmo os membros do Garage Fuzz, tendo conhecimento e terem participado de bandas de Hardcore, estavam no contexto das "Guitar bands". E fomos seguindo com a nossa banda, sempre preocupados em fazer um som que nos sentíssemos bem, falando de skate(todos da banda andavam de skate), da vida cotidiana, etc, pois estavamos cansados das letras da época da Guerra Fria das bandas veteranas. E sempre com o intuito de não estagnar. Não sei se já existiam outras bandas, mas o que posso afirmar é que a gente, graças ao Pin Ups, amigos e nosso empenho, ajudamos abrir espaço para o cenário Hardcore em outras áreas. No Violence, IML e tantas outras, conseguiram tocar em outros lugares, gravar em coletâneas e seus próprios compactos e cd's. A indústria musical estava de olho no underground novamente. Como sempre os oportunistas se infiltraram, como os selos Tinitus, Banguela, tentando faturar quando o Nirvana virou febre mundial. À parte do Grunge, que para nós se tinha tornado uma palhaçada, fomos abrindo caminho com o Hardcore e tocando toda semana no Der Tempel do Gigio, que ficava na rua Augusta, centro. Com o tempo apareceram novas bandas, como o Kangaroos in Tilt, Cuervos, Cold Beans, etc. Nesse período o André se mudou pra Campinas e entrou em contato com seu primo que toca no Muzzarellas. Começa um intercâmbio que resulta na amizade com o Testa, que era sócio da marca de roupas de skate "Dirty Money" que estava crescendo muito, com a nova geração do skate. Ele resolve nos patrocinar, dando roupas que não obrigava a gente fazer merchandising, e pagar nossos ensaios em estúdio de aluguel. Começamos a abrir shows do Muzzarellas, que era querida pelos rockeiros e punks de Campinas, pelo seu som influenciado pelo Ramones. Isso tudo culminou na nossa participação do histórico festival "Juntatribo" na Unicamp. Foram 3 dias de shows numa tenda de circo armada dentro do campus da universidade. Detalhe: os organizadores tinham desprezo pelo Hardcore e colocaram as bandas de Hardcore no primeiro dia, que teóricamente seria o mais fraco. Só que o tiro saiu pela culatra, o primeiro dia foi o mais cheio, mais animado e com o som ótimo, ainda revelando o Raimundos desconhecido até então. O segundo dia, das "Guitar bands", foi bem mais fraco, com vários problemas de som. Foi lá que entendí a fama de arrogância do Pin Ups. Todo mundo tocou do jeito que deu, menos eles, que deram o maior escândalo e não fizeram o show direito, desconsiderando o público que alí estava para vê-los, gente de longe, que tinha dormido na relva pro festival, pois a Unicamp é bem afastada do centro de Campinas. Fora isso, foi muito divertido, conhecemos muitas pessoas legais, gente de fanzines, outras bandas, etc. O Fábio Massari que tinha o programa Rock Report na 89 fm e Lado B na MTV, entrevistou a nossa banda, o Kid Vinyl, até um tiozinho mala que era uma espécie de Amaurí Jr. de Campinas. Estava sendo um ano incrível desde o nosso primeiro show, muita coisa legal rolando pra nós, que nunca imaginamos que iríamos tão longe pra quem pensou em fazer um som pra se divertir...
quinta-feira, março 09, 2006
Dossiê Hardcore em SP nos anos 90 pt.1
Bom, eu resolví relatar este período do jeito mais sincero e imparcial possível, pois fiz parte disso e percebí que tem muita gente construindo mitos, se aproveitando da falta de documentação jornalística séria. E outra, não me importo o que as pessoas vão achar, é um simplório blog que poucas pessoas vão ler. Não busco nenhum reconhecimento pessoal. Se na época que eu estava na ativa, tocando, não ligava pra essas bobagens, não vai ser agora que vou buscar uma coisa tão futil.
Tudo começou depois de 1987, quando eu tinha desencanado do Heavy Metal e tava andando de skate, escutando vários sons. Conhecí o Ronaldo, que trampava numa oficina de motos perto da minha casa. Ele tinha me visto com estojo de baixo-elétrico e perguntou se eu estaría afim de tocar com ele. Então conhecí o Marcelinho que cantava, o Marcos na bateria. Naquela época era muito difícil ter acesso a bandas mais atuais de Hardcore. Com eles eu aprendí a trocar correspondência no exterior e obter discos bem mais baratos e impossíveis de ter por aqui. Não tinha internet e cd, era tudo por carta. Tinham pouquíssimas bandas mais atuais, que fugiam do modelo europeu punk. Lógico que tinham as bandas à frente de seu tempo, como o Colera e Olho Seco, mas estas já não tinham tanta atividade depois do boom do punk no Brasil. As poucas bandas que heróicamente tocavam por aqui em casas direcionadas ao público Dark(antes do termo gótico), eram o Síndrome de Down, Hatred, mais sintonizadas com o HC americano. As outras bandas, mesmo que novas, ainda tinham laço com o HC europeu, divulgado pelo selo New Face em SP. Entrei na banda, mas nunca chegamos a tocar em público ou gravar uma fita k-7 de ensaio que fosse. Mas nossa atividade com o intercâmbio no exterior e aquisição de discos e publicações foi muito intenssa. Posso afirmar que o Marcos foi o pioneiro do Straight Edge no Brasil. Lembro quando ele recebeu o LP do Youth Of Today pelo correio, o "We´re not in this alone", e as primeiras bandas que compuseram o cenário Straight Edge. Marcos queria que nossa banda fosse assim e o Marcelinho não quis participar. Então nossa banda, o Energy Induction, nunca saiu de poucos ensaios em estúdio. No começo dos 90, tentei montar uma banda com meu amigo Francisco, que andava de skate comigo. Então coloquei um anúncio na galeria do rock, na loja do Quinha, a "Tok-Entre", uma das únicas lojas da galeria que tinha LP's usados importados de HC americano, como 7 Seconds, Suicidal, Minor Threat, etc. Mas queria gente que curtísse coisas como Mudhoney, Sonic Youth, Chili Peppers, etc. Detalhe, o Marcelinho foi um dos pioneiros do som de Seattle por aqui, comprou o "Bleach" do Nirvana, em 1990, por minha indicação. O André(que posteriormente se tornaria um grande amigo e parceiro de banda) também, pois tinha viajado pro exterior e comprado os primeiros cd's do Mudhoney. Então apenas duas pessoas responderam nosso anúncio. O Luís, que estava mais afins de tocar o chamado som "Guitar" e "Garage", tinha influências do Stooges, Television, e não HardCore e Skate Rock. Mais tarde ele tocaría no Slugmen. O outro que respondeu nosso anúncio foi o Marcelo Fusco, que estava mais sintonizado com a gente, andava de skate e tocava bateria na banda que tinha com seu irmão, o Torture Squad, de Thrash Metal. Mas essa banda nem teve tempo de ter nome, pois o Franciso começou a devorar a guitarra e quería tocar mais na linha do Led Zeppelin, Black Sabbath, Iron Maiden. Nas amizades de bairro, conhecí o André e ficamos amigos. Papo vai, papo vem, resolvemos transformar em uma banda só as que tínhamos pela metade. Incentivei o André a cantar mais e seu amigo Carlinhos, o Gaúcho, a tocar guitarra, pois ele tocava baixo e violão, mas não levava muito à sério. Assim montamos a banda, mas sem nome ainda. Lembrando do nome do disco do Mudhoney, "Superfuzz Bigmuff" que era o nome de pedais de efeito para guitarra, ví o pedal que meu irmão tinha em casa, um Ibanez "Tube Screamer" e achei legal. Falei com o pessoal e toparam adotar como nome da banda. Nascia o "Tube Screamers". Nos meu rolês pelas galerias do centro, na galeria do rap como é conhecida hoje, tinham as lojas Final Solution, London Calling e Bizarre que tinham LP´s e alguns poucos cd's de Punk e Hardcore, onde eu ia gravar fitas k-7 dos LP's, que eram muito caros. E a Final Solution do Gino e Beto, foi a pioneira nos sons de Seattle e coisas ligadas à cena de New York, como o Sonic Youth, Dinosaur Jr, etc. Depois de um tempo o Zé Antonio do Pin Ups começou a trabalhar na Final Solution. Eu gostava do Pin Ups, que só tocava em lugares como o Espaço Retrô do Roberto Cotrin, reduto de góticos pessoal do EBM, alguns punks, etc. E o Pin Ups fazia uma barulheira infernal, no estilo do Jesus & Mary Chain, My Bloody Valentine, mas tocavam sons do Stooges. O Pin Ups era mais na onda de Guitar bands, o pessoal da Inglaterra. Aí fiz amizade com o Zé, falei que tinha curtido os shows do Pin Ups, falei que tava começando o Tube Screamers, que curtíamos o novo som de Seattle, o Sonic Youth e tal. Aí ele achou legal uns moleques tarem fazendo uma parada assim. E paralelamente o Carlinhos Gaúcho, que era figura presente nas baladas do rock, conhecia muita gente, falou da nossa banda pra Alexandra, que era baixista do Pin Ups. Ela iria comemorar seu noivado com o João Gordo do Ratos de Porão no Der Tempel do Gigio, com um monte de bandas tocando. Aí ela quis que a gente tocasse, por ser amiga do Carlinhos. Mas a banda tava muito recente e não tinha dado tempo de fazer nem 3 músicas próprias. À um mês da nossa primeira apresentação, montamos às pressas, um repertório com vários "covers", como "Mote" do recém lançado "Goo" do Sonic Youth e "Hate the Police", do Dickies, na versão do Mudhoney. Mais de 10 bandas querendo tocar, muita briga pra quem iria tocar primeiro, pois o pessoal tava com receio de não ser visto e tal. Acabou que tocamos pra lá das 4 da madrugada, mas foi muito legal e emocionante, nosso primeiro show
Tudo começou depois de 1987, quando eu tinha desencanado do Heavy Metal e tava andando de skate, escutando vários sons. Conhecí o Ronaldo, que trampava numa oficina de motos perto da minha casa. Ele tinha me visto com estojo de baixo-elétrico e perguntou se eu estaría afim de tocar com ele. Então conhecí o Marcelinho que cantava, o Marcos na bateria. Naquela época era muito difícil ter acesso a bandas mais atuais de Hardcore. Com eles eu aprendí a trocar correspondência no exterior e obter discos bem mais baratos e impossíveis de ter por aqui. Não tinha internet e cd, era tudo por carta. Tinham pouquíssimas bandas mais atuais, que fugiam do modelo europeu punk. Lógico que tinham as bandas à frente de seu tempo, como o Colera e Olho Seco, mas estas já não tinham tanta atividade depois do boom do punk no Brasil. As poucas bandas que heróicamente tocavam por aqui em casas direcionadas ao público Dark(antes do termo gótico), eram o Síndrome de Down, Hatred, mais sintonizadas com o HC americano. As outras bandas, mesmo que novas, ainda tinham laço com o HC europeu, divulgado pelo selo New Face em SP. Entrei na banda, mas nunca chegamos a tocar em público ou gravar uma fita k-7 de ensaio que fosse. Mas nossa atividade com o intercâmbio no exterior e aquisição de discos e publicações foi muito intenssa. Posso afirmar que o Marcos foi o pioneiro do Straight Edge no Brasil. Lembro quando ele recebeu o LP do Youth Of Today pelo correio, o "We´re not in this alone", e as primeiras bandas que compuseram o cenário Straight Edge. Marcos queria que nossa banda fosse assim e o Marcelinho não quis participar. Então nossa banda, o Energy Induction, nunca saiu de poucos ensaios em estúdio. No começo dos 90, tentei montar uma banda com meu amigo Francisco, que andava de skate comigo. Então coloquei um anúncio na galeria do rock, na loja do Quinha, a "Tok-Entre", uma das únicas lojas da galeria que tinha LP's usados importados de HC americano, como 7 Seconds, Suicidal, Minor Threat, etc. Mas queria gente que curtísse coisas como Mudhoney, Sonic Youth, Chili Peppers, etc. Detalhe, o Marcelinho foi um dos pioneiros do som de Seattle por aqui, comprou o "Bleach" do Nirvana, em 1990, por minha indicação. O André(que posteriormente se tornaria um grande amigo e parceiro de banda) também, pois tinha viajado pro exterior e comprado os primeiros cd's do Mudhoney. Então apenas duas pessoas responderam nosso anúncio. O Luís, que estava mais afins de tocar o chamado som "Guitar" e "Garage", tinha influências do Stooges, Television, e não HardCore e Skate Rock. Mais tarde ele tocaría no Slugmen. O outro que respondeu nosso anúncio foi o Marcelo Fusco, que estava mais sintonizado com a gente, andava de skate e tocava bateria na banda que tinha com seu irmão, o Torture Squad, de Thrash Metal. Mas essa banda nem teve tempo de ter nome, pois o Franciso começou a devorar a guitarra e quería tocar mais na linha do Led Zeppelin, Black Sabbath, Iron Maiden. Nas amizades de bairro, conhecí o André e ficamos amigos. Papo vai, papo vem, resolvemos transformar em uma banda só as que tínhamos pela metade. Incentivei o André a cantar mais e seu amigo Carlinhos, o Gaúcho, a tocar guitarra, pois ele tocava baixo e violão, mas não levava muito à sério. Assim montamos a banda, mas sem nome ainda. Lembrando do nome do disco do Mudhoney, "Superfuzz Bigmuff" que era o nome de pedais de efeito para guitarra, ví o pedal que meu irmão tinha em casa, um Ibanez "Tube Screamer" e achei legal. Falei com o pessoal e toparam adotar como nome da banda. Nascia o "Tube Screamers". Nos meu rolês pelas galerias do centro, na galeria do rap como é conhecida hoje, tinham as lojas Final Solution, London Calling e Bizarre que tinham LP´s e alguns poucos cd's de Punk e Hardcore, onde eu ia gravar fitas k-7 dos LP's, que eram muito caros. E a Final Solution do Gino e Beto, foi a pioneira nos sons de Seattle e coisas ligadas à cena de New York, como o Sonic Youth, Dinosaur Jr, etc. Depois de um tempo o Zé Antonio do Pin Ups começou a trabalhar na Final Solution. Eu gostava do Pin Ups, que só tocava em lugares como o Espaço Retrô do Roberto Cotrin, reduto de góticos pessoal do EBM, alguns punks, etc. E o Pin Ups fazia uma barulheira infernal, no estilo do Jesus & Mary Chain, My Bloody Valentine, mas tocavam sons do Stooges. O Pin Ups era mais na onda de Guitar bands, o pessoal da Inglaterra. Aí fiz amizade com o Zé, falei que tinha curtido os shows do Pin Ups, falei que tava começando o Tube Screamers, que curtíamos o novo som de Seattle, o Sonic Youth e tal. Aí ele achou legal uns moleques tarem fazendo uma parada assim. E paralelamente o Carlinhos Gaúcho, que era figura presente nas baladas do rock, conhecia muita gente, falou da nossa banda pra Alexandra, que era baixista do Pin Ups. Ela iria comemorar seu noivado com o João Gordo do Ratos de Porão no Der Tempel do Gigio, com um monte de bandas tocando. Aí ela quis que a gente tocasse, por ser amiga do Carlinhos. Mas a banda tava muito recente e não tinha dado tempo de fazer nem 3 músicas próprias. À um mês da nossa primeira apresentação, montamos às pressas, um repertório com vários "covers", como "Mote" do recém lançado "Goo" do Sonic Youth e "Hate the Police", do Dickies, na versão do Mudhoney. Mais de 10 bandas querendo tocar, muita briga pra quem iria tocar primeiro, pois o pessoal tava com receio de não ser visto e tal. Acabou que tocamos pra lá das 4 da madrugada, mas foi muito legal e emocionante, nosso primeiro show
segunda-feira, março 06, 2006
Pensei que estava livre disso...
É só dar uma trégua que golpe baixo rola bunito. Coitada da nova geração que depende de um medíocre caderno de jornal mais podre ainda, pra ter alguma informação. Já começa com esse papo de banda de garagem(vai graxa ae?). Banda de Hardcore Emo... tá parecendo banda de Metrosexual Hardcore, pois o povo se preocupa em sair galã na foto, fazer poses e tudo mais.
A maioria das bandas paga caro para ensaiar em estúdios de aluguel, com ar condicionado, aguinha gelada, etc. E novamente, até aí beleza, mas não venham com esse papo de banda de garagem. Sobre a matéria, os que se intitulam independentes ou do Hardcore, não fazem mais que a obrigação em liberar os sons na Net. E outra, isso não foi criado pelos "indies". É uma antiga tática de marketing praticada por grandes corporações, dar a amostra grátis pras pessoas comprarem depois. Rapaziada, vamos assumir a fita toda de uma vez! Chega desse discursinho barato de pseudo comunista universitário alimentado com leite tipo A.
Bom, agora sobre o desespero da Universal em ganhar uma grana da molecada. Sempre fui à favor dos catálogos das gravadoras sempre estarem disponíveis, até mesmo de títulos de qualidade duvidosa. Esse papinho de "pré-não sei o quê", "proto-escambau"... Faça-me o favor né? Os ditos jornalistas deveriam pesquisar mais antes de sair falando qualquer coisa. O Kiss não definiria nada do que viria a ser o Heavy Metal, tanto que tá cheio de registros de bandas dos anos 60 que teríam algo em relação, musicalmente. Visual então nem se fala, mais bandas ainda. Só pra registrar, o Secos & Molhados tinham essa fita da maquiagem antes do Kiss. Quando os Beatles acabaram, a EMI queria por alguém no lugar e descobriu o Secos. Só que a banda não aceitou cantar em inglês e se moldar aos padrões ao gosto da gravadora. Logo depois surge uma banda de mascarados chamada Kiss... The Cure, na boa, tem muitas e muitas músicas muito boas mesmo! Mas não tem nada que "ter" sua discografia completa lançada no Brasil. Se fosse do Jards Macalé, Itamar Assumpção, por exemplo, aí sim. O Cure é querido, mas por um público restrito e selecionado. Amigos, parem de colocar o Sonic Youth nessa farsa de marketing que foi o Grunge! Primeiro que a turma do Sonic vêm de outra fita, de música experimental de vanguarda, etc e etc. Segundo, que quando saiu o "Goo", já tava consolidado o tal do Grunge, pelo eficiente marketing do selo Sub Pop. O disco do Nirvana, "Bleach", saiu em 90 e chamou a atenção da Geffen, mas não estourou e sim, com o "Nevermind". Soundgarden, "Badmotorfinger". Que papo é esse de Chris Cornell com "voz negróide"?! É um disco de hardrock bem produzido, ou heavy metal. Uma coisa tá certa, tem lá seus épicos, como no metal. O lado mais visceral do grunge? Olha, tem até o cd nacional do Mudhoney pra por em questão essa afirmação. Ou os discos do Melvins, que influenciram muito o Nirvana. E aí amigos, vocês ganharam algum agrado da Universal pra escreverem as resenhas?
A maioria das bandas paga caro para ensaiar em estúdios de aluguel, com ar condicionado, aguinha gelada, etc. E novamente, até aí beleza, mas não venham com esse papo de banda de garagem. Sobre a matéria, os que se intitulam independentes ou do Hardcore, não fazem mais que a obrigação em liberar os sons na Net. E outra, isso não foi criado pelos "indies". É uma antiga tática de marketing praticada por grandes corporações, dar a amostra grátis pras pessoas comprarem depois. Rapaziada, vamos assumir a fita toda de uma vez! Chega desse discursinho barato de pseudo comunista universitário alimentado com leite tipo A.
Bom, agora sobre o desespero da Universal em ganhar uma grana da molecada. Sempre fui à favor dos catálogos das gravadoras sempre estarem disponíveis, até mesmo de títulos de qualidade duvidosa. Esse papinho de "pré-não sei o quê", "proto-escambau"... Faça-me o favor né? Os ditos jornalistas deveriam pesquisar mais antes de sair falando qualquer coisa. O Kiss não definiria nada do que viria a ser o Heavy Metal, tanto que tá cheio de registros de bandas dos anos 60 que teríam algo em relação, musicalmente. Visual então nem se fala, mais bandas ainda. Só pra registrar, o Secos & Molhados tinham essa fita da maquiagem antes do Kiss. Quando os Beatles acabaram, a EMI queria por alguém no lugar e descobriu o Secos. Só que a banda não aceitou cantar em inglês e se moldar aos padrões ao gosto da gravadora. Logo depois surge uma banda de mascarados chamada Kiss... The Cure, na boa, tem muitas e muitas músicas muito boas mesmo! Mas não tem nada que "ter" sua discografia completa lançada no Brasil. Se fosse do Jards Macalé, Itamar Assumpção, por exemplo, aí sim. O Cure é querido, mas por um público restrito e selecionado. Amigos, parem de colocar o Sonic Youth nessa farsa de marketing que foi o Grunge! Primeiro que a turma do Sonic vêm de outra fita, de música experimental de vanguarda, etc e etc. Segundo, que quando saiu o "Goo", já tava consolidado o tal do Grunge, pelo eficiente marketing do selo Sub Pop. O disco do Nirvana, "Bleach", saiu em 90 e chamou a atenção da Geffen, mas não estourou e sim, com o "Nevermind". Soundgarden, "Badmotorfinger". Que papo é esse de Chris Cornell com "voz negróide"?! É um disco de hardrock bem produzido, ou heavy metal. Uma coisa tá certa, tem lá seus épicos, como no metal. O lado mais visceral do grunge? Olha, tem até o cd nacional do Mudhoney pra por em questão essa afirmação. Ou os discos do Melvins, que influenciram muito o Nirvana. E aí amigos, vocês ganharam algum agrado da Universal pra escreverem as resenhas?
domingo, março 05, 2006
É só jogar terra em cima que já morreu...
Pelo visto, teremos que esperar a nova geração de tudo que se relaciona a arte, pois a dos anos 90 já está comprometida mesmo. A estética comanda o jogo, não importam os meios para os fins. Mas é claro, seguindo o histórico, muita coisa boa continua rolando sem quase ninguém ficar sabendo. Se o dito foco de resistência chamado Hardcore abriu as pernas geral pro consumismo estético, o que fazer? Até a Rock Brigade, que resistiu heróicamente desde seus primórdios como fanzine em fotocópia, anúncia pré-fabricados da indústria fonográfica. A maioria dos releases de discos, são coisas que quase ninguém compra, produtos que as gravadoras mandam pras revistas e geralmente, rola um favorecimento por conta de anúncios. Fazer o quê, né? Ainda bem que tem a Net pra contra-balancear a parcialidade da imprensa musical no Brasil. Mas quem sofre, é quem não tem tempo e dinheiro pra usar a Net.
Espero não ter mais que escrever posts sobre aberrações escritas pelos pseudo-jornalistas que estão no comando desse bonde sinistro. Como não vai rolar o "micro-ondax" prus X-9, por conta da liberdade de expressão, joga terra em cima e segue em frente...
Espero não ter mais que escrever posts sobre aberrações escritas pelos pseudo-jornalistas que estão no comando desse bonde sinistro. Como não vai rolar o "micro-ondax" prus X-9, por conta da liberdade de expressão, joga terra em cima e segue em frente...
terça-feira, fevereiro 21, 2006
Pós-Graffiti, Pós-Rock, Post Mortem
Mais termos importados sem questionamento. Parece aquela fita da pessoa que cria seu próprio apelido para parecer popular. Post Rock, que é isso? Pelo que ouví de bandas que as revistas e releases de gravadoras denominam, não tem nada de novo. É claro que aqui no Brasil, especificamente em SP, isso fica mais ridículo. O pessoal abraça uma sonoridade que falavam mal antes, como o malhado rock progressivo, fusion, ambient. Nem dá pra falar de rock de vanguarda, simplesmente pelo significado do termo militar. Tá mais pra retaguarda, pois o pessoal esperou alguém ir na frente, ver se dá certo e depois fazer igual. Experimental? Só se for pra eles mesmo, pois fazem tudo o que já foi experimentado. Influência do jazz, mas isso nem aparece no trabalho de quem fala. Virou uma moda geral dizer isso, para parecer "sofistiqué".
O chamado Pós-Graffiti não é diferente, sofre do mesmo mal do HipHop. A classe média que não dava a minima tomou posse, importa termos e constrói seus mitos. Tem coisa mais paradoxal que "grafiteiro" que só expõe em galeria? Na boa, estamos mesmo na era Big Brother, onde todos querem a fama a qualquer custo, mesmo que não tenham nada a oferecer de qualidade. Os mais perigosos são os que usam o termo underground para disfarçarem suas ansiedades e se fingirem de humildes.
O chamado Pós-Graffiti não é diferente, sofre do mesmo mal do HipHop. A classe média que não dava a minima tomou posse, importa termos e constrói seus mitos. Tem coisa mais paradoxal que "grafiteiro" que só expõe em galeria? Na boa, estamos mesmo na era Big Brother, onde todos querem a fama a qualquer custo, mesmo que não tenham nada a oferecer de qualidade. Os mais perigosos são os que usam o termo underground para disfarçarem suas ansiedades e se fingirem de humildes.
sábado, fevereiro 18, 2006
Einstürzende Neubauten
Bom, mais um post sobre fato ocorrido à anos atrás. O Neubauten sempre teve um número restrito de admiradores no Brasil. Sempre foi visto injustamente como som de "gótico"?! no sentido pejorativo, ou EBM?! Talvez por Blixa Bargeld tocar no Bad Seeds de Nick Cave? Ichi, doido, pior ainda, que associação simplória! Fora que o único disco deles que saiu por aqui, o Haus Der Lüge, o famoso disco do cavalo vermelho, não retrata o que o Neubauten é de fato. Dentro dos feudos do dito underground paulista, as castas sempre trataram o Neubauten como coisa inferior. Gente que nuca teve a curiosidade de saber o que era o rock industrial, nunca teve curiosidade de ouvir os discos Kollaps, Halber Mensch, ou saber do texto de Blixa sobre o nome-conceito da banda, que significa Edifícios Novos em Colápso. Pra quem se julga pesquisador musical, antenado com as vanguardas, não deveria agir com tanta pedância.
Agora o motivo do post: O país estava passando por uma escassês de shows internacionais, e os membros da "nata descolada" estava desesperada por um evento pra serem vistos e ter algum assunto em suas vidas vazias. O que aconteceu? Os burgueses tiveram que mover seus rabos até o Sesc Belenzinho para "apreciar" o Neubauten. Aí surgem os famosos "que curtem de milianos". Gente que achava o Check Your Head do Beastie Boys a salvação da música, tava lá fingindo que tava curtindo, pois a maioria ficou de costas pro show ou batendo papo sobre outras bandas. Mesmo o assunto sendo sobre um show que ocorreu anos atrás, a essência da palhaçada é a mesma que ocorre com o Rap, Grime, Samba, Funk Carioca hoje em dia. O país negociando a TV digital e ainda existe a côrte medieval comendo com a mão, pegando sífilis e peste bubônica...
Agora o motivo do post: O país estava passando por uma escassês de shows internacionais, e os membros da "nata descolada" estava desesperada por um evento pra serem vistos e ter algum assunto em suas vidas vazias. O que aconteceu? Os burgueses tiveram que mover seus rabos até o Sesc Belenzinho para "apreciar" o Neubauten. Aí surgem os famosos "que curtem de milianos". Gente que achava o Check Your Head do Beastie Boys a salvação da música, tava lá fingindo que tava curtindo, pois a maioria ficou de costas pro show ou batendo papo sobre outras bandas. Mesmo o assunto sendo sobre um show que ocorreu anos atrás, a essência da palhaçada é a mesma que ocorre com o Rap, Grime, Samba, Funk Carioca hoje em dia. O país negociando a TV digital e ainda existe a côrte medieval comendo com a mão, pegando sífilis e peste bubônica...
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
Donos da Música e chapéu alheio
Bem, no meu primeiro post, deixei claro minha intenção e etc. Participei de comunidades sobre música no Orkut e percebí que tem muita gente que se acha dona da verdade ou dona da arte. Olha, este humilde blog está aqui para tentar informar da melhor maneira sobre a música, expor opiniões menos teóricas e mais práticas, questionar o conteúdo jornalistico musical atual. Sou muito a favor da liberdade de expressão, por isso, não perco meu tempo falando mau de coisas que não me despertam interesse, simplesmente por gosto. É muito fácil e covarde falar mau de tudo. Acho pra lá de saudável existir a banda Calypso, Calcinha Preta, Serginho e Lacraia, RBD, Pitty, CPM 22. Esse pessoal é bem mais a pampa, pois não são como a "elite cultural" de merda, que fica se incomodando com as legítimas manifestações populares. O programa de forró da Band não perde tempo em dizer que Faust, Sonic Youth, Boulez, são coisas chatas de gente esquisita. Quem estiver interessado em defender suas teorias, que escreva seu próprio blog, como eu fiz. Percebí quem tem uma pessoa que insiste em defender o tal do "Rap Underground". Amigo, na boa, faça um blog sobre isso, aí você pode expor melhor suas teorias, encontrar mais gente sintonizada com isso, que retifique suas idéias. Agora uma coisa que detesto falar, mas farei para deixar claro as coisas. Eu entrei no HipHop como todo mundo. Foi uma explosão nacional, desde clip do Break Machine no Fantástico, até a vinheta de abertura da novela Partido Alto. Participei de campeonato de Breakdance na escola em 1983. Trabalhei de DJ em festas particulares em 1988. Fiz meu primeiro graffiti no estilo HipHop em 1987. Tive a honra de aprender muita coisa sobre HipHop com o MC Blow(Jú Negão) do pioneiro Stylo Selvagem. Participei da primeira vez que o Pavilhão 9 tocou com banda, pois neste dia a produção falhou e o DJ ficou sem as pickups, então pediram para eu fazer o baixo e o Marquinhos(Butcher's Orchestra) a bateria, em 1993. Muita gente falava mau ou nem dava importância pro Rap e olha que já tava rolando o De La Soul, Tribe Called Quest, Boogie Down, etc. Saí dessa parada porquê alguns indivíduos começaram a chamar o baguio de "meu". Como no Heavy Metal e Punk. No Jazz? Pior ainda, pois tem gente que se acha "elevada" por gostar de Jazz e decorar nomes. Tô cansado de gente querendo mostrar erudição e não fazer nada de útil com isso. Todo mundo é igual, seres humanos, com suas limitações. No dia em que estes connosieurs, críticos, jornalistas, artistas, etc fizerem um Kame-Rame-Ra(golpe de energia do mestre Kame do mangá Dragonball) na minha frente, aí eu baixo a cabeça...
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